capítulo 16

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        O homem desceu da árvore um pouco desajustado

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        O homem desceu da árvore um pouco desajustado. Seus olhos ainda permaneciam vivos nos meus, mas eu apenas tinha curiosidade naquela cicatriz que percorria quase todo o lado esquerdo de seu rosto e, que por sua vez, estava ainda mais visível na medida em que ele se aproximava.

– U-Ully – Gaguejei sentindo o frio subir pelas minhas pernas.

– Acho melhor você rezar, se é que acredita nisso. – Ele sugeriu.

De qualquer forma, Ully não seria útil. Ele era um dos mais baixos do grupo, mesmo sendo mais alto que eu, e não aparentava ter uma forma física tão atlética, ou seja, estaríamos mortos se o homem estranho tentasse algo.

Ele parou a alguns passos de mim que dificilmente dariam metros. Dava para sentir o cheiro dele um pouco mais limpo. Ele não disse nada. O rosto sujo de vermelho o deixava grotesco contrastando com os olhos gentis. Não podiam ser gentis, era cruel. Ele era cruel.

– Vai nos matar agora? – disparei.

Ele franziu as sobrancelhas parecendo ainda mais intrigado. Eu o desafiei?

– N-Não. – ele fitou a doninha em suas mãos e procurou algo de um lado para o outro até lançar o corpo do bicho para longe.

Foi inválido. Aquela ação não o deixava mais humano.

– Cuidaram de você como ele disse que ia fazer?

Por um instante fiquei paralisada. Aquilo me quebrou.

Como ele se achava no direito de dizer aquilo? Como se achava no direito de consertar as coisas? Não queria que arrumasse. Estava bagunçado e daquele jeito ficaria. Por pura teimosia minha, mas não achava que fosse. Ninguém em meu lugar acharia aquilo.

Outro lado era o Ully. Se aproximar e ser legal instantaneamente por promessa. Todos que se aproximaram de mim foi por uma promessa idiota para alguém que se sentia culpado demais. Primeiro Had com a minha mãe e agora Ully, recebendo nada em troca...

Encarei Ully esperando que ele me dissesse algo e ele apenas engoliu em seco. Estava claro em suas feições que era verdade e já bastava.

Eu não precisava de um protetor. De outro não. Ully deveria olhar o alvo que havia colocado em suas costas.

Lembrei das vozes e da praia de areia negra. Do sangue em um mar gelado e do céu escurecendo no cinza. Senti a raiva me dominar ao som das palavras de ordem das mulheres na minha visão. Buscava estabilidade, uma quietude que nunca tive acolhendo o meu peito, porém havia um vazio dolorido que eu queria preencher a qualquer custo. O vazio deixado por quem acertou o alvo.

Peguei a toalha do chão e mergulhei na água.

– Serena. – tentou explicar.

Não olhei para trás, apenas bati os pés o mais rápido possível para dentro da casa. Todavia, escutava os passos de Ully logo atrás de mim.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora