Enigma

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— Olha por onde anda, porra. É cego, por acaso?

Alguém tinha esbarrado no ombro de Sarawat, e já era difícil demais lidar com aquele garoto. A situação se complicou quando o rapaz que havia batido sem querer em seu ombro, ouviu o que ele tinha dito e o puxou pela manga da jaqueta jeans.

— O que foi que você disse?

Sarawat o encarou, com a cara fechada.

— Além de cego, é surdo?

— Qual é o seu problema? Eu só esbarrei em você. Desculpa. Satisfeito?

— Não. Por que puxou a minha roupa?

— Vamos embora, Tine. — Um rapaz disse baixinho no ouvido do outro, o puxando pelo pulso.

— É melhor mesmo, escuta o seu namoradinho. — Rebateu Sarawat, sem, de fato, querer arrumar confusão. Era irritado, verdade, mas não fã de uma briga no meio de um bar.

Respirando fundo e se acalmando, Tine deu a volta e decidiu ir embora, dando ouvidos ao cara com quem estava ficando há algumas semanas — não era o seu namorado, era só alguém que sabia beijar muito bem.

— Covarde! — Sarawat gritou.

Perdendo a paciência, Tine virou e jogou a cerveja que bebia no rosto de Sarawat. Ele ficou paralisado por alguns instantes. Quando voltou à realidade, andou até Tine e socou o olho dele. Tine não caiu, no entanto, porque ele era alto, igual a Sarawat, e forte também.

— Filho da puta. — Sarawat resmungou, e sumiu de vista.

— Você tá bem? — Perguntou Fong, ajudando Tine. — Aquele cara é problemático ou o quê?

— Tenho certeza que sim. Eu tô bem. — Resmungou, a cabeça começando a doer. O local do soco estava dormente, e ele não enxergava muito bem.

— É melhor colocar gelo.

Tine logo estava com uma bolsa de gelo no olho, sentado perto do balcão do bar.

— Não acredito que você jogou a cerveja nele.

— Ele me chamou de covarde, o que queria que eu fizesse? Deixasse passar?

— É. — Respondeu, como se fosse o óbvio. Não estava irritado, estava preocupado. — E se ele for um maníaco e seguir você assim que a gente sair do bar? Você estaria ferrado. Viu o ódio no olhar dele?

— Não me importo. Acabaria com ele rapidinho.

— Se você diz. — Sorriu divertido. — Se sentindo melhor?

— Não consigo abrir o olho e tá difícil enxergar, mas valeu a pena. — Abriu um sorriso maldoso e satisfeito. — Ele deve feder à cerveja agora.

Do outro lado do bar, Sarawat tentava, em vão, se limpar no banheiro. Estava tão puto que podia sentir o sangue borbulhar. O corpo estava quente de um jeito muito desconfortável. A sua vontade era procurar aquele filho de uma puta e enchê-lo de pancada. Mas se acalmou. Respirou fundo. Molhou o rosto e se olhou no espelho.

Estava em um encontro com uma garota bacana, e não podia desperdiçar aquela oportunidade. Não que tivesse dificuldades em sair com pessoas, o problema mesmo era na hora H. Transar com alguém era impossível para si. Não conseguia, simplesmente. Faltava algo. E o que frustrava Sarawat não era o fato de não conseguir ir para a cama com alguém, o problema mesmo era não saber o que faltava. Se não tinha a resposta, não sabia como resolver a situação. O mais perto que chegou de estar íntimo de alguém foi em um beijo, e, ainda assim, jamais sentiu prazer em beijar uma boca. Se sentia tão sujo e errado depois do beijo que sempre chegava em casa desanimado depois de um encontro. Ninguém parecia ser bom o bastante para si.

IncógnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora