Conto 1° - O Cavaleiro

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Para maior imersão, escute a playlist acima! :)

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Em um entardecer alvorado um homem galopava em seu cavalo em sofreguidão.

As folhas da tarde dourada caiam aos poucos.

A floresta a qual atravessava era em seus pensamentos, mórbido.

Ele usava apenas uma das mãos para agarrar a rédea. Pois seu outro braço havia sido decepado em suas últimas lutas.

Ele outrora já enfrentara criaturas colossais, maiores que castelos.

Batalhou em guerras santas e empunhava sua espada com grande zelo.

Já salvou pessoas condenadas injustamente.

E também brandiu a espada contra o mentiroso crente.

Alvejado contra Reis e Rainhas.

Sob a mira de Deus e Deusas.

Suas roupas estavam sem mais linhas.

Sua espada sem bainha.

Ao chegar no final da floresta Alvorada, ele para o cavalo.

Seus olhos chegavam no limiar de uma outra vida.

Ele cansou de lutar pelos outros, agora queria paz.

O barulho da lâmina repudiava.

Seu corpo se enfraquece pela primeira vez depois de anos.

O Cavaleiro deita de costas sob o equino.

A espada escorrega da sua cintura, caindo ao chão.

Este era o fim de um homem que lutou pelos seus.

O som metálico não o incomodava mais.

Os gritos agoniantes não o amaldiçoavam mais.

Ele partiria desta vida, sem nenhum arrependimento.

Ele morreu cumprindo seu propósito.

E vive até hoje, em nossos corações.

...

"O cavaleiro não tinha um nome, vô?" perguntou a criança em sua cama.

O velhinho que estava sentado ao lado do berço dá um sorriso caloroso.

"Bons homens realizam atos de gentileza sem ter em mente a idealização do reconhecimento. Eles fazem o que precisa ser feito pela mais pura obra da humildade humana." Responde o idoso gentil.

"Então nomes não importam?" questiona a criança sonolenta.

"Você aprende rápido, meu grande cavaleiro." Responde o velhinho, cobrindo melhor seu neto adormecido.

...


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