Dezessete

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Nada justificava a sua revolta em ter a melhor ninja médica tocando em Hinata, sentiu um ódio extremo e seu corpo se moveu sozinho para tirar suas mãos dela. Parecia realmente que algo passou a existir dentro de seu interior, uma fera louca e completamente possessiva, um monstro que vivia para fazê-lo perder o controle.

Sempre teve tudo no lugar e jamais precisou ser repreendido dessa forma, mas não estava bem. Tudo parecia que se resumia a estar com a mulher que estava completamente machucada na maca do hospital, Hinata tinha marcas de mordidas desde atrás de sua orelha até a ponta de seu ombro, em ambos os lados. Uma linha fina de corte que descia da curva do pescoço até a clavícula esquerda sem contar a mordida em seu seio direito.

Marcas de vergões tomavam sua barriga em várias direções e uma linha fina passava como corte desde detrás de suas costas, era até onde conseguiu ver realmente, sabia que haviam muito mais mas naquele momento, só conseguia lembrar dessas.

Depois de quase atacar a Hokage, ela o arrastou para o fim do corredor do hospital de Konoha. Desceu as escadas e atravessou um outro corredor subterrâneo.

Kakashi sabia que havia celas dentro do hospital, foi um líder Anbu, mas jamais chegou a imaginar que um dia seria jogado em uma delas. Tsunade estava em sua razão, não contestou sua atitude. Kakashi entrou sozinho para o fundo da sala e se encostou na parede fria e escura de concreto, ela se sentou na mesa e o encarou esperando que começasse a falar.

Conhecia partes das atitudes da Hokage, trabalhou sobre o seu comando o suficiente para que entendesse algumas de suas manias. Tsunade cruzou os braços abaixo dos seios e continuou encarando com seu olhar mortal. Antes que pudesse começar a falar, a porta se abriu novamente e sem dizer nada, Tsunade deixou que Yamato entrasse na sala também.

Era um silêncio estrondoso, conseguia ouvir seu coração batendo forte em seus ouvidos. E pela primeira vez sentiu medo, um medo doido de ser obrigado a se afastar de Hinata, e não poder chegar perto do seu perfume doce. Kakashi fechou os punhos e respirou fundo.

— Temos passado esses dias por um tipo de ilusão compartilhada, não consigo lembrar de como começam e nem de todo o decorrer do processo. Mas, lembro das sensações e dos cheiros do lugar. — Kakashi tomou mais um pouco de fôlego enquanto a mulher a sua frente acenou para que continuasse. — Achávamos que não eram reais no começo, já que não tínhamos nenhuma marca ou qualquer coisa do tipo. Mas tudo começou a se aprofundar e tomar proporções que não conseguimos controlar.

Yamato se acomodou na parede ao lado e com a cabeça baixa, respirou fundo fazendo com que o barulho saísse alto dentro da sala fechada.

— Godaime-Sama, não é algo fácil de explicar, mas de certa forma eu acabei vivendo algo parecido. — Ele bufou inconformado e encarou os olhos castanhos. — Parece ser um sonho, e tudo o que você gostaria de fazer enquanto está nele é usar e abusar de formas terríveis de quem está completamente preso e a mercê em sua frente. É inacreditável.

Tsunade liberou as sobrancelhas que permaneciam unidas desde que entraram na sala, passou os olhos de um para o outro e deixou que o ar saísse pesadamente de seus pulmões.

— E por que estou sabendo disso somente agora, Kakashi? Sabe muito bem que está parecido com um genjutsu, não se lembram de mais nada?

— Dois homens, um cheiro forte de sangue, seringas e por mais que seja difícil admitir, também nos deixa com um desejo terrível.

— Como me explica sua atitude, Kakashi? Quase o lancei pela janela do quarto!

Kakashi respirou fundo e puxou a bandana de sua testa.

— É como se algo dentro de mim enlouquecesse quando vejo alguém tocando nela, tenho a necessidade de tirar quem quer que seja de perto e... — Kakashi engoliu o nó em sua garganta, talvez dizer aquilo tiraria o direito de estar perto de Hinata. Mas se fosse para o bem dela. — Mostrar ao corpo dela que pertence somente a mim, não sei o que está acontecendo, mas estar longe dela como agora, me deixa à beira da loucura.

Shinkirō - KakaHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora