Prólogo

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16 anos antes

Minha mãe havia acabado de entrar no quarto, eu terminei de fazer a Sofia dormir, minha irmã esta muito doente, mas minha mãe não se importa nem olha pra ela, mas eu sim, cuido dela com todo o carinho que não recebo, meu pai foi embora a anos atrás, o de Sofia nem sei quem é, e eu tenho dez anos e já cuido de tudo, da casa da irmã e as vezes até da minha mãe. Ela entra olha minha irmã dormido e se vira para mim. Ela ta daquele jeito, seja olhos estão vidrados e vermelhos, como sempre ficam depois quando ela volta de algum lugar.

-Vem pra sala agora, coloca uma roupa bonitinha e vem, rápido!

Será que nos íamos sair hoje, sempre que ela pede pra mim por uma roupa bonitinha é porque quer que eu saia de casa.
Coloquei a melhor camiseta que eu tinha, e uma sainha rodada que eu amo, que uma tia me deu anos atrás e ainda me serve. Tomara que nesse lugar tenha comida. Estou com fome, a vizinha comprou mingual, mas eu faço so pra Sofia ela gosta de comer mingual, e eu como o que sobra no prato, sempre um pouco, a vizinha também fez uma coisa que deixa roxo o caldo Do feijão e eu adorei, ela falou que era beterraba, e ia deixar minha irmã forte, e que ela ia dormir de barriga cheia.
Antes de sair Do quarto olhei minha irmã de pertinho, ela não falava, nem andava, não fazia nada sozinha, e ainda mijava na cama, a vizinha falou que foi falta de vacina, e as porcarias que minha mãe usou na gravidez que deixou minha irmã assim, mas eu acho que e mentira, ela e muito pequena, por isso não faz nada, mas ela já tem 04 anos. A filha da vizinha tem 05 e já faz tudo mesmo assim eu não acredito.

Sai do quarto pra sala mas parei antes de entrar, minha mãe conversava com alguém, era um homem.

-Ela já aguenta? Não vai ser muito nova?

O homem falou. E minha mãe respondeu em seguida.

-Comecei aos 9 e não morri. Ela aguenta sim.

Aguentava o que?

-Bem se você diz, eu já tenho o cliente perfeito pra ela, tem um velho que paga uma nota por garotinhas.

-So me devolve inteira OK.

Ela falou antes de me ver próxima a entrada.

-O guria vem aqui logo.

Andei ate lá e me assustei ao olhar o homem, ele era feio e parecia malvado.

-Esse tio aqui ho, vai te levar pra dar um passeio, você se comporta direito se não quando chegar aqui já sabe né?

Olhei para o homem, ele sorrio e os seus dentes eram amarelos e sua boca fedia, mesmo de longe.

-Vai ser divertido, você vai adorar o passeio.

Ele falou, eu senti algo ruim passar por mim. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu me virei para minha mãe.

-Mãe...

A lágrima escorreu, como se eu soubesse o caminho que estava traçado pra mim.

-Vai logo garota.

O homem pegou no meu braço e me levou dali, eu não relutei, se ela se indignasse, eu iria apanhar de novo, ela tinha uma corda pra me bater e minhas pernas, costas e ate o rosto ficavam marcados. A vizinha já chamou a polícia uma vez, mas ela me olhou feio e mandou eu dizer que sou arteira se não eu aí apanhar mais então eu fiz o que ela mandou.

A margem da LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora