7 - Too Much Reality at Once

30 6 0
                                    

Fico especada no mesmo sítio, a tentar perceber o que está a acontecer. A minha mãe aparece por trás daquele homem estranho. Quando finalmente ponho o meu cérebro a trabalhar, não sei o que fazer. Será que ele é...?? Não pode. Porquê, porquê agora? O meu cérebro não para de pensar em demasiado nestas questões sem chegar a obter uma resposta concreta e fico com uma dor de cabeça. Só agora é que a realidade me atinge. O silêncio constrangedor que fora formado é cortado pela minha mãe.

- Hum... pensei que só chegavas a casa mais tarde. - diz a minha mãe, sem saber bem o que há de de fazer ou dizer.

- Pois... mas não cheguei. Quem é ele?? - pergunto direta ao assunto.

- Hum... ele é... ele - gagueja a minha mãe. E aí as minhas dúvidas foram confirmadas. É mesmo ele.

- Eu sou o teu pai. - diz o estranho falando português com um sotaque britânico. E eu agora é que não sei o que fazer ou dizer, acho que vou arrebentar. Eu sei que disse à minha mãe, que o ia dar uma oportunidade para ele me conhecer e explicar-se mas não estava à espera que o conhecesse tão rápido, quer dizer, ainda não me preparei psicologicamente para isto. Silêncio contrangedor outra vez e sinto os seus olhares em mim, à espera de uma reação. - Sei que deves ter muitas perguntas na tua cabeça mas eu vou explicar-te tudo. - e diz a palavra tudo olhando repreensivamente para a minha mãe. Mas que raio porque é que ele olhou assim para ela??

- Okay podes começar. - digo mais severa e agressivamente do que pretendia. O que é que vêm daqui??

- É melhor sentarmo-nos. - diz o meu suposto pai. Entro dentro de casa e dirigo-me à sala, sentando-me de seguida no sofá. Os meus pais também se sentam. Que lindo a família toda reunida (sintam a ironia).

- Bem antes de começar, eu espero que percebas aquilo que eu fiz foi para te proteger, porque eu amo-te muito e nunca duvides disso e espero que algum dia me possas perdoar. - diz a minha mãe muito rápido e com um olhar arrependido e culpado. Mas que raio para que foi isto? Perdoar?? Fogo já não estou a perceber nada.

- Ok, aqui vai. Para perceberes isto vou-te contar a história como eu e a tua mãe nos conhecemos. Eu venho de uma família inglesa bastante rica e abastada e muito conservadores. Os meus pais compraram uma casa aqui em Portugal e vínhamos todos os anos aqui passar férias. A tua mãe era filha da empregada e também ajudava com algumas tarefas domésticas. Eu sempre tive uma grande paixoneta por ela, mas sabia que os meus pais não iam aprovar especialmente sendo ela de uma classe inferior e ser 4 anos mais nova que eu. Mas um dia arranjei coragem e disse-lhe o que sentia e fiquei muito contente quando soube que o meu amor era correspondido, por isso começámos a namorar em segredo. Mas não fomos cuidadosos o suficiente e fomos descobertos, quando os meus pais souberam foi um escândalo e mandaram-me de volta para Inglaterra. Mas no dia da minha partida a tua mãe com apenas 18, disse-me que estava grávida, tentámos fugir juntos mas não conseguimos. Eu voltei para Inglaterra e nunca recebi uma carta dela mesmo que tenhámos prometido escrever todos os dias a não ser uma nove meses depois a dizer que a minha filha tinha morrido. Fiquei desvastado mas os meus pais seguiram com a minha vida por mim. Casei-me por ordem dos meus pais e tive mais dois filhos mas nunca uma filha. Agora 18 anos depois ao arrumar as coisas do passado vejo numa velha caixa, muitas cartas sendo todas elas da tua mãe. Confrontei os meus pais com o meu achado e eles contaram-me que eles tinha subornado a tua mãe para ela abortar e deixar me em paz, mas ela não aceitou. Eventualmente tu nasceste e a tua mae estava perdida, os seus pais era pobres, mal tinham dinheiro para se sustentarem, então ela fez um acordo com os meus pais. Ela dizia que perdeu o bebé e para eu seguir em frente, que o nosso amor não tinha sido nada de importante, recebendo todos os meses desde o teu nascimento até agora uma boa quantia de dinheiro todos os meses pelo seu silêncio e para a te criar. Desculpa por teres crescido sem um pai mas eu não sabia. - diz ele. Se eu não sabia como reagir antes agora é que não sei mesmo.

Depois de o meu pai contar a história, ouço a minha mãe chorar. Levo as mãos à minha cara e verifico que também estou a chorar. A razão por eu ter crescido sem pai é a minha mãe, quer dizer a culpa não é bem dela é de pessoas retrogodas com mentalidade fechada que pelos vistos são os meus avós, ela é culpada parcialmente.

- Eu sei que é muita informação para assimilar de uma só vez, mas eu quero compensar o tempo perdido. E não culpes a tua mãe por querer o que pensava ser o melhor para ti na altura. Eu sei que é muita coisa só de uma vez mas eu queria fazer-te uma proposta. Não precisas de responder já, mas eu queria saber se gostavas de ir comigo para Londres eu sei que a tua escola acaba para a semana e também sei que o teu sonho é estudares numa faculdade inglesa... - propõe o meu pai.

- Thomas... não a tires de mim... - suplica a minha mãe.

- Não pensaria nisso tu também irias, se ela decidir ir. - afirma Thomas. - Agora pensa bem no que queres eu vou deixar o meu cartão com o meu contacto para depois dares notícias. Eu vou estar aqui toda a semana. - diz, levantando-se e dando-me um beijo na testa e indo-se embora.

Eu não sei o que pensar. Tudo o que pensava ser não é, a pessoa em que mais confiava mentiu sobre tudo o que ela alguma vez me disse. Posso começar uma nova vida noutro país, que por acaso é o meu país de sonho, e confiar numa pessoa que nunca vi na vida nem a conheci. A decisão que irei fazer irá transformar a minha vida. Eu estou demasiado canasada para pensar nisso, eu vou tentar dormir. Levanto-me sem dizer nada e ddirigo-me para o meu quarto.

-------------------

Está aqui outro capítulo. Espero que gostem.

Xoxo crazygirl ;P

Broken TrustOnde histórias criam vida. Descubra agora