Conto 10° - Esmolas

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Para maior imersão, escute a playlist acima! :)

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O Homem estirado no chão

Já foi certa vez um cidadão

Vestia sempre terno

E tinha um sorriso com poucos dentes "sinceros"

Vendia produtos milagrosos

Atraia muitos clientes vaidosos

Quem sabe o fim que ele teve

Estar no chão, sujo e largado

Não devia estar sendo tratado como gado

Para ser abatido, apenas podia retarda-lo

Mas mesmo assim, ele sempre pedia por esmola

Moedas já lhe era garantido por uma velha senhora

Mas isso não lhe bastava

Ele queria mais outrora

Retendo todo seu ódio toda hora

E querendo descarregar seu ódio na calçada afora.

Aah... Eu não queria que as coisas acabassem desta forma

De fato, o homem de rua não aguentou nem dois meses

Antes do fechar de olhos

Ele sentiu o desprezo dos que passavam por ele

Ele amaldiçoou cada um que lhe negou assistência

Obriga-los a pedir por clemência

E que nunca mais ignorem-no fingindo demência

De fato, esta nunca foi sua essência 

Mas fazer o que?

O desespero de perder tudo que tem

É avassalador para qualquer um

Não há cura melhor, do que uma garrafa de rum

Mas é óbvio, não podemos curar a morte

Muito menos atrasar sua falta de sorte

Bateu as botas, amigo

Até nunca mais, homem sofrido.

...

A rua foi interditada por longos dois meses após a morte do homem de rua.

Pessoas que passavam por ela no anoitecer tinham suas mãos abertas e hemorragias em seus olhos.

Dizem as lendas que a razão era da tal maldição daqueles que sonegaram a assistência ao homem.

As mãos abertas eram devidas ao fator de serem as receptoras do papel que faz a economia e sociedade andar.

As hemorragias oculares por conta de evadirem os olhares dos necessitados.

De qualquer forma, espero que tu não queira passar por lá com seus amigos.

*explica um homem de terno para seu filho adotivo, que estava saindo de casa com os amigos.*

*ele dá um sorriso para o filho e se despede. Uma lágrima escorre do olho direito do homem, nada que naturalmente não resseque*

O resto? Procure ajudar meu chapinha!

Vivemos em coletividade

Não na individualidade 

Por mais que seja um conselho de verdade

Jamais fuja da sua responsabilidade.

...

Contos e poemas sóbriosOnde histórias criam vida. Descubra agora