Capítulo 08

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Recomendo a leitura com a musica helium da cantora Sia para intensificar os sentimentos.

Davis Varão 

Parte um... 

Ela voltou, e não me procurou em momento nenhum. Já tinha a porra de um mês que ela havia voltado para o brasil, e ela não me mandou nem um oi por mensagem. Não que fosse fazer muita diferença, mas eu estava que nem um cachorrinho aflito.

Justo eu, Antonio Davis Varão, que sempre se considerou o único homem no mundo que não pensava com o pau e sim com a mente. Sempre me achei tão diferente dos meus amigos o pai do Trevvis e o meu próprio afilhado que se deixaram levar por mulheres, tanto que eu so me casei com 35 anos, prestes a assumir a cadeira de juiz, havia prestado o concurso, e estava terminando meu cargo como juiz local e entrando na magistratura quando o meu professor na época me chamou em um canto, e falou com todas as letras, "voce tem que se casar" fiquei olhando pra ele com cara de tacho sem entender o porquê, eu era o melhor entre todos que faziam o curso, eu não havia reprovado em nada já estava com a carreira de advogado consolidada, mas parecia que so isso não adiantava "Não interessa se é nova ou velha, santa ou uma vadia qualquer, se case, estamos em um meio onde é cobra engolindo cobra, voce pode ser o melhor de todos, mas se pegarem um ponto seu fora do lugar eles te colocam para trás. Com voce casado automaticamente se tornara um homem de familia"

Eu me casei meses depois com uma colega que já tinha uma filha de 2 anos. Naquela época uma mulher com filhos e solteira era algo polêmico. Os primeiros anos de casamento foram uma maravilha mas depois tudo se tornou um inferno, mas eu aguentei 20 anos, mesmo entre traições de ambas as partes, o nosso acordo era de sermos discretos, mas como se é discreto quando se gosta de coisas um pouco fora do comum, eu tentava ser, procurava clubes mas nunca rendia muita coisa, e podia me causar problemas, acabou que depois desses anos casado tudo desandou, todo o acordo que tínhamos foi para o ralo quando eu resolvi terminar, mesmo me disponibilizando em ajudar com tudo e garantir todos os direitos dela a mulher não queria assinar os papeis do divórcio, era como convida-la a se enforcar.

Consegui me separar definitivamente dois anos depois, e nesse tempo a ideia da boate surgiu, um lugar acima de qualquer suspeita, foi o único negócio escuso que eu pratiquei na minha vida, como um magistrado eu não podia ter nenhuma empresa em meu nome, dirá entao uma casa noturna. No início estava no nome da minha filha, e depois quando me separei definitivamente a empresa passou pra o nome do pai de trevvis, meu grande amigo e compadre, agora está e meu nome, desde que me aposentei, mas entre tanto, não me arrependo de nada do que eu fiz.

Para provar minha tese, cá estou eu, em frente a um bar caído, ouvindo uma música dor de corno manso, que combina comigo, enquanto espero ela tomar uns goles de cachaça.

Ela ainda irá me deixar louco, esse era um fato concreto.

Depois que ela virou o terceiro copo eu resolvi me aproximar, fui devagar entre o emaranhado de pessoas que estavam ali. Era um botequim bem caído, mas ela sempre ia lá. Talvez o local trazia algum tipo de recordação a ela.

—Não te falaram durante o seu curso que perseguir pessoas é crime?

Fechei os olhos por breves instantes, eu estava atrás dela. E ela sabia que eu estava lá.

— Eu vim conversar com voce.

—Nós não temos absolutamente nada pra conversar Davis, eu ja estava indo embora.

Não sei muito bem qual o problema dos bares que parece identificar a dor de corno de um homem, a música sertaneja que tocava deu lugar a outra internacional, melosa obviamente falava de amor.

A margem da LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora