𝟎 𝟑 𝟒

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— E aí, meu parceiro. — Coréia estendeu o braço para fazer toquinho assim que eu apareci na boca. Bati nossos punhos, enquanto esfregava minhas pálpebras com força. Dormi mal pra caramba na noite anterior, mais pesadelos envolvendo a morte de Sofia. — Tudo sussa? Tá aí com mó cara de derrotado, pô. — Riu.

— Tranquilo e você? — Larguei minha arma no canto e puxei o caderninho da boca, onde tinha os nomes das pessoas que estavam devendo a boca há tempo suficiente para receber um último ultimato. Hoje era o dia da semana que eu menos aguardava, tinha que bater de porta em porta pelo morro exigindo o pagamento da dívida, caso contrário era cobrado da pior forma, sem mais prorrogação do prazo.

— Brotei no pagodinho do Léo ontem e tu já tinha se mandado. Qual foi? Melhor da noite foi depois.

— Aconteceu alguma coisa? — Desviei os olhos do caderninho para encará-lo. Coréia segurava a risada enquanto esfregava os cabelos com força.

— Minha mulher pô, desceu o cacete numa doida aí do beco dos prazeres. Meu parceiro... A mandada é braba demais, tô dando conta não. — Ele riu. Franzi o cenho. — Ainda o bagulho esquenta para o meu lado, tio. Mulher é tudo maluca das ideias mermo, tu é doido. Fala tu aí, tenho culpa agora se a outra lá fica arrastando um bonde pra mim?

— Dulce é muito ciumenta mesmo. — Concordei com a cabeça, me lembrando das raras vezes que ela vinha encher minha paciência por conta de outra mulher. Naquela época, não estava aguentando nem ela quem dirá para ter outras amantes.

— Coé Caveira, tu conhece minha mulher por acaso pra tá falando essas paradas? — Ele ergueu a sobrancelha, me olhando todo desconfiado. Já tinha percebido que Coréia era bem esperto e que pegava facilmente as coisas que eu soltava no ar, sem me dar conta. Tinha que prestar mais atenção no que eu lhe dizia e ficar de olho nele, não sabia até onde Coréia poderia ser um problema para mim aqui dentro.

Engoli em seco, e me amaldiçoei mentalmente por falar as coisas sem pensar antes. Não tinha como ser mais óbvio? Burro!

— Pelo que você está me contando, eu quis dizer. Ela parece ser muito ciumenta. — Expliquei, voltando minha atenção novamente ao caderno. Rabisquei alguns nomes de pessoas que tinha acertado a dívida ontem à noite e olhei de canto para Coréia de novo, mas ele parecia nem se lembrar mais do que estávamos falando há alguns segundos atrás.

Ele tinha acendido um baseado e estendeu a mão me oferecendo um trago. Neguei com a cabeça e me joguei na cadeira ao seu lado. O movimento estava insano, toda hora entrava ou saia alguém apressado da boca, sabíamos que a qualquer momento a polícia poderia tentar invadir, ainda mais depois do movimento de pacificação que começou pelo Rio.

Estava evoluindo bem com a Luane, a garota parecia mais uma sanguessuga me enviando mensagens o dia inteiro e enchendo a paciência, acho que aquela seria a pior parte da minha vingança, aturar aquela mulher mesquinha no meu pé. Comecei a me inteirar com os negócios daqui também, já sabia os gastos, lucros e investimentos da boca a curto prazo, muitos assaltos e contrabandos estavam marcados para os próximos seis meses, ia entrar muito grana para Escobar, que provavelmente usaria boa parte para fazer alianças dentro do presídio e conseguir bolar um plano de fuga.

Atração Perigosa [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora