Vinte e Dois

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Ino

Era uma merda, com toda a certeza do mundo, uma grande e complexa merda. — Não havia nada em sua vida que detestasse mais do que a mentira e pior, mentir para si mesma. Amava Sai com todo o seu coração e com tudo o que tinha, mas jamais se sentiu tão acolhida nos braços do que um dia foi o Sensei de seu marido.

Talvez a loucura daquela missão estivesse mexendo demais com sua cabeça, mas sabia dentro de si que era verdade. Sai não tinha familiaridade com os próprios sentimentos, mesmo depois de todos esses anos e dos estudos que ele havia feito por conta própria  — que na realidade não ajudavam em porra nenhuma.— Bufou inconformada.

Voltou para casa com a pior sensação do mundo, dividida em uma confusão imensa, Ino já não sabia o que fazer. Sua cabeça não lhe dava o necessário para que conseguisse descobrir qualquer coisa que pudesse acabar com esse "tal" sentimento por Yamato, e também não deixava com que invadisse sua própria cabeça — que também não ajudava em sua raiva natural.

Yamato não tentou tocar em seu corpo indecentemente, apenas deixou que desmoronasse em silêncio. Foi muito mais do que ter tido sexo por pura e completa loucura como havia sido na volta para casa, talvez não fosse a melhor escolha, o colo que ele emprestou a ela fez muito mais do que deveria. E como ninguém havia conseguido fazer em toda a sua vida, ele a acalmou.

Parecia uma criança e não conseguia admitir para si mesma a grande merda que tudo aquilo se transformaria, queria poder contar a Sakura. Mas como? Aquele grande testa de marquise estava sempre preocupada demais com Sasuke. — Há tempos não paravam e conversavam como antigamente.

Se sentia presa em uma grande bolha onde haviam apenas duas saídas: sua vida normal e confortável com Sai, ou o novo e intenso caminho com Yamato.

Você está completamente fodida, Ino. — Exalou enquanto entrava na rua de sua floricultura, uma hora ou outra teria que enfrentar seu marido e acabar contando a ele tudo o que estava acontecendo, mas não estava nem um pouco preparada para isso. Queria voltar para o colo de Yamato, onde não sentiu medo, nem receios, sequer a culpa assolou sua mente como estava fazendo agora.

Como imaginava, ele estava em casa. Ino abriu a porta menor da floricultura e entrou no local, não estava pronta para aquilo e tudo o que queria fazer era fugir, do mesmo jeito que Hinata havia feito a dez anos e sem olhar para trás. A porta da sala estava entreaberta e como no dia do seu casamento o coração quase saia da boca, mas por mais que sentisse medo, não era por seu próprio coração e sim pelos sentimentos recém adquiridos pelo homem com quem casou. Sai não era uma pessoa ruim e a havia feito feliz por todo esse tempo, por mais que tenha sido complicado — diga-se de passagem.

— Ino, é você?

Do fundo de seu coração queria que não fosse, havia acabado de sair do colo de um outro alguém e mesmo que não tivesse sido sua escolha passar por todo esse furacão de emoções, estava presa a esse vórtice, Sai precisava saber.

— Sai...

Sua porta rangia malditamente alto e já havia pedido para que ele desse uma olhada naquilo, Ino fungou enquanto deixava seu corpo pesado e magoado entrar dentro da casa que já não sentia ser sua. Se proibia de chorar desde que superou a paixonite ridícula por Sasuke, mas ali, precisava descarregar tudo antes de contar a ele.

— Ino, onde você esteve? Eu cancelei minha missão dessa manhã para ir atrás de você, por favor, me conte o que houve.

Parecia ser tão fácil do jeito que ele falava, tão fácil contar as merdas que estavam rondando sua cabeça e como esse erro que não começou por sua culpa poderia acabar com os dez anos que passou ao lado dele. Ino segurou as lágrimas até onde conseguiu, seu peito doía por saber que nada poderia apagar aquilo que ela sentiu no meio da floresta e em como aquilo machucaria Sai de alguma forma.

Shinkirō - KakaHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora