capítulo 10

28 3 5
                                    

Serena permanecia aqui

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Serena permanecia aqui. Não aos arredores, não como antes. Agora a sentia pelos meus ossos, garras e presas. Ela não era forte, pelo contrário, era fraca e dolorosa. No entanto, isso se tornou o suficiente para movê-la.

Quando a deixei no quarto branco, Serena parecia menos impulsiva, estava mais cautelosa e compassiva. Entrar na minha cabeça talvez a tivesse mudado, ou apenas eu não ser mais o seu alvo de vingança fosse o motivo.

Ao longo do dia seguinte eu só pensava nele. No tal Outro que estávamos intrigados. Talvez estivessem certos e a integridade do rei estava sobre o muro, bem mais para lá do que para cá. No entanto, eu só estava preso na possibilidade de ter um irmão que ninguém sabia. Um fantasma e um provável carniceiro. Uma tentativa do supremo de conquistar o trono? Talvez. Ele falhou e Constâncio o rebaixou? Mais do que provável.

Motivos. Motivos. Motivos.

O que Constâncio faria comigo se eu falhasse? Me colocaria na posição de prisioneiro também?

Eu precisava saber.

- Alguma coisa errada?

O rei virou mais uma página do livro de tradições lunares. De alguma forma ele achava que aquilo iria ajudá-lo a garantir o trono por mais uma geração e eu só achava tão ridículo.

- Nada fora do comum, meu pai. - aprumei a postura na poltrona e recolhi as garras.

Ser apresentável era uma questão bem discutida. Eu deveria parecer estável até em um acesso de raiva, o que não conseguia fazer com frequência. Além disso, o meu cabelo ondulado sempre parecia torto depois de escovado para trás e isso estressava o soberano - o único conforto para ele era que tudo iria mudar quando eu assumisse o seu poder, até mesmo a minha aparência -, as roupas eram difíceis de permanecer alinhadas e o bendito horário era o que sempre me leva ao pedestal. Conciliar o meu título com Ethee era um desafio, principalmente escondê-lo do olfato do rei. Pelo menos eu tinha o Ethan e ele tinha o quadro de horários.

- "Com o círculo formado a disputa se consolidará e o novo alfa triunfará". - ele fechou o livro com o gosto da vitória nos lábios. Grande frase. Aplausos. Tudo brilhava em seus olhos vermelhos.

Ele levantou afrouxando a gravata. Sempre fazia o mesmo movimento antes de uma discussão.

- Isso caminha para nós. Não sabe o quanto confio e aposto em você, filho. Mas... - Era o que eu estava esperando.

- Mas? - repeti.

- Os Meisner voltaram. - gesticulou com a mão no queixo e o braço cruzado. O rei dava passadas curtas rondando a sala, delimitando sua área de ataque, porém suas palavras ecoavam mais do que apenas até as paredes.

- Isso nunca foi um problema para mim. - o interceptei, mas não evitei comprimir os lábios sentindo que ele queria socá-los.

- Nada disso é sobre você. - sua voz aumentou. - Teremos mais anos em nossa frente, é o que se espera. Mas como as escrituras dizem, e como os Acker já confirmaram, a lua de sangue não vai trazer apenas mudanças boas, precisamos nos preparar.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora