Continuação

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— Você tem uma filha?

Quando eu vi a minha boca grande já tinha feito a pergunta de 2 milhões de dólares. Credo nem valia isso tudo.

— Sim, eu tenho uma filha, de 26 anos.

Não pude evitar minha cara de surpresa.

Ele tinha uma filha e da minha idade.

Aquilo me pegou de surpresa. Definitivamente.

— Eu não sabia!

— Você nunca se importou em saber nada sobre mim, joana, sempre foi o contrário, isso não me surpreende.

O tom do deboche em sua voz foi um tapa na minha cara.

Mas eu merecia definitivamente.

— Bem, eu não fazia ideia.

— Sophia está a Itália, fazendo intercambio. Ela já está lá a um ano, mora comigo quando está no Brasil. Ela agora passa mais tempo estudando em outros países.

O luxo de ser filha de rico.

— Eu estou surpresa.

Falei me levantando da bancada e terminando de limpar minha boca.

— Sophia, não é minha filha de sangue, joana, eu me casei com a mãe dela, quando ela tinha 02 anos. Eu que registre, eu que cuidei, é minha filha, mas nunca quis ter mais filhos com a mãe dela. Depois que me separei, mais de 20 anos depois, ela veio morar comigo.

Seus olhos brilharam quando falava da filha, e foi impossível não dar uma derretida.

— Você foi casado durante muito tempo. Sua ex não tentou engravidar, ou te convencer.

Ainda sentado bebendo o suco ele me olhou.

— Não, nosso casamento foi boa aparência até certo ponto. Nem eu, nem ela pensávamos em ter mais filhos. Estávamos bem, fingindo de casados.

Davis em um casamento por aparências, era algo que eu ao conseguia juntar numa mesma imagem.

— E você joana, nunca teve vontade de ter filhos?

Em que momento a conversa chegou aquele ponto sobre filhos, ou melhor, meus filhos. Foi inevitável não voltar no tempo, quando eu tinha 12 anos mal feito, e pouco após menstruar a primeira vez. Talvez uns 05 ou 06 meses depois? Não me lembrava mais, foi a falha de um mês, em que minha vizinha não conseguiu me levar a farmácia tomar remédio.

— Joana?

Escultei meu nome e balancei a cabeça afastando aqueles pensamentos obscuros, eu apaguei aquilo da minha vida, não era mais aquela garota abusada. Eu era Joana Bittencourt.

— Não nunca engravidei e nunca tive filhos e nem pretendo ter.

Ele sentiu, eu tinha certeza que ele tinha sentindo no peso das minhas palavras meus motivos.

— Acho melhor te levar para o quarto, você precisa descansar amanhã vai ser um longo dia.

Guardamos tudo, e limpamos a bancada, tirando todos os farelos de pão, enquanto Davis lavava os copos sujos eu retirava a sujeira.

Terminamos rápido, e ele me mostrou os quartos no segundo andar, o quarto dele era o primeiro no corredor, e o quarto da filha dele qual eu ficaria ficava mais a frente do outro lado.

Paramos na porta quando ele abriu permitiu minha entrada, o quarto da filha dele era enorme, com cores neutras, e proveniente de uma mulher adulta.

A margem da LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora