𝟎 𝟒 𝟕

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Christopher estava pagando uma moça para vir toda semana aqui no morro e conversar comigo. No início pensei que seria uma grande perda de tempo, mas agora mudei de ideia, acho que conversar com outra pessoa sobre os meus problemas estava realmente me ajudando, de um jeito estranho e que eu não conseguia explicar.

Mas, apenas na segunda vez que ela veio, eu me senti à vontade para lhe contar mais a respeito da minha vida e sobre o que aconteceu comigo há algumas semanas. Maria me ouviu em silêncio e em nenhum momento me interrompeu para questionar a minha verdade, ela parecia entender o que eu estava sentindo e de certo modo me respeitava.

— Você sofreu abusos por parte do seu pai desde cedo. — Ela me disse uma vez e eu não pestanejei em concordar. Meu pai me vendeu para um cara mais velho e asqueroso quando eu ainda era jovem demais para tomar minhas próprias decisões, sofri muito na mão de Escobar, fui obrigada a fazer sexo quando eu não queria e apanhava toda vez que dava minha negativa para uma coisa.

Maria também me contou que o ser humano costumava descontar suas frustrações emocionais em alguma coisa, e que no meu caso era evidente que foi no sexo. Como eu cresci sem uma boa figura masculina na minha vida, eu procurava nos homens outro tipo de satisfação.

Eu ainda não tive coragem de contar a ela o que eu fiz com o meu pai, só adiantei que agora ele estava morto e que não me incomodava mais

— Dulce, tá viajando na batatinha, minha filha? — Anahí bufou e me chacoalhou pelos ombros. Pisquei algumas vezes e encarei os seus olhos azuis.

— Foi mal, estava pensando em algumas coisas. Mas fala aí o que você quer? — Revirei os olhos. Conhecia bem aquela cara de cachorro caído da mudança, com certeza estava querendo algo de mim.

— Como sabe que eu quero alguma coisa? — Ela estreitou os olhos e me olhou desconfiada. Mal sabia Anahí que eu não nasci ontem, eu nasci hoje.

— Solta logo o verbo, mona. Eu te conheço como a palma da minha mão, tu não me engana. — Bufei, e cruzei as pernas em cima da cama. Anahí riu pelo nariz e me abraçou.

— Vai rolar uma resenha mais tarde no bar do seu Dinho. Vamos? Tô com saudades de farrear contigo, minha puta.

— Era isso? — Ela concordou com total esperança em seu rosto. — Não, eu não vou.

— O quê? — Rebateu. — É aniversário do Christian, por favor, amiga. Até o seu boy vai comparecer.

— Sou nem chegada do Christian, pô.

— A Bianca vai, e não vou ficar de olho no seu macho, ouviu? Se ela cair matando em cima dele é problema seu. — Anahí deu de ombros e se levantou.

Cerrei os punhos e fiquei incrédula com o seu jogo sujo. Minha vice sabia que o meu ponto fraco era o ciúme que eu sentia quando via as negas do morro em cima do Christopher, e estava usando contra mim.

Amiga da onça!

— Qual foi Anahí, tá tonteando sua própria amiga?

— Amigo de cu é rola. — Ela revirou os olhos e colocou as mãos na cintura. — Exijo minha parceira de volta!

— Se eu for contigo, tu me promete não encher o saco por alguns meses? — Fiz uma cara de derrota enquanto ela sorria e pulava em cima de mim. — Agora dá o fora, vou me arrumar.

Anahí encheu o meu saco por mais uns minutos e depois saiu para se arrumar também. Era final da tarde, o sol já estava se pondo e dando lugar a escuridão da noite. Como estava um calor terrível, nada de novidade, separei um conjuntinho bem babadeiro e fui tomar o meu banho.

Atração Perigosa [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora