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O carro da minha mãe se estacionou beirando a sarjeta e me iluminou com seus fortes faróis.

Minha mãe e Rita desceram juntas, me encontrando num estado todo acabado.

Minhas roupas estavam sujas de sangue, meu rosto completamente triste e vazio.

Eu havia matado um homem...

Minha mãe hesitou antes de vir me abraçar, mas quando comecei a chorar por não aguentar aquelas lembranças batucando em minha memória, ela finalmente veio ao meu encontro.

Passou suas mãos leves e tranquilas sobre minhas costas e isso basicamente quis me dizer que tudo ficaria bem.

Rita, sem entender nada, veio até mim e nos abraçou também.

Ficamos ali, nós três em uma rua deserta e sem nenhum som.

Nada melhor do que uma tranquila noite de sexta.

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Quando a situação melhorou, minha mãe explicou o motivo da prisão do meu pai.
Descobri que ele era um dos chefões do tráfico de Nuse. Nunca, nunca eu iria desconfiar.

De acordo com ela, a consciência dele pesou demais quando viu o vídeo da própria filha sendo estuprada durante o efeito da droga que ele mesmo propaga.

Ao entender o quanto suas ações impactavam na vida das pessoas, de forma negativa, ele decidiu se entregar pra polícia.

Infelizmente não consegui me despedir dele... Estava ocupada demais cometendo um assassinato...

Eu também fui levada pra ser julgada perante os olhos da lei.
Acabei sendo inocentada por agir em autodefesa.
Porém, pela quantidade de Nuse encontrada em meu organismo, fui obrigada a me caminhar para uma clínica de reabilitação criada especialmente para tratarem usuários de Nuse.

Foi uma droga tão, mas tão cruel e devastadora, que decidiram fundar a CCN. Ou, "Clínica Contra a Nuse".

Tinha bem mais pessoas lá do que imaginei...

- Você vai ficar bem? - Quis saber minha mãe quando parou seu carro em frente aquela enorme construção. Seria ali que eu passaria meus próximos anos...

- Espero que sim. - Falei com um sorriso preocupado.

- Não se preocupe, querida... - Falou Rita. - Sua mãe e eu vamos vir te visitar toda semana!

- Te traremos biscoitos! - Falou minha mãe.

Olhei para as duas e não consegui conter a emoção ao ver seus olhares ingênuos e preocupados comigo.

No fim das contas, elas sempre estiveram do meu lado...

- Obrigada. - Falei para minha mãe. - Não só por ter cuidado de mim. Mas também por não ter desistido quando eu mesma fiz isso.

Deixou escapar um sorriso bobo e me envolveu em seu confortável abraço, que dessa vez eu retribuí.

Após minutos de despedidas, saí do carro e adentrei na clínica.
Papeladas pra cá, papeladas pra lá... E então, minha moradia ali foi estabilizada.

Uma enfermeira me mostrou meu mais novo quarto, que seria dividido com outras quatro garotas que ainda não conheci, e depois acabou me liberando para conhecer a clínica livremente.

Deixei as malas no chão, já que não sabia qual cama já estava sendo ocupada pelas outras donas desse quarto, e saí para andar sem rumo.

Caminhei até o refeitório, por todo os dormitórios, e, principalmente... Até o jardim!

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