O mundo é feito de mudanças. Na verdade, a origem dele se baseia em mudanças e depois disso só mais mudanças e mudanças. Se os prótons e nêutrons não tivessem se associado às partículas subatômicas, nenhuma explosão cósmica teria acontecido e consequentemente, nem o Big Bang e o universo não seria criado. Se um corpo não tivesse mudado sua rota, ele não teria acertado a terra, fazendo uma parte dela se separar e depois, formar a lua. E sem a lua, o clima da Terra seria tão caótico que ninguém conseguiria sobreviver aqui.
Se Copérnico não tivesse enfrentado a crença geral da época de que a terra era o centro do universo, Galileu, Kepler e Newton não teriam dado continuidade a sua teoria anos mais tarde, a mesma não teria sido comprovada, e talvez até hoje não saberíamos sobre o Heliocentrismo, onde o Sol é o centro do Sistema Solar. E isso se estende não apenas à parte teórica e científica. Todas as revoluções que existem, existiram e existirão na história do planeta, significam mudanças. E entre muitas outras coisas, se eu não tivesse seguido um caminho diferente de toda a minha família e ido atrás do meu sonho, eu provavelmente estaria agora na parte de contabilidade de um escritório qualquer, vivendo apenas esperando o final de semana, onde o tédio e o estresse dão umas pequenas férias.
O universo é pura mudança. Literalmente. De acordo com Kepler, o universo está em constante expansão, cada vez mais as galáxias estão se movendo para mais longe. E eu me identifico totalmente com tudo isso. Eu sou pura mudança, eu amo estar sempre em movimento, não ser estática, tomar riscos, não me agradar com a zona de conforto.
E é por isso que hoje eu estou aqui, analisando satisfeita o meu novo apartamento em Nova York, onde eu vim para estudar Astronomia, a minha verdadeira paixão. Após duas semanas de muito esforço, agora finalmente a minha casa estava arrumada e livre das milhões de caixas de papelão que cercavam todo lugar que eu ia. Começo a sentir meu peito arder em euforia ao ver o meu presente assim tão perfeito para mim e o meu futuro um mistério gostoso de tentar solucionar. Rio sozinha, sem conseguir conter só para mim a explosão que acontecia aqui dentro do meu corpo. Saio pulando igual uma criança por qualquer espaço que eu via na minha frente, gargalhando e me sentindo livre. Livre. Em todos os sentidos. E isso era ótimo. Era tudo que eu queria.
O sol de fim de tarde entrava dentro do apartamento por qualquer espacinho não coberto pela cortina mal fechada da minha janela e eu passeava rapidamente pelos quentinhos feixes de luz que ele trazia, enquanto perambulava por todo minha casa, girando e dançando mesmo sem música. Paro um momento tentando recuperar meu fôlego de toda inquietação anterior, bem em frente à sacada. Sorrio e abro a cortina e depois o vidro, adentrando no pequeno espaço que a varanda possuía, que para mim parecia tão enorme e cheio de possibilidades. Agora sinto mais do que nunca o sol me aquecer com toda sua potência, enquanto uma brisa gelada fazia meus cabelos dançarem no ar.
Aprecio toda a vista que eu já tinha visto antes quando vim visitar esse apartamento pela primeira vez. Mas agora parecia tudo diferente, pois agora eu pertencia àquele lugar. Não era mais só um apartamento com uma placa de "Aluga-se" na frente. Era o meu apartamento. E era uma sensação incrível. Enquanto olhava para todos os cantos, percebo uma janela bem em frente à minha e bem perto. Um garoto estava parado em frente, olhando para mim, tentando ser discreto. Quando percebe que eu notei sua presença, desvia o olhar e começa a procurar algo na mesa bagunçada que estava na sua frente.
Vejo na sua mão uma caneta permanente e um uma folha sulfite. Ele apoia esta no vidro e escreve algo. Depois me mostra, revelando o que estava escrito:
"ENTÃO VOCÊ É A MINHA NOVA VIZINHA"
Sorrio, gostando da ideia dele e fazendo um sinal para que ele não fosse embora. Entro na sala novamente, agradecendo a minha gaveta organizada que me fez achar os dois materiais rapidamente. Corro para o lugar anterior e escrevo apoiada no balcãozinho, depois mostrando a ele.
"AO QUE TUDO INDICA, SIM"
É a vez dele.
" ESPERO QUE VOCÊ SEJA MAIS LEGAL QUE A VELHA RABUGENTA QUE MORAVA AÍ ANTES"
Rio com o que ele escreveu.
" EU SOU LEGAL, JURO. MENOS SE VOCÊ OUVIR MÚSICA ALTO DEMAIS ENQUANTO EU TENTO DORMIR"
Ele ri enquanto escreve.
" A PARTIR DE HOJE VOU ESCUTAR MÚSICA SÓ NO FONE HAHAHAH"
Dou risada e ele também. Estou prestes a respondê-lo quando ouço a campainha tocar. Escrevo rapidamente que preciso ir e corro para atender. Destranco e abro a porta, dando de cara com uma menina de cabelos castanhos com mechas lilás, presos num coque bagunçado, assim como sua franjinha. Sua roupa era toda estampada e colorida. Percebo que ela tinha uma bandeja em mãos.
— Oi, você é a nova moradora, não é?! — ela pergunta, simpática e eu respondo que sim — Eu tentei criar um comitê de boas-vindas do prédio mas todo mundo aqui é antipático então o comitê é apenas eu— contou revoltada—Seja bem-vinda! —muda seu tom e me entrega a bandeja, que estava bem pesadinha.
Não sei se a história que ela me contou era para eu dar risada ou sentir dó, então eu apenas permaneci quieta. Agradeço, com a maior sinceridade, o que ela me entregou — que ainda é um mistério— e sua presença. Ela sorri.
— É um bolo de chocolate, eu não sei se você gosta. Eu fiz uma cobertura também!
— Eu amo bolo de chocolate, obrigada mesmo!— eu respondo animada. Eu amo mesmo bolo de chocolate.
— Bom eu preciso ir, agora. Mas qualquer coisa que precisar, eu moro no 213, no fim do corredor!
— E qualquer coisa que você precisar, você já sabe onde eu moro — nós duas rimos e depois nos despedimos.
Gostei dela.
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moonlight ; timothée chalamet
Fanfiction"eu vejo constelações inteirinhas no seu rosto" Atlas é a nova vizinha de janela de Timothée, recém-chegada em Nova York e com uma ansia dentro de si por todas as novidades e mudanças. Ela sempre foi assim, ela nunca esteve fixa em um lugar, em uma...