Quando você já morou em várias cidades diferentes você já sabe bem como é ser nova em algum lugar, e até meio que se acostuma. Você sabe como
é o primeiro dia de aula sendo a aluna nova, ou como é o estar indo para sua aula extracurricular de astronomia pela primeira vez, ou tendo a sua primeira festa na cidade nova em que você tem apenas duas opções: ir para um canto e mexer no celular enquanto bebe algo duvidoso como se fosse o maior entretenimento do mundo para ninguém perceber o quão descolada você realmente está ou tentar a sorte ao ir fazer amizade com os convidados. Ou até mesmo, ser nova na vizinhança e ter que ficar por dentro de todo esquema que os moradores de anos construíram e dependendo do lugar, eles estranhamente seguem como se fosse lei e caso você não o siga, receberá olhares feios. Isso é uma dica caso você algum dia vá para Detroit.Mas não importa quantas situações dessa você já tenha presenciado, é inevitável ter um frio na barriga . E é assim que eu me encontro agora. No portão da minha faculdade, dando o primeiro passo dentro dele e dentro do meu futuro, com aquela sensação no peito de estar enfrentando o desconhecido. Caminho pelo campus, o qual eu me recordo um pouco da vez que eu o visitei com os meus pais para fazer a matrícula, fingindo a maior naturalidade e tentando não transparecer que eu estava totalmente perdida. Procuro no meu celular o número da minha sala e o prédio que ela se localizava novamente no email que a universidade tinha me mandado. Já era para eu ter decorado essas informações com o tanto de vezes que eu revi esse email com ansiedade.
" A112, edifício 1" leio e vou em direção a um mural que continha milhões de informações, torcendo para a que eu precisasse, estivesse ali. Agradeço à todas as forças do universo assim que vejo um mapa com o caminho certinho para o para o prédio que eu tinha que chegar a partir do lugar que eu estava. Localizo-o então e sigo, aproveitando a vista que o campus me proporcionava, agora que eu podia fazer isso por estar tranquila. Após algum tempo eu chego na sala e já a encontro relativamente cheia. Algumas pessoas já estavam conversando e se enturmando, enquanto a maioria apenas estava sentada mexendo no celular ou em quaisquer outras coisas para passar o tempo. Vejo uma carteira vazia no fundo e resolvo me sentar ali, pedindo que ninguém pegasse esse lugar antes de mim. Agradeço mentalmente quando eu chego lá e me sento. Começo a arrumar minhas coisas na mesa, esperando o professor ou professora chegar.
Tomo um susto com um barulho de livros caindo vindo do meu lado. Olho para essa direção e vejo um garoto sentado na cadeira ao meu lado, xingando com todos os palavrões possíveis, enquanto recolhia seus materiais do chão. Me voluntario para ajudá-lo, que aceita com um sorriso no rosto, envergonhado. Assim que tudo está de volta na sua mesa, ele se vira para mim.
— Obrigado por me ajudar. Eu fui vergonhoso — ele diz rindo e eu rio junto.
— Relaxa, isso acontece com todo mundo.
— Tudo é culpa do meu pai! Aquele inferno resolveu dar uma de pai presente bem hoje, fez eu me atrasar e me deixou todo nervoso. Olha no que resultou! — ele bufa e se escora na cadeira, cruzando os braços.
Fico sem saber o que falar. Ele acabou de se abrir e eu não faço ideia de como reagir. Sinto um alívio quando ele volta a falar rapidamente e eu não preciso mais me preocupar em preencher o silêncio.
— Me desculpa, eu não costumo desabafar com estranhos, eu juro! Não que você seja estranha, você não é! Falei "estranhos" no sentido de gente que eu não conheço. E eu estou me explicando demais, não é? Minha psicóloga falou que eu tinha que parar com isso, me desculpa de novo. Droga! Ela falou que eu tenho que parar de me desculpar por tudo, também! Eu faço tudo errado — Se escora de novo na cadeira, mas dessa vez com suas mãos cobrindo o rosto.
E se antes eu não sabia o que responder, imagina agora! Internamente eu estava num misto de rir do quão atrapalhado esse garoto é e com um dó imenso do seu nervosismo.
— Qual é o seu nome?— pergunto, e ele me olha, ainda envergonhado.
— Alex. E o seu?
— Atlas. Mas olha, Alex, não precisa se desculpar por estar nervoso, todo mundo fica uma hora ou outra. Tenta relaxar, tomar uma água e aproveitar que hoje é seu primeiro dia na faculdade!
Ele dá um sorriso sincero. Sim, essa foi minha —péssima—tentativa de aconselhamento e eu surpreendente e sinceramente acho que deu certo, pois logo Alex estava me agradecendo e contando como foi que ele escolheu essa faculdade, até que foi interrompido pela professora entrando na sala. A sala ficou em total silêncio. Ela caminhou até a mesa e só conseguíamos ouvir o barulho do seu salto contra o chão. Agora era aula de Álgebra Linear e eu nunca tive uma experiência muito boa com professores de matemática no Ensino Médio, o que me dava certo receio. Ela se apresenta como Sra. Scott e faz com que cada um de nós nós apresentássemos, dizendo nosso nome e de onde nós viemos. Acho que eu tive a impressão errada dela, Sra. Scott parecia ser bem fofa.
Diferentemente do resto dos professores que se apresentaram hoje, Sra. Scott foi a única que fez uma pequena apresentação. Todos os outros já nos bombardearam com matéria e discursos sobre a dificuldade do curso. Era o que eu esperava de uma faculdade mas não o que eu queria no primeiro dia.
Alex me acompanhou em quase todas as aulas e a gente compartilhava da mesma frustração adolescente de como seria a universidade. Foi muito divertido estar com ele.Cheguei em casa cansada e depois de tomar um banho, fiquei o resto do dia deitada assistindo Mamma Mia 1 e 2, cantando todas as músicas e comendo as comidas menos saudáveis da minha cozinha. Hoje o dia não foi bem o que eu imaginei, mas estou muito feliz de estar aqui. Tenho muitos dias pela frente ainda.
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moonlight ; timothée chalamet
أدب الهواة"eu vejo constelações inteirinhas no seu rosto" Atlas é a nova vizinha de janela de Timothée, recém-chegada em Nova York e com uma ansia dentro de si por todas as novidades e mudanças. Ela sempre foi assim, ela nunca esteve fixa em um lugar, em uma...