capítulo 19

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        Eu tinha certeza de muitas coisas

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        Eu tinha certeza de muitas coisas. Certeza da minha inteligência, certeza dos passos cuidadosos de Constâncio, mas naquele momento, eu não tinha certeza de que Serena acordaria. Ela era ridiculamente burra e temperamental, aquelas coisas deveriam impedir que ela morresse, já que a existência dela era totalmente estressante. Mas algo em mim dizia que não. Serena ficaria naquela cama com a respiração fraca e os dedos imóveis até que seu corpo desfalecesse e em partes era culpa minha.

Quando a tirei do castelo, a minha responsabilidade era proteger a nossa arma mais valiosa. Não importava o custo, ela era a única que afastaria Constâncio de suas ambições de nos fazer matar uns aos outros e de nos prender em seus caprichos – por um tempo.

O que era tolo dizer que o soberano tinha caprichos. O rei tinha uma função bem estabelecida: proteger Nebel e a nossa linhagem. Essas duas coisas ele fazia com excelência. Os lobos se casavam entre os próprios clãs, Blecher com Blecher, Acker com Acker e assim seguia, tudo em prol de uma hegemonia, uma raça pura e forte, assim como os protetores. Nos fazendo inabaláveis, mas a estrutura tinha muitas rachaduras.

Primeiro na sua cerimônia. Constâncio não tinha uma peeira, e sem ela não tinha poder o suficiente para ser um lobo nobre de verdade capaz de proteger Nebel. O segundo seria um teatro, o massacre do clã Vogel, que agora estava claro que o soberano precisava desesperadamente de algo para mantê-lo no poder, e nada melhor do que uma provação. Perder um clã e sua esposa para o inimigo, doeu no coração de seus súditos. Mas o rei milagroso com sua tropa fortificada impediu que Nebel sucumbisse. O rei se manteve por mais alguns anos, mas agora que os caçadores estavam realmente por perto ele precisava provar definitivamente sua supremacia, levando ele a caçar a única peeira de que tinha conhecimento.

Por um momento, me arrependi de ter dado um passo para fora do castelo, eu estava com duas coisas valiosas na mão, Taide e Serena, mas estava tão cego quanto o rei. De todo modo estávamos ali, esperando como uma mãe desesperada por um milagre.

– Vai explodir desse jeito. – Taide retirou a última camada de pelo do lobo.

Eu o ensinei a usar a faca, ele aprendia rápido. Me olhava de canto enquanto esperava as minhas ordens para cortar a carne.

– Depois que Serena tocou em mim, consigo sentir mais do que o seu cheiro, assim é bem mais fácil. – admitiu.

O ignorei. Taide seria um problema perto demais, nada escapava daqueles olhos atentos, nem o mais irrelevante suspiro. Ao menos ele não era perigoso, tinha alguns surtos de raiva pela fome, mas nada além daquilo. Outra coisa era a sua subordinação genuína.

– Costelas e patas. Descarte a cabeça, o rabo e separe as coisas de dentro. – apontei simulando os cortes. – Consegue?

Taide assentiu, mas com um rosto perdido. Aquilo o deixaria ocupado por um tempo, me trazendo paz para pensar no que fazer daqui a dois dias.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora