capítulo 9

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        Não enxergava um foco se quer

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        Não enxergava um foco se quer.

Um lamento alto gritava em meus ouvidos quase por rompê-lo. Sentia dor e ela me sufocava de todos os lados querendo me devorar como se sempre tivesse passado fome de algo vivo. A mente de Calel queria me matar a qualquer custo enquanto eu lutava.

Não me ajudava o fato de estar cega para a realidade, eu só podia ouvir burburinhos se embolando com os sons da mente do príncipe.

COMO DEIXOU ISSO ACONTECER?

Desacorde ela!

Vai matar ele!

Ela também!

Não sabemos.

Em meio ao escuro rodeado por clamores, uma figura se desenhou. Estava longe demais e me movi até ela aos tropeços.

– Ei! Você! – cambaleei mais alguns metros. – Pode me aju...

Ao me aproximar, ainda não permitida de tocá-lo, pude ver que era um corpo encolhido ao chão em constante sofrimento. Suas mãos estavam envolvendo a cabeça e ele tremia. Sombras invadiam e se libertavam de sua pele que ficava branca e magra desenhando os ossos e, ao mesmo tempo, forte. Reconheci os pequenos cachos ruivos escapando entre os dedos.

O medo se instaurou por mim e eu congelei.

– Não me... Faça passar... Por isso novamente... – balbuciei, caindo de joelhos na sua frente.

Eu via Had. Ela e mais litros de sangue. Ela e mais a agonia e a morte que não pude evitar. Abandonada ao chão naquela estrada.

Me arrastei um pouco até ele e estiquei a mão para tocá-lo.

– Vou ajudar você, tá bom? – meus dedos tão próximos de sua pele. – Só...

Com apenas um contato, tudo ruiu.

Choro. Gritos de raiva. Força. Sorrisos. Paixão. Medo. Prisões. Sangue. Dor.

Memórias piscando pelos meus olhos e linhas se cruzando como trens próximos de colidir. E quando o fizeram, três pares de olhos se abriram para uma só existência e eu caí contra o chão.

Calel permaneceu sobre mim com os olhos negros arregalados. Ele arfava lavado em desespero quando deixou o corpo desabar para o lado. Meu coração estava acelerado ficando dolorido.

– O que foi isso? – indagou com a voz falha.

– Eu não sei.

– Vocês estão bem? – dois garotos ocuparam o nosso campo de visão.

Tobias, que parecia mais preocupado com Edlynne que estava com Ethan em um canto do cômodo, tentou ajudar Calel que, por sua vez, ignorou a mão estendida do rapaz e fez isso por si só. Ele se encolheu logo em seguida, segurando forte demais a ponta do suéter entre os dedos.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora