capítulo 18

8 3 0
                                    

        Encarava as minhas mãos como se tivesse perdido algo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

        Encarava as minhas mãos como se tivesse perdido algo. Elas pareciam um pouco manchadas no escuro, mas sabia que era a minha visão que já voltava ao breu de costume. Olhei em volta, as paredes familiares com cheiro de ferro com pouca infiltração. As celas não seriam algo que eu esqueceria tão facilmente.

Me arrastei pelos corredores. O silêncio já fazia barulho quando vi um feixe de luz escapando de uma porta meio aberta. Pude escutar alguns pequenos risos festivos. Dei alguns passos enquanto minha visão se incendiava com a luz.

– Mamãe. Fala. – um voz de mulher cantou dentro da sala.

Com cuidado, eu empurrei a porta. Suas gargalhadas cessaram, menos o sorriso que faziam curvas cansadas na sua pele suja de poeira. Os olhos dela brilhavam, eram escuros e doces envolvidos pela exaustão, fundos porque mal comia.

– Estávamos esperando você, não é mesmo? – ela brincou com a criança que segurava sobre o colo. – Venha. Sente aqui. – ela afofou o pano que cobria a cama de ferro.

Por um momento, achei que estava em outra realidade, que ela poderia estar falando comigo. Fui mais para perto, me acomodando junto deles. A cama era dura, mas aquilo não me incomodou.

– Pensei que não lembrava mais disso. – falei, sabendo que não passava de um sonho.

– Bobagem. – ela me repreendeu. Parecia tão real quanto eu via. – O alimentei bem para que tivesse uma memória de elefante.

– Até agora, não vi nenhum elefante. – dei um pequeno sorriso.

A criança se enrolou pelo seu braço e brincava com a alça da sua blusa.

– Ainda tentando? – apontei para ele.

– Claro. Um dia ele vai falar assim como você, não vai ser uma perda de tempo. – ela sacudiu entre os dedos os cabelos avermelhado do garoto. – Está tão crescido.

Seu sorriso largo voltou. Nem os lábios secos e machucados deixavam aquele sorriso feio.

– Passei da marca.

– Ele não conseguiu. – senti o alívio nas suas palavras.

Também achava que não duraria muito naquela prisão.

– Teve um preço. Eu...

– Shh. – ela encostou o dedo na minha boca negando qualquer palavra. Depois estalou um beijo na minha testa. – Fez o que precisou fazer, não me deve explicações.

Meus olhos se inundaram, eu não chorava, não era comum isso acontecer, mas eu deixei elas caírem.

– Sinto a sua falta. – solucei.

– Ah meu querido, você tem novas pessoas com você. – disse enquanto afastava as lágrimas do meu rosto.

– Eles me odeiam por tudo isso. – senti raiva de mim, da minha pele e das minhas mãos.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora