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Não sei quanto tempo passei, tentando maneiras de reverter o meu erro. Andei por muitos lugares, mas o planeta todo estava desnivelado. Não havia mais ninguém. Mesmo assim, persisti na tentativa e fiz o que pude. O resultado foi um zero total. Paris já era e todos que estavam nela foram junto. Fui eu quem matei. Eu sou um assassino... E, agora, estou sozinho no mundo.

Se eu pudesse pegar o miraculous da Ladybug e, com o meu, usar o poder absoluto, eu poderia consertar tudo. Desejaria voltar no tempo e fazer diferente. Talvez, pudesse trazer a minha mãe de volta também. Todos seríamos mais felizes. Eu calcularia tudo certo e não me importo em sacrificar outras vidas para trazer aqueles que me importam de verdade. Seria a única maneira de preencher esse vazio dentro de mim. Eu não conseguirei viver sem ela.

Resolvi voltar para Paris para me despedir de tudo aquilo que eu arruinei. Sentei no telhado de um prédio e olhei para baixo. Eu perdi... Perdi tudo! Todos! Fechei os olhos, pensando nos detalhes do rosto de Marinette, do rosto da minha mãe... Não havia mais esperança... Esse é o meu destino final.

Lembrei de quando ela cantava músicas para eu dormir, principalmente quando eu tinha pesadelos ou quando estava com medo ou triste. Era assim que ela me acalmava ou me alegrava. Eu ainda lembro da melodia.

— Un petit chat sur un toit... se languissent sans sa lady...

Não sei se comecei a ouvir coisas, pois escutei a voz dela me chamando. Quer dizer, chamando meu eu que não existe mais. Olhei para trás e lá estava ela. Viva e salva. Seria uma alucinação?

— M'lady? — Levantei e comecei a caminhar na direção dela. — Eu achei que tinha te perdido. Ah... Eu tava tão triste por ter perdido você...

Ela começou a recuar e me perguntou o que aconteceu comigo. Parei perplexo. 

Então, ela não sabe? De onde ela veio?

— Vamos resolver tudo — falou, despertando meu interesse.

— É claro que vamos resolver tudo, agora que você voltou e agora que vai me entregar o seu miraculous!

Segurei suas orelhas, ambicioso em conseguir as joias. Preciso delas. Preciso consertar isso tudo o quanto antes. Ela chutou meu peito, afastando-me dela.

Percebendo minha atitude rude, levantei e me desculpei por ter agido daquele jeito. Pedi, com educação, que ela me entregasse seus brincos.

— O Chat Blanc está... com alguns problemas... — Olhei a cidade.

— Você foi akumatizado, Chat Noir... Não precisa do meu miraculous, precisa que eu aniquile o mal em você.

O que eu estou fazendo? Ela está aqui comigo! Ela está do meu lado! Por que eu quero tanto tomar as joias dela? Por que estou com essa sede insaciável?

— Me salva... — meu eu interior implorou, desabafando em lágrimas.

Marinette secou meu rosto. Inspirei sentindo seu toque. 

Por favor, não volte! Por favor, me deixe em paz! 

As vozes na minha cabeça não param. 

Eu preciso resistir!

— Tadinho do gatinho. Me diz... Você lembra aonde o akuma está?

Eu não a ouvia direito. Não dava. Não com a bagunça dos meus pensamentos. Não com tantos gritos de tantas pessoas morrendo. Não com toda culpa e raiva e dor. Não controlei.

— Tá no meu coração, mas ele já está partido — falei, segurando sua mão contra meu peito.

Eu não sou mais o Chat Noir. Ele se foi, junto com todas as outras pessoas. Ele morreu com Paris, com seu pai, com a Ladybug. Eu não quero ser ele. Ele me fez destruir tudo. Ele foi o empecilho.

Ataquei a heroína, sem o mínimo de piedade. Se ela não quer me entregar os miraculous, então eu vou os pegar. Eu preciso deles para trazer a minha verdadeira Lady, e não essa impostora. Ela não entende isso.

[Nota da autora: Não vou narrar a luta, pois tudo está no episódio.]

No fim, ainda restava algo de mim. Eu sempre estive lá. Não deixei de amá-la um momento sequer, mesmo com todo filtro maligno me sugando para a escuridão. Foi o meu amor por ela que solucionou tudo. 

Ela quebrou o guizo do meu uniforme, liberando a borboleta negra. Perdi a consciência e, ao abrir os olhos, me senti desorientado. Olhei em volta e vi a cidade destruída. Uma borboleta branca voando em minha direção. Segurei-a com as minhas duas mãos e, por algum motivo, me senti aliviado.

— Isso! Você conseguiu, minibug! — disse Bunnix, aparecendo em um portal.

— Marinette, o que aconteceu? — perguntei, confuso. Ela suspirou. — Qual o problema?

— Você ainda tá me chamando de Marinette... Você não pode saber quem eu sou. Significa que, se eu usar o meu miraculous ladybug para resolver tudo agora-

— Você não vai esquecer quem ela é... — continuou Bunnix.

Suspirei, triste. Ladybug analisou o ambiente e, então, correu até mim. Fui pego de surpresa com o abraço repentino oferecido por ela.

— Eu vou resolver tudo, Chat Noir! Eu prometo! 

Ela correu para o portal. Sorri, extasiado.

— Eu sei — falei, ciente de que ela resolveria tudo. Ela sempre resolve.

[...]

Recebi uma mensagem de Ladybug, pedindo-me para encontrá-la no topo do prédio do estúdio de TV. Fui até lá e a esperei. Comecei a cantarolar uma música que minha mãe cantava para mim, quando eu era criança. Nunca esqueci.

— Un petit chat sur un toit... se languissent sans sa lady...

Ela apareceu do meu lado, chamando minha atenção.

— Oi, bugaboo! Por que que você me ligou, de repente? — perguntei, curioso.

— Eu consegui — falou, deitando sua cabeça no meu ombro.

Fiquei confuso, pois não fazia ideia do que se tratava.

— Olha, eu não sei do que você tá falando... Mas, por mim, tá tudo ótimo. — Sorri. 

Ela não costuma ser carinhosa comigo, mas, seja lá do que ela esteja falando, eu fico muito feliz que tenha dado certo.

Olhei para a frente e observei a bela vista da cidade, banhada por um aconchegante pôr do sol.

— Promete pra mim que nunca vai ser akumatizado? — falou, ainda de olho fechados. Fitei-a, curioso.

— Por que quer que eu-

— Promete? — Ela me olhou, com os olhos pedintes.

— Prometo! Isso nunca vai acontecer. Agora, você vai me dizer o porquê disso subitamente?

— Não preciso... Só queria que me prometesse.

Fim.

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