capítulo 4

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        Eu já havia ligado para todos os números que circulei na lista telefônica sem nenhum resultado

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        Eu já havia ligado para todos os números que circulei na lista telefônica sem nenhum resultado. Naquela altura, eu só aguardava ansiosa a ligação de Simas enquanto brincava com os pés para bloquear a iluminação amarelada do quarto.

Desde que vi aquele homem de preto na cafeteria, a minha mente estava mais dispersa e exausta que o normal. Não importava se fechava os olhos ou se passava horas olhando para a paisagem na janela. Na minha mente só estava ele, ele e aquela sensação estranha de não sentir a minha própria pele como no dia em que Had morreu, mas sem fome, sem medo, sem frio... Só poder.

Um som repentino na porta, fez eu me sentar na cama e vestir uma calça e colocar o tênis. Apresentável? Claro que não. Eu queria estar pelo menos vestida se precisasse correr.

– Só um instante! – avisei enquanto empurrava a arma, a mochila e a caixa para debaixo da cama.

Andei até a porta passando os dedos pelo cabelo na tentativa de desamassá-lo. Ao abri-la me deparei com um homem de meia-idade parado em minha frente. Demorei um pouco para associá-lo ao dono do carro que quase me atropelou de manhã. Ele parecia bem rígido de perto, escondendo as grandes mãos no bolso do paletó.

– No que posso ajudar? – perguntei apoiando um dos braços no batente da porta. Ele era alto o suficiente para ignorar o ato.

– Sou Constâncio Blecher, dono do hotel. – se apresentou esticando a mão para me cumprimentar.

Blecher? Blecher como a estátua? Não literalmente, mas ainda um herdeiro dos fundadores. Claramente rico e influente. Às vezes, sinônimo de perigoso com toda essa prepotência. Devia ser por isso que meus dedos gelaram.

– Serena. – apertei sua mão que permanecia pacientemente estendida.

– Queria pedir desculpas pessoalmente pelo incidente da manhã anterior. Meu motorista passou horas dirigindo até aqui, não estava em boas condições. – Ao mesmo tempo que falava, uma cicatriz funda se deixava mais visível. A mesma se estendia do pescoço e desaparecia na gola da camisa.

– Eu tô bem. De verdade. Sem problemas.

Tentei finalizar, o que o deixou levemente irritado.

– Não acho que perder a vida é uma situação que deva ser respondida com "sem problemas", não concorda senhorita?

– Eu não quis... 

– É claro que não. – Aqueles olhos negros e brilhantes me encaravam de cima e me impediam de pensar em uma resposta.

Alguém entrou e isso chamou a atenção do Sr. Blecher, mas os meus olhos ficaram fixos em sua gravata vermelha. Ele relaxou os ombros, respirou fundo e deu um sorriso frustrado balançando a cabeça.

– Novamente, aceite as minhas sinceras desculpas sem questionamentos. Tenha uma boa noite.

Constâncio se retirou desabotoando o terno e de imediato o ar esquentou.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora