Capítulo 7

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No dia seguinte, quinta-feira, saí da clínica veterinária algumas horas depois do fim do meu expediente.

Nós recebemos um paciente emergencial, um gatinho que havia sido atropelado e precisava de cirurgia imediata. Mas todo o processo demorou mais do que eu havia imaginado porque todo o quadro clínico do animal era muito grave. A minha veterinária supervisora havia me dito que eu poderia ir embora de assim quisesse, já que havia passado do meu horário, mas eu neguei. Não iria embora enquanto não soubesse que aquele gatinho ficaria bem.

Finalmente, ele havia sido devidamente tratado e agora descansava tranquilamente em uma das cabines da clínica.

Segui até o estacionamento e me aproximei da minha moto, já colocando o capacete. Montei e dei a partida, rodando com velocidade um caminho que não traçava já faziam duas semanas. Sorri, me perguntando se eles estariam acordados. Então balancei a cabeça, me repreendendo; é claro que estariam. Acelerei, meu coração batendo em saudade. Não demorou nem vinte minutos para que eu estivesse estacionando no concreto inclinado da entrada da garagem. Desliguei a moto, retirando o capacete. Caminhei até a porta principal e toquei a campainha.

Enquanto esperava, girei os olhos pela parede principal e pelos arbustos, vendo que tudo estava simplesmente impecável; como sempre havia sido desde que eu me entendia por gente. O ranger da porta me tirou de meus pensamentos e eu aprumei a postura.

— Harry! — Remus bradou com alegria, e eu sorri para ele.

Seus cabelos cor de areia estavam despenteados e os óculos que usava para leitura estavam levemente tortos no rosto, o que só poderia indicar que estava preparando uma aula ou corrigindo provas – ou que havia acabado de sair de uma sessão de amassos com Sirius, mas eu preferia não pensar nisso. Os olhos claros brilhavam para mim por trás das lentes e seu sorriso me saudou antes que me puxasse para um abraço apertado.

— Oi padrinho — cumprimentei, abraçando-o de volta.

— É o Harry?! — ouvi a exclamação latida de Sirius vindo de dentro da casa, poucos segundos antes de me ver duplamente abraçado. — Finalmente decidiu vir visitar os seus velhos! Nós já estávamos aqui pensando que havia se esquecido completamente da família!

Rolei os olhos, ainda rindo.

— Sirius, eu vim aqui tem duas semanas, não exagera! E como eu poderia me esquecer de vocês, hein?

— Duas semanas é um tempo muito longo, Harry! — ele exclamou exasperado, e eu lembrei que sempre falava algo parecido para Draco.

— Certo, certo, já chega! Padfoot, desencosta! Esse abraço em família já está demorando demais — Remus reclamou, se desvencilhando de mim e empurrando Sirius de volta para dentro.

— Ow, Moony, você fica muito chato quando está corrigindo provas — ele resmungou com uma careta, confirmando uma das minhas teorias. — Se eu soubesse que deixar você seguir seu sonho de ser professor me renderia um marido chato eu teria te prendido em casa.

— Não teria não. Agora sai, Padfoot, deixa o Harry entrar!

Eu tinha um sorriso de orelha a orelha quando finalmente entrei na casa, sentindo uma onda de amor e carinho varrendo meu corpo ao estar na presença da minha família outra vez e observar a interação deles. Sirius e Remus estavam juntos há uma vida inteira. Haviam se conhecido aos onze anos, na escola, mesma época em que conheceram o meu pai. Desde então, a amizade dos dois apenas evoluiu e se transformou e em apenas alguns meses eles completariam vinte e cinco anos de casados. E era incrível estar na presença deles e realizar que eles nunca deixaram de se amar e de ter essa cumplicidade. Era algo bonito.

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