InShows era uma equipe que organizava festas, seus trabalhos eram famosíssimos aqui na região!
Principalmente porque eles tinham poucas regras. Era liberal demais.
A propósito: eles acabavam sim tendo que responder alguns processos judiciais por estarem "permitindo" o uso ilegal de drogas, mas utilizam sempre da mesma desculpa esfarrapada; " Não sabíamos que estavam utilizando esse tipo de coisa lá dentro. E a gente nunca permitiu isso".De certa forma não era culpa deles, o que faziam era alugar um salão, contratar DJ's, barmans, e ir atrás das bebidas. O resto ficava por nossa conta.
Fiquei sabendo que ocorreria uma de suas festas em um bairro próximo de minha casa. Minha mente logo interligou InShows com Nuse. Se eu quisesse utilizar dessa droga de novo, teria que ser lá.
Ao julgar as circunstâncias, não parecia que um vídeo meu - nua - estava correndo tão rapidamente nas redes sociais. Minha mente realmente não parecia se importar.
Então, caso alguém me perguntasse, minha resposta seria: Sim, provavelmente estou sob efeitos da droga, ainda.Não é possível uma jovem de 20 anos estar tão tranquila perante uma situação tão assustadora e só querer saber de tomar novamente a substância que arruinou sua vida.
A questão é que eu ao menos podia deduzir o que estava causando essa vontade.
Estava marcado para as 18 horas, a festa, mas desde as 16:30 minha presença já se encontrava em frente a portaria.
Quis entrar mas o porteiro acabou não deixando, falou que eu deveria adentrar somente com o restante do pessoal, que chegaria no horário marcado.
Vim tão cedo pra não ter que ficar aguentando o estresse e o clima terrível que estava lá em casa.
Quando fiquei sabendo que algumas viaturas de polícia estavam se dirigindo até minha casa pra me interrogar e contar com minha ajuda pra pegar os abusadores... Ah! Foi aí que eu saí mesmo!
Sim, queria que esses imbecis pagassem pelo que fizeram comigo, mas uma simples cadeia não teria graça. Ah, não, teria que ser algo bem pior.
Algo que eu só teria coragem se continuasse sobre o delicioso efeito dessa deliciosa droga.
- Chegou cedo, gatinha - Falou um homem que até então era desconhecido por mim.
- Esses imbecis não me deixam entrar - Respondi bufando.
Enfiei minha mão no bolso e tirei dele meu celular. Com o reflexo da tela desligada, pude notar que meu cabelo estava todo bagunçado. Não tomei banho desde o dia anterior, quando saí pra ir à festa que o Richard me abusou.
- Mas você tá com pressa, hein! - Ele disse se sentando ao meu lado, na calçada.
Continuei me olhando e notei que o visual rebelde não caía mal em mim. Nunca tinha tentado mudar meu antigo estilo, afinal, jamais achei necessário.
Mas agora vejo que foi um disperdício.- Sabe onde encontro Nuse? - Respondi indo direto ao ponto.
Seus olhos se arregalaram. Vai ver que ele não está acostumado a ouvir damas pedindo drogas.
- Você não tem cara que usa isso! - Falou rindo discretamente.
- Sabe ou não sabe?
Ao perceber que meu temperamento não estava bom pra brincadeiras, enfiou a mão no bolso da sua jaqueta e tirou dali um pacote da droga que eu tanto procurava.
- Eu mesmo distribuo ela.
- Quanto você cobra?
- Pra você fica de graça. Pelo menos dessa vez.
Estreitei minhas sobrancelhas ao sacar a clássica artimanha que tentou jogar pra cima de mim.
- Se está tentando me viciar para que eu volte a te procurar sempre, saiba que sei lidar muito bem com meus vícios! - Menti.
- Relaxa, guria! - Ele riu. - Não é essa minha intenção. Só quis ser gentil, eu hein.
Tenho o pacote, mas agora me faltava algo... O copo com água!
Nuse só era usada misturada com algum líquido. Cerveja, refrigerante, suco, ou até mesmo a própria água.
Todas essas combinações variavam o sabor da droga, mas certamente com água era a pior delas. Esse pó era amargo demais, não ficava bom com um líquido neutro. Porém era o mais fácil e barato de se encontrar.
Naquele momento, sem paciência pra ir comprar uma garrafinha de água em algum lugar, cogitei a ideia de que apenas abrir o pacote e virar todo aquele pozinho na minha boca não seria tão ruim.
Na verdade, seria, mas o garoto estava ali me olhando.
- O que está fazendo!? - Ele falou tirando o pacote da minha mão ao perceber que o tomaria puro. - Isso é perigoso!
Tentei pegar de volta, mas ele era bem mais resistente do que eu. Odeio esse corpo fraco que tenho!
- Me dá isso aqui! - Berrei.
- O que há de errado com você? Isso pode te matar, se tomar puro! Droga não é brincadeira, garota!
- Não me chama de "garota"! Ao menos sei quem é você!
- Um cara que se continuar vendo você tentando tomar isso puro, vai sumir com isso aqui e te deixar na mão.
- Compro de outra pessoa!
- Então boa sorte. - Ele falou se retirando e guardando o pequeno pacote de volta em sua jaqueta.
O encarei esperando que ele ao menos olhasse pra trás, mas nem isso fez.
- Ei, volte aqui! - O gritei, e ele me olhou. - Não sei onde posso comprar água!
O rapaz apontou com o indicador uma padaria na esquina. Estava apenas alguns metros de mim, e eu não havia reparado nela.
- Vai ir comprar? - Ele perguntou. - Se não for, nem me peça isso de novo.
- Vou! Claro que vou, se não for assim você não vai desgrudar de mim!
- Não é desse jeito que você tem que pensar, guria...
O encarei, sem entender.
- Viu o vídeo que está se espalhando? - Ele continuou. - Aquilo que a garota tinha era claramente um efeito de Nuse. São efeitos fortes demais, saca? Fazem o que querem com você. Se tomar isso puro, ou morrerá, ou eles te abusarão tanto a ponto de arruinar sua vida.
Meus pensamentos estavam vazios demais para minha pergunta ser diferente dessa:
- O que sabe sobre o vídeo?
- Da garota sendo estuprada? Perturbador. Muito perturbador. Quem me mostrou foi um amigo meu, ele era um daqueles caras.
Senti o sangue fervendo em minhas veias.
- E quem... - Dei uma pausa para engolir em seco. - Quem é esse seu amigo?
- Não importa. Briguei sério com ele e acredito que aquele otário nunca mais vai aparecer na minha frente. Ele não é nem bobo!
Não deveria ser mesmo, esse homem que estava falando comigo tinha grossos braços, logo, deduzo que tomar um soco dele não é uma das maravilhas do universo.
- Eu gostaria de saber seu nome...
- Não gosto de falar meu nome para pessoas que mal conheço.
- Não, cara! O nome do seu amigo!
- Ah... - Se desapontou. - Victor. Mas porquê quer saber?
Hesitei algumas vezes antes de proferir aquela dolorosa frase, que talvez pela primeira vez tenha feito com que eu sentisse o quão ruim a situação estava:
- A garota do vídeo sou eu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nuse
Genç KurguSarah Lamnin era uma garota de classe alta que carregava uma vida ao lado de seus amigos completamente íntimos. Eram em seis, porém quando ela menos pôde esperar, um deles a traiu e a pôs em um caminho que sempre tentou evitar. Com uma nova e inespe...