Prazer

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Tine não estava gostando nem um pouco do olhar de Fong em cima de si. Era algo como "precisamos conversar, mas não quero começar esse assunto".

Era um garoto de atitude, então disse:

— Qual é o problema, Fong?

Estavam jantando em um dos restaurantes do dormitório, e Fong estava inquieto. As pernas balançavam sem parar e ele não conseguia encarar Tine nos olhos.

— Acho melhor pararmos com isso que temos.

— É? Por quê? — Não estava magoado, ou triste, muito menos com raiva. Estava curioso.

— Você não sente como se o que temos esfriasse a cada dia que passa? Não sei como aconteceu. Espero que não fique magoado.

— Acha mesmo que eu ficaria magoado com você? Somos amigos, apesar de tudo, e há muito tempo.

— E como anda a convivência com o Sarawat?

— Não sei ao certo. Ele tá mais calmo e não me provoca.

— Ele é difícil, não?

— Bastante. Mas isso não é um empecilho pra mim. Quero ser amigo dele. Eu sei que ele é um cara legal.

— Boa sorte.

Sarawat estava completamente desanimado naquela manhã. Não prestou atenção na aula e olhou pela janela o tempo todo. Queria que ele e Tine fossem do mesmo curso, só para que sentassem lado a lado e pudesse infernizar Tine. Queria ser amigo de Tine. E transar com ele também. Estava tão triste. Queria ser uma pessoa normal. Queria não ser um babaca. Queria tanta coisa.

Voltou para o quarto se sentindo péssimo. Não estava com vontade de almoçar, nem de falar com ninguém. Nem mesmo tinha com quem falar. Não tinha amigos. Tine era o mais próximo do que podia considerar uma amizade.

Chegou ao quarto e não se surpreendeu quando ouviu o chuveiro ligado. Tine não tinha ido à aula naquele dia porque a professora estava doente e havia cancelado o compromisso com os alunos. De repente, Sarawat pensou em fazer uma loucura. Ficou tentado a abrir a porta do banheiro, entrar e tomar banho com Tine. No impulso, se aproximou da porta e colocou a mão na maçaneta. Abriu devagar, pensando se a porta estava trancada ou não. Estava aberta. Com a mente em branco, Sarawat continuou abrindo a porta, em silêncio. Quando estava finalmente dentro do banheiro, encostou a porta e observou Tine tomando banho. Ele tinha um corpo que chamava a atenção, mesmo de roupa, e agora que estava o vendo nu, não tinha dúvidas do quanto ele era gostoso. A boca se abriu sozinha e foi quando Tine se virou, ainda se ensaboando, que pegou Sarawat o observando. Os olhos ainda não haviam se encontrado. Sarawat estava ocupado e distraído o bastante no corpo alheio para que percebesse Tine de olho em si.

Tine não sabia direito o que fazer. No fundo, estava gostando de ser observado por Sarawat. Sentia-se atraído por ele, e mais do que aquilo... adorava o jeito marrento do rapaz. Era estranho quando parava para pensar naquilo. Se perguntava se estava começando a se apaixonar, porque, sendo sincero, o coração batia um tiquinho mais forte quando ele entrava no quarto ou tentava puxar assunto com um tom raivoso. Às vezes, de madrugada, ria sozinho ao lembrar dos momentos que tinha com Sarawat.

As mãos de Sarawat foram até os botões da camiseta branca e com agilidade abriu um por um com rapidez. Do outro lado, Tine lavou o sabão do corpo, não tirando os olhos de Sarawat. Logo, Sarawat já estava sem roupa, sem peça íntima, sem meias, sem nada. A mente parecia meio nublada e as mãos estavam quentes. Sabia que era tudo tesão. Queria que Tine o pegasse com força e fizesse o que quisesse consigo. Era só o que queria, e nada mais.

Ele andou até o box, com Tine abrindo a porta de vidro para si, e se encostou na parede. Tine ficou em sua frente, com as mãos na parede, ao lado da sua cabeça, e acabou sorrindo divertido quando percebeu que Sarawat não tirava os olhos do seu corpo. As mãos dele estavam ali, indecisas onde tocariam. Impaciente, Tine pegou nas mãos dele, e foi ali que trocaram o primeiro olhar. Foi ali também que Tine teve a certeza de estar apaixonado. Naquele olhar, naquele cabelo caindo pelos olhos, na boca bonita, e no garoto por completo. Estava apaixonado até pelo jeito dele. Era insano.

Tine colocou as mãos de Sarawat em seus ombros, e elas ficaram lá, receosas. Aos poucos, decidiu apertar a pele de leve, nervoso por estar prestes a conhecer o corpo de outra pessoa. A cintura de Sarawat foi agarrada, não com leveza, mas com força, — Tine não sabia há quanto tempo estava querendo tocá-lo — e Sarawat ofegou. Imediatamente, começou a se excitar. Podia sentir o corpo se roçando de leve com o de Tine. Ele estava duro igual a si. Encostou a cabeça na parede e experimentou fechar os olhos. Sentiu o corpo de Tine se aproximar mais. A boca dele foi direto para o seu pescoço. Distribuiu beijos ali e pela clavícula. Pelo peitoral também. Os dentes morderam de leve, quase sem ser percebido, cada um dos mamilos de Sarawat, que gemeu manhoso e empurrou a cabeça de Tine para baixo, meio que o obrigando a se ajoelhar e chupá-lo de uma vez.

Sarawat achou que estava no céu quando os lábios de Tine beijaram a cabeça do seu pau e a língua trabalhou em círculos pela glande. Depois, ele engoliu todo o membro e começou a chupá-lo. Não fez questão de segurar o próprio gemido. Não teve vergonha em parecer manhoso ou exagerado. Estava finalmente tendo uma relação sexual com alguém, depois de ter passado anos sem conseguir um contato íntimo com qualquer pessoa. Ainda não conseguia entender por que logo Tine havia conseguido quebrar a sua própria barreira.

A mão de Sarawat ainda estava na cabeça de Tine. Os dedos estavam incontroláveis. Puxavam os cabelos dele. Ainda estava de olhos fechados quando sentiu Tine parar o que fazia e se levantar, se aproximando novamente do seu corpo. Ainda assim, a mão dele continuou a masturbá-lo e a boca se colou com a sua antes que pudesse abrir os olhos. Estava todo entregue àquele cara que tanto odiava. Tão entregue que, mesmo com um selinho, ofegou e se agarrou ao pescoço dele. Não fez questão de ficar quieto. Enfiou a língua na boca dele e gemeu novamente quando sentiu a língua dele tocar a sua.

O beijo cessou quando Tine sugou o lábio inferior dele, meio machucado. Masturbou o pau dele mais rápido enquanto não deixou de observar a expressão de prazer que ele tinha. A boca aberta e vermelha, o rosto suado, as bochechas coradas, os cabelos grudados na pele. Ele era lindo de todas as formas, com raiva ou com tesão.

Foi quando a respiração de Sarawat se descontrolou, que Tine sorriu satisfeito por ter dado prazer a ele. O puxou para o chuveiro e fez ele molhar o corpo com a água gelada, passou a mão com carinho pelo cabelo dele, tirando da testa e dos olhos, e o deixou encostado na parede. Então se afastou.

— Você geme tão manhoso que é difícil acreditar no quanto é marrento.

Finalmente, Sarawat abriu os olhos. Tine não conseguiu controlar a risada. Sabia o que viria pela frente.

— Sai da minha frente.

— É assim que me agradece? Eu fiz você gozar tão gostoso, e é assim que eu sou tratado?

Sem graça, Sarawat olhou para qualquer lugar que não fosse os olhos de Tine. Pegou a toalha que não era sua, se enxugou e saiu do box, com aquela carinha de raiva que deixava Tine todo apaixonado — e, principalmente, ferrado.

IncógnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora