capítulo 7

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        – Você não voltará mais para a cela

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        – Você não voltará mais para a cela. Agora, esse é o seu novo lugar. – declarou Valentine. – Mais justo, impossível.

A cerimônia havia acabado e eles me deram mais uma dose de veneno, dessa vez menor. Os soldados, que descobri serem chamados de Protetores de Sangue, me trouxeram para um cômodo cinzento de móveis brancos dentro do palácio e bem longe das masmorras.

– Ficará aqui e só sairá para as cerimônias lunares. Não terá contato com ninguém e nem a família real virá, ordens do rei, as quais concordo plenamente. – Isso não é uma surpresa. – Sua comida será entregue três vezes ao dia, sem falta. – Ela apanha das mãos de um soldado uma bandeja com tampa transparente e uma garrafa de água, colocando sobre minhas mãos. – E Elijah estará na entrada caso tente qualquer gracinha ao abrir essas portas. Fui clara? – falou entre os dentes e eu confirmei com a cabeça sem questionamentos.

Valentine se retirou rápido sugando toda a energia negra que a abraçava com a farda. As portas foram seladas e os tubos de ventilação zumbiram, trocando constantemente o oxigênio. O tempo passava lento por essa realidade e tudo que me aguardava era uma cama pouco espaçosa, porém limpa, quadros espalhados e roupas amareladas. Pensei nas mulheres que marcaram essas paredes com os dedos e trilharam longos dias por esse chão. Aqui era silencioso, como um estado de coma. Talvez fosse esse o objetivo.

Deixei a comida na cama e vaguei pelo ambiente levantando objetos empoeirados. Algumas flores murchas marcavam o chão e em alguns cantos, papéis amassados estavam amontoados. Tateei as capas de couro dos livros admirando os títulos quase sem cor. Em uma mesinha, tintas oxidadas e pincéis se acumulavam junto às folhas avulsas pinceladas em tons de aquarela formando pássaros coloridos.

No monte de roupas, ergui as peças para tirá-las do caminho, porém minhas mãos travaram ao descobrir roupas de bebê um pouco sujas.

– Eles matavam crianças? – meu coração doeu e um nó cresceu em minha garganta.

Elas fizeram a vida florescer ali dentro. Mesmo em um curto intervalo de tempo, o quarto foi o mundo delas. O único que algumas conheceram.

Continuei dobrando as roupas e separando as vestes coloridas que encontrava, mantendo longe a vontade de chorar. Em um pequeno macacão, encontrei um nome bordado em linha amarela: Darla. De um dos bolsinhos azuis, um papel bem dobrado tentava escapar. O retirei com cuidado e o desdobrei. Reconheço aquela letra de imediato.

"Minha irmã, não espero que me perdoe. Eu, em seu lugar, estaria pronta para me matar na primeira oportunidade. Sei que fará isso em algum momento, mas quero que saiba que eu nunca pensei que minhas ações acabariam por matar a sua preciosa Blanche. Eu implorei para que o soberano não fizesse isso, porém ele quis mudar todo o curso do ritual depois do incidente com o caçador, mas sei que também isso ocorreu porque falei o verdadeiro motivo para que ele não o fizesse. Mas saiba que eu não desejei isso para ela e, por favor, não condene também a minha filha por um erro meu.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora