Capítulo 10

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A manhã de segunda-feira começou agitada e eu me sentia nervoso.

No dia anterior Draco havia me contado que Anna me chamou para conversar com ela e os outros veterinários da clínica e eu sinceramente não sabia o que esperar daquele encontro. Infelizmente e para a ruína da minha ansiedade, eles só poderiam falar comigo rapidamente e no horário de almoço, como constava no e-mail que eu havia recebido dela na noite anterior.

Dessa maneira, tudo o que eu pude fazer foi tomar um bom café da manhã e me sentar na sala para esperar o tempo passar. Mas me sentia tão inquieto que não conseguia sossegar, então resolvi iniciar uma boa faxina na casa como já não fazia há muito tempo. Quando terminei, horas depois, me sentia mais calmo apesar de estar coberto de poeira e suor, e tomei um longo banho para poder me aprontar para sair.

Estava secando os cabelos furiosamente na toalha felpuda quando ouvi o sininho de notificação do meu celular soando da cama. Era um mensagem de Draco.

‘Estou no meu horário de almoço e resolvi checar como você está. Então, como você está?’

Sorri, começando a digitar rapidamente.

‘Estava nervoso então fui faxinar a casa. Snuffles estava reclamando da poeira. Agora estou melhor e me arrumando para sair.’

‘Relaxe Harry, vai dar tudo certo. Você vai ver. E caso alguém te fale algo de ruim, você já sabe...’

‘E a regra sobre não ameaçar as pessoas durante as refeições?’

‘Você é muito chato.’

Em seguida, ele mandou uma série de emojis revirando os olhos, e eu ri baixinho.

‘Vai ficar tudo bem.’

‘Obrigado, Draco. Me deseja sorte.’

‘Boa sorte.’

E uma série de emojis de corações verdes, e eu ri outra vez.

Terminei de calçar meus sapatos e verifiquei se minha carteira e chaves estavam comigo, colocando ambos nos bolsos da calça jeans junto com o celular. Também verifiquei se Snuffles e Edwiges estavam com comida e água e se as luzes estavam apagadas antes de sair de casa e trancar a porta. Fiz a curta viagem de elevador até o térreo e logo montei em minha moto, rodando até a clínica.

Me senti estranho quando estacionei em frente a fachada branca e azul bebê com o logo da empresa. Era esquisito estar aqui vestindo minha jaqueta preta e jeans escuros ao invés do uniforme claro, além de ser estranho voltar depois da maneira como eu fui embora. Assim que passei pelas portas automáticas fui saudado pelas lufadas gélidas do ar condicionado e pelo olhar desconfiado da recepcionista. Com um estalo me lembrei que havia sido ela quem presenciara a cena de agressão na sexta-feira e fazia muito sentido estar receosa em relação a mim.

Mas nem ao menos tive tempo de expressar uma reação ou dizer qualquer coisa antes que Anna se materializasse em meu campo de visão, com seus cabelos louros presos em um coque frouxo no alto da cabeça e olhos castanhos gentis.

— Harry! Eu estava agora mesmo me perguntando onde você estava. Nós já terminamos de comer e hoje tem sido um dia bastante calmo, então creio que poderemos conversar sem muitos problemas. Venha comigo.

Anna liderou o caminho até seu próprio consultório e eu fechei a porta atrás de mim ao passar. Ela indicou um dos banquinhos que havia perto de sua escrivaninha e eu me sentei de frente para ela.

— Eu gostaria de conversar a sós com você primeiro, se você não se importar — começou, séria, e eu meneei a cabeça em concordância. — Bem, Harry, primeiro e mais importante de tudo: como você está? Percebi que tem um machucado bem feio aí — ela apontou para meu olho e eu sorri acanhado.

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