Descoberta

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Sarawat era mesmo um gênio. Agora que o seu bloqueio sexual tinha sumido, — no fundo, agradecia a Tine — poderia ter um encontro decente com alguém. Poderia ir até os finalmente com uma pessoa. Por isso, havia tomado um belo banho. Colocou uma roupa bonita, pegou a moto no estacionamento do dormitório, e foi até o bar que já conhecia, atrás de alguém.

Ele só começou a se importar quando uma garota começou a flertar consigo. Ela estava próxima demais, e a mão dela encostava no seu joelho, as unhas pontudas fazendo cócegas. Sarawat estava desconfortável. Quando percebeu, a garota já estava com a boca na sua e ele não estava sabendo aproveitar. Não sabia como aproveitar. Em um minuto, ela falava algo que era impossível de ouvir, no outro, estava beijando a sua boca. Sarawat não gostou. Nem conhecia ela. Foi então que a sua ficha caiu. Não conhecia ela, e não conhecia ninguém com quem gostaria de beijar ou ir para a cama. Ficava desconfortável e não conseguia sentir prazer. Nem mesmo sabia como beijar quem estivesse em sua frente. Aquele era o problema, enfim. Precisava de alguém ao seu lado que já conhecesse, onde já existisse um laço, ou uma intimidade. Havia dado certo com Tine. Conhecia Tine. Precisava de Tine naquele momento.

Ele se separou da garota, pediu desculpas por ter que ir embora correndo, e logo já estava no dormitório. No quarto, encontrou Tine deitado na cama, imóvel. Os fones estavam nos ouvidos, e a música estava alta. De longe, Sarawat conseguia escutá-la, mesmo que um pouco abafada. Ele também encarava o teto, pensativo, e Sarawat se sentiu bobo por querer saber o que ele estava pensando. Andou devagar até a cama dele, se sentou, e tirou um dos fones do seu ouvido. Tine parou a música e deixou o celular de lado para olhá-lo. Não abriu a boca.

— Não vai perguntar nada? — Questionou Sarawat.

Tine se sentou, relaxado, encostando as costas no apoio da cama. Cruzou os braços fortes e deu de ombros.

— Não é da minha conta.

— Alguém tá com a língua afiada hoje.

— Adivinha com quem eu aprendi.

— Uau! — Ele riu, achando engraçado aquele lado de Tine que não conhecia. — Então... eu posso contar um segredo a você?

Dando de ombros, Tine formou um bico com os lábios. Sarawat sorriu largo.

— Sinceramente, eu não faço muita questão de saber.

— Vou contar mesmo assim. Posso?

— Pode.

— Eu não consigo tirar você da minha cabeça.

Tine se desarmou naquele momento. Descruzou os braços.

— Você é um mentiroso.

— Eu tô falando a verdade. — Foi sincero. Havia um sorrisinho pequeno ali, meio safado. — Fui a um certo bar mais cedo, e uma garota me beijou, e eu só conseguia pensar em você e em como eu queria que você estivesse me beijando. Não senti absolutamente nada com aquele beijo. Mas com você... o que nós tivemos naquele banho... não dá pra explicar.

— Você me esnobou no restaurante.

— Esnobei mesmo. Não pense nem por um segundo que eu tô apaixonado por você. Ainda o odeio.

— E por quê?

— Por que o quê?

— Por que me odeia, Sarawat?

Sarawat não precisou pensar.

— Você é irritante. É irônico, e sorri com deboche como se soubesse de todas as respostas do mundo, como se você fosse um espertinho. Faz isso só pra me deixar com raiva.

— Você é maluco. — Deu uma pausa, satisfeito. Alguns pontos se ligaram. — Sabe o que isso significa?

— Hm.

— Que você anda me observando...

— Você quer levar uma surra, não quer?

Tine riu.

— Você é tão fofo com esse jeitinho marrento.

— Vai se foder.

— Quer saber o que eu quero foder?

— Não me provoque, Tine.

Lá estava o olhar cheio de ódio, mas, ao contrário das outras vezes, Sarawat simplesmente sorria. E era um sorriso lindo. Feliz. Sorrindo, ele não parecia a mesma pessoa.

Rindo, Tine estava prestes a pegar o celular novamente, até que Sarawat segurou o pulso dele e o encarou, sem graça. Lentamente, Sarawat se aproximou e selou os lábios com os dele. Gostou tanto daquilo que selou mais de uma vez, até que se afastou. O olhar nublado e cheio de sentimentos que Tine mostrou começou a esquentar o seu corpo. Sem hesitar, Sarawat subiu na cama, e se sentou no colo de Tine. Quando posicionou um joelho de cada lado, ele o beijou novamente na boca. Não selou simplesmente. O beijou com a língua e se esfregou antes que pudesse decidir se fazia mesmo aquilo ou não. As mãos de Tine seguraram o seu quadril, torcendo para que Sarawat não ficasse louco de repente e saísse de cima do seu colo.

Incomodado com a calça jeans, Sarawat se levantou, apressado, e arrancou a roupa. Tine quase delirou com um Sarawat de boxer branca e camiseta preta. Era o contraste perfeito. Gostava de como Sarawat conseguia ser sensual sem fazer esforço.

Ele voltou ao seu posto antes que Tine pudesse piscar os olhos e continuou se esfregando. A mão apoiava-se na cabeceira da cama enquanto a outra estava no colchão. Agora, Tine o tocava nas coxas nuas, e gostou demais de sentir a pele dele cheia de carne.

Tine quase revirou os olhos quando Sarawat afundou o rosto em seu pescoço. Ouvir ele gemendo manhoso no pé do seu ouvido estava quase o fazendo desmaiar. No fim, Tine teve o prazer prolongado com Sarawat ainda se esfregando em si. Ele parou aos poucos depois, e Tine soube que ele tinha tido o seu momento também. Não quis dizer nada.

Sarawat tirou o rosto da curvatura do pescoço dele e se deitou ao lado. A perna ficou em cima da sua, e o braço em cima da barriga, o abraçando. Tine olhou de relance para Sarawat. Ele estava com a respiração mais calma e os olhos fechados. Estava prestes a dormir.

— Wat. — Chamou, baixinho.

— Hm.

— Não dorme.

Sarawat se aproximou e beijou a boca dele demoradamente, depois se afastou, fez uma careta como se lutasse contra as próprias decisões, e se deitou novamente no ombro de Tine. Logo os dois já estavam dormindo.

IncógnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora