Conto 28° - Sonhos

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Sempre que acordo, eu sei que ainda permaneço no mundo mental. Um lugar onde não percebo se estou vivo ou morto, feliz ou triste, me movendo ou parado - só existo - caso soubesse. Apenas seguindo um Script desse mundo de imaginação e criação de uma mente perturbada por outros humanos iguais à mim.

Uns lugares se passam em minha confortável casa, que se tornam a mais tortura criada por uma alma penada. Outros momentos apenas em ruas inseguras onde não sei onde irão me levar, - será que aquele pedestre vai me machucar? - Não sei, a paranoia persegue meus passos que ecoam na calçada daquele lugar movimentado por pessoas sem rostos conhecidos e que assombram o aspecto medonho me fazendo querer gritar.

Lembro em ter sonhos com os que amo, que partiram ou com os que deixei escapar como areia entre os dedos, acordo com o coração acelerado e a ponta dos lábios secos. Trêmulo, busco me levantar da cama todas as vezes, ver o horário no celular sobre a mesa do outro lado do quarto e voltar a me deitar. Preciso descansar para logo mais trabalhar, eu preciso encarar o medo mais um pouco desta mente torturada.

Ei, por qual razão insisto em sonhar? poderia passar noites em claros e fingir que adoeci para não trabalhar no dia seguinte, mas a vida não para. Eu não posso ficar para trás. Oh, mi amore, me magoar não é algo que se faz.

Não contei? estou sonhando novamente e não sei distinguir a mentira da verdade, sonhava agora com minha amada e ela fugia de mim, reservando ao meu peito grande saudade.

Minha cabeça prega peças onde fico cauteloso sobre minhas decisões e sinto que isso me afeta de forma mais drástica do que poderia imaginar. Meu corpo reage de forma positiva pois anseia em se desgastar e me obrigar a descansar. "Outra noite de sono, querido John".

Hoje eu durmo, durmo com muito medo. meus olhos pesam e meu cérebro questiona "por que tão cedo?"

Agora, deixe-me tirar um cochilo, os sonhos são como pesadelos imensuráveis, mas as vezes, a realidade tende a ser mais cruel do que pensamentos inimagináveis. Por isso, durma. Sonhe e se possível, não deixe a dona insônia ou ansiedade lhe agarrarem o coração e sufocar seu esôfago. Durma ao fechar os olhos ou num pequeno sopro.

Vai ficar tudo bem, os monstros apenas existem em sua cabeça.


Contos e poemas sóbriosOnde histórias criam vida. Descubra agora