capítulo 3

98 13 3
                                    

        Desci as escadas indo até o portão

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

        Desci as escadas indo até o portão. Havia pego um mapa na recepção e o segurava frente ao rosto tentando me encontrar no emaranhado de linhas nas cores vermelho, preto, azul e branco. Tinham círculos dando destaque para as melhores construções e nomes aleatórios nos cantos.

O papel voou para a minha cara em um vento quente carregado de poeira. Um barulho alto cantou em meus ouvidos e eu paralisei trêmula. Abaixei devagar aquela coisa do meu rosto para ver um carro de cor vinho passar por mim e estacionar em frente à escadaria.

Um motorista uniformizado desceu e abriu a porta para que um homem de smoking saísse abotoando seu traje. Ele tinha o cabelo bem penteado para trás e a barba grisalha aparada, e notei o peso do seu olhar sobre mim. Dobrei o mapa guardando-o na mochila. O homem elegante só desviou ao ver a recepcionista Valentine o cumprimentando. Logo ele seguiu para dentro em passadas soberanas e eu desci a pequena rua vazia até os indícios da cidade.

À primeira vista, Nebel estava longe de ser uma cidade agitada – não que eu já tenha visto uma assim. Ela tinha um ritmo cansado, cuidadoso e um tanto coordenado.

As lojas estavam abrindo aos poucos, as placas eram posicionadas para o lado de fora e alguns moradores varriam as folhas da calçada. Com o céu pálido, as casas se destacavam cada vez mais coloridas e vibrantes, compridas com sua majestosa estrutura enxaimel.

Estava muito cedo e eu admito que não tinha noção do tempo. Era o resultado de manter as janelas fechadas em tempo integral no decorrer da minha vida, mas isso mudaria.

Tirando novamente o mapa da mochila, procurei onde estava – dessa vez longe do trânsito.

Desci a linha vermelha do hotel até a imagem de um bar. Olhando em volta, percebi que ele estava a alguns metros seguindo em frente. Corri os olhos pelas linhas encontrando um cartório em letras miúdas em uma rua sem cor destacada. O lugar era longe, atravessando a cidade. Decidi que pegar um táxi era a minha melhor opção.

O motorista parou algumas quadras afastadas, afirmando que não podia seguir por lá e que não era a sua área. Era melhor do que nada. Paguei e continuei a pé até estar em frente ao edifício cinza.

Por sorte não tinha ninguém ocupando as cadeiras de espera quando entrei.

Um homem escrevia em um papel enquanto falava ao telefone. Me direcionei até ele.

– Não, ao amanhecer de ontem.

– Com licença.

Ele olhou para mim e me lançou um sorriso incomodado.

– Só um minuto – sussurrou. Ele dobrou o papel e o guardou em uma pasta. – Sim, senhor. Não, não vou. Aguardo os documentos. Que Ele o abençoe.

Depois de terminar a ligação, o homem se apoiou sobre a mesa e gesticulou para que eu me sentasse, o que fiz em silêncio.

– Me chamo Silas Kouris. Como posso ajudar você? – seus olhos arredondados inspecionaram os meus. Silas tinha traços marcantes que lhe davam uma aparência forte e gentil.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora