𝟎 𝟓 𝟓

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Alguns dias depois, encontrei Christopher sentado no sofá com o corpo debruçado para frente, encarando inúmeros papéis espalhados pelo chão. Tínhamos marcado de nos encontrar em sua casa para irmos até o hospital descobrir o sexo do nosso bebê, juntos.

— O que está fazendo aí? — Perguntei de repente, me sentando ao seu lado no sofá.

Christopher pulou de susto enquanto tentava discretamente juntar os papéis com uma das mãos, o mais rápido que conseguia. Aquela reação ficou martelando por alguns segundos em minha cabeça e logo a desconfiança subiu para a mente.

— Que documentos são esses? — Insisti assim que não houve uma resposta.

— Não é nada demais, não se preocupe com isso. — Mentiu na cara dura mesmo e se levantou com os papéis em uma mão. — Como está o bebê? — Ele mudou de assunto, acariciando minha barriga com a mão vaga.

— Que documentos são esses, Christopher? — Repeti a pergunta, mas dessa vez usando a minha voz mais grosseira. Não queria que ele me escondesse nada, especialmente agora que aceitei seu pedido de casamento.

— Você não vai gostar de saber.

— Por quê? É sobre aquele filho da puta, não é? — Ele ficou em silêncio, só confirmando os meus pensamentos. Bufei, cruzando os braços. — Não vai desistir nem pelo bebê, Christopher? Se Escobar descobrir o que está fazendo, ele não vai hesitar em nos matar. Entendeu?

— Ele não vai descobrir nada, estou fazendo tudo direito. — Disse e me segurou pelo braço, fazendo com que eu me sentasse novamente ao seu lado. — Isso está prestes a acabar, Dulce, estou quase chegando lá.

— Eu não tô com um bom pressentimento em relação a isso. — Discordei, ao mesmo tempo que ele me mostrava os papéis em suas mãos. Não entendi porra nenhuma, mas sabia que era algo errado. — Minha mãe sempre dizia que era burrice ignorar o nosso próprio sexto sentido.

— Vai ficar tudo bem, eu te prometo. — Ele beijou o dorso da minha mão e sorriu para mim. — Depois que tudo isso acabar, nós vamos embora daqui. Já pensou em que lugar você quer morar?

— Sério? Vamos dá o fora do morro? — Meus olhos só faltavam brilhar de empolgação. Christopher concordou e acariciou minha barriga novamente. — Uai, eu te amo demais!

— Eu sei, mas me amará menos se nós perdermos a sua consulta hoje. — Ele se levantou e estendeu a mão. Olhei para o horário em meu celular e vi que faltavam poucos minutos para eu estar lá no hospital do asfalto.

Sai correndo para fora de casa e Christopher me ajudou a subir em sua moto. Ele correu na pista mais do que o necessário, mas felizmente ajudou que a gente chegasse a tempo em minha consulta. Não queria perdê-la, ainda mais porque descobriria o sexo do bebê hoje.

— Dulce Larissa Arantes! — A médica me chamou parada na porta de sua sala.

— Ela não desiste... — Reclamei com um bico enorme, e Christopher riu.

Entramos no escritório da doutora Débora e ela primeiro seguiu com todo o protocolo da consulta para enfim fazer o ultrassom. Não demorou muito e a notícia que a gente aguardava há algum tempo chegou.

— É um lindo garotinho. — A doutora sorriu, olhando para o monitor da sua tela. — Parabéns, papais!

Christopher fungou ao meu lado e me abraçou com cuidado. Eu não falei nada porque ainda estava desacreditada demais com o rumo que a minha vida estava tomando nas últimas semanas. Como diabos eu sai do fundo do poço para essa felicidade toda?

Assim que saímos do hospital, Christopher colocou na cabeça que queria comemorar. Apesar de ficar com medo de que ele fosse preso ou algo do tipo, eu aceitei. E nada melhor do que ir para o lugar onde tudo começou. A praia do posto 12, onde ele me deu uma bolada na cabeça.

Atração Perigosa [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora