capítulo 8

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TOLGA, ANTES DA VIAGEM

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TOLGA, ANTES DA VIAGEM

        – Serena, desperte. – ecoo um cochicho ao meu ouvido e eu abri os olhos.

O meu corpo despertou em um litoral. A areia negra incomodava a minha pele e um vestido negro estava ensopado com as ondas que subiam até o meu quadril. Conseguia ouvir um mar feroz com a ventania.

– Serena, venha até nós. – sibilaram as vozes e o céu explodiu em luzes onduladas, como uma grande bolha de sabão.

Levantei imediatamente.

O frio entre os meus dedos parecia tão real que por um momento achei mesmo que havia bebido demais. E eu nem bebo.

Dei alguns passos ainda confusa com os zumbidos me cercando.

– Quem são vocês?

– Somos as filhas, o ciclo, a vida e o que vem depois dela. Somos você, além de sermos nós. A chegada da lua de sangue nos despertou. – a legião falou.

Pareciam muitas, soaram fortes e suas vozes se entrelaçavam em um colar inquebrável.

Avancei ainda mais para o mar.

– Funciona se eu perguntar que sonho bizarro é esse? – perguntei para o horizonte turvo.

– Precisamos que acredite. Você não tem mais nada a perder.

Minhas pernas vacilaram.

– É sobre a caixa que encontrei, não é? Essas pessoas, coisas de que eu tenho que fugir, estão vindo?

– Não sabemos, mas precisamos de ajuda.

– O que eu tenho que fazer? – eu estava convicta.

– Nos liberte. – serpenteiam as vozes.

– E como eu faço isso? – a água já estava batendo em minha cintura.

– Você precisa ir até ela.

– Ela quem?

– Sua mãe. Não fuja do seu destino. Se vingue. Lute em nome de uma nova era. Derrube os pilares que erguem o supremo cargo. Erga a cabeça daquele que usa a coroa. E no fim, estaremos com você para que o ciclo se consume.

Engoli em seco. Eu sentia fraqueza e desespero, apesar de não entender uma palavra do que estavam dizendo. Não podia. A carta dizia para fugir, eu não podia simplesmente pular de um precipício e ser tão burra ao ponto de achar que era o certo. Supremo cargo, coroa, ciclo... Eu só podia estar procurando uma justificativa.

– Não farei isso. – dei o meu veredito, nunca sentindo tamanha firmeza em minhas palavras.

O chiado cessou deixando apenas o som das ondas. Não iriam me dizer o que fazer, eu tinha controle disso.

Amarras de Prata Rubra | PresaOnde histórias criam vida. Descubra agora