Conto 30° - Adeus musical

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Bom, por se tratar de um último conto, decidi deixa-lo mais extenso que o normal. Então, tenha uma ótima leitura!

...

Violinos, cantoras e dançarinos. Um bar nas províncias do esquecimento sempre tão lotado e com pessoas de todas idades e sabores, com desejos diversos e diversos sentimentos. A música, o cheiro doce de perfume e do rum permeavam todo estabelecimento. Pessoas dançam com ânimo em cada baque com os pés contra o assoalho rígido, cada flor de beleza e de felicidade sendo esculpido em olhares e toques de mãos. Eu observo tudo numa mesa encantado por tudo aquilo, juntamente com uma amiga de longa data, ambos em silêncio. Dou um pequeno gole no copo de vinho seco enquanto ela bebia água diretamente da garrafa. Eu batia com os pés fazendo o contra tempo e ela batia com a ponta dos dedos na mesa para acompanhar.

Para a quebra do silêncio eu pigarreei - podíamos nos juntar, só nós estamos aqui.

Ela me ignora e continuava fitando com aqueles belos olhos de tamanha magnificência que poderiam facilmente me engolir em um limbo infinito de paixão, talvez fosse o local que me deixara assim - ou a bebida - que me deixaria tonteado. Numa tentativa de atenção eu chuto o calcanhar dela e pergunto novamente. - não, não obrigada.

Ela parecia estar atrelada a outra coisa, outra pessoa, então desisti e voltei a assistir as danças, os sorrisos e as palmas de pessoas que acompanhavam a melodia e os passos.

Um garçom se aproxima saltitante e com um belo sorriso brilhante, como se fosse me abraçar e falasse "vai ficar tudo bem, meu velho!". Lhe pedi uma garrafa inteira de conhaque e uma pequena garrafa de água para minha companhia distraída.

Ele se retira me fazendo um olhar de pena sobre minha pessoa, afinal, éramos os únicos sentados no bar. - Fiz algo que lhe aborreceu? -  Perguntei ao debruçar-me na mesa, olhando-a entre meus cachos que cobriam parte da minha visão.

- Não, não fez. - Me respondia ao finalmente me conceder a sua atenção, por alguma razão apenas assuntos sérios faziam-na focar totalmente em mim, ou pelo menos oitenta porcento.

- Então vamos dançar, como nos velhos tempos! - Palpitei levantando a cabeça e estendendo a mão à ela. Ela desvia os olhos dos meus e olha para minha mão, com um rosto entristecido.

- O problema sou eu? - Insisti um pouco, querendo desvendar a charada daquela mente fantástica e curiosa que ela tinha.

- Não estou querendo te dar falsas esperanças. - Respondeu se virando para a multidão dançarina. Eu fecho minha mão e resguardo ela nas minhas pernas.

- É só uma dança, ou você tem medo? - Provoquei ela com uma coragem que jamais tive. Ela mantém o rosto virado para os casais que dançavam com frenesi e paixão.

- De dançar com você? Sim, você sempre pisa nos meus pés ou tropeça.

Eu inclinei meu corpo por cima da mesa, me aproximando dela. O cheiro do perfume dela e o efeito do álcool provavelmente dominou minha vontade.

- Você tem medo de se apaixonar por mim. - "Eu falei, eu realmente falei isso!" eu pensei.

Ela cerrou os olhos e mordeu o lábio inferior, parecia irritada. 

- Não, eu já disse que não o vejo dessa forma. Por que insiste tanto?

Eu me aproximei ao ponto de ela poder sentir minha respiração quente em suas bochechas e orelha.

- porque somos os únicos que negam os sentimentos aqui. - Sussurrei em seu ouvido.

Ela virou o rosto pra mim rapidamente, ao me ver tão próximo, me empurrou para meu banco com uma força exagerada, me afastando dela e machucando as costas no banco.

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⏰ Última atualização: Jul 01, 2022 ⏰

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