Desejo

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Era muito desconfortável não conseguir tirar um pensamento da própria mente. Sarawat estava se sentindo ridículo por aquilo. Desde quando pensava em Tine vinte e quatro horas por dia? Na boca dele, principalmente. Na verdade, só pensava na boca dele. Nos lábios. Se não fosse tão idiota, não teria ficado furioso com o beijo na bochecha. Agora, provavelmente, Tine não chegaria perto de si nunca mais.

Quando abriu a porta do quarto depois de voltar da aula, percebeu que o seu colega de quarto estava lá, dentro do banheiro, tomando banho. Ele podia ouvir o barulho do chuveiro. Se encostou na porta, a cabeça descansando na madeira. Sentia-se exausto. Estava em semana de prova, já no fim, e a única coisa que precisava era de um tempo livre para que pudesse fazer absolutamente nada.

Ele fechou os olhos por um instante. Não para dormir. Queria relaxar. Queria que Tine o fizesse relaxar. Com certeza ele o relaxaria com uma chupada no pau. Imaginou a boca de Tine em si. Automaticamente ficou duro e assustado. Nunca em sua vida conseguiu se excitar com alguém. Sarawat esteve em encontros com homens, e ainda assim, a hora H não deu certo. Com mulheres, fracassava sempre. E de repente, Tine apareceu em sua vida e o fez ficar daquele jeito só com a própria imaginação. Por um segundo, pensou em se masturbar. Tine ainda estava tomando banho, e queria muito se aliviar. Gozar com certeza o deixaria relaxado. O problema mesmo era que estava surpreso demais com a sua própria situação. Aparentemente, Tine era a única pessoa no mundo que acordou o seu lado sexual, e não fazia ideia do porquê, afinal, o odiava. Odiava mesmo. Gostava da boca dele, mas odiava ele como um todo, ainda assim. Ele era um imbecil que gostava de debochar a maior parte do tempo, e como se não bastasse, havia criado confusão consigo no bar, e derramado cerveja em si. Havia arruinado o seu encontro também. E se a garota do bar fosse A Escolhida? Nunca perdoaria Tine. Continuaria o odiando, e pensando nele chupando o seu pau. Fim.

O chuveiro desligou e Sarawat se viu assustado novamente. Ainda estava duro, e podia sentir o rosto quente, porque o corpo estava fervendo. Odiou Tine ainda mais por ter feito com que sentisse aquelas sensações.

A porta se abriu rápido e Sarawat virou de costas. Ficou parado no meio do quarto. Podia sentir Tine encarando as suas costas. Imaginava que, na primeira vez que se excitasse, fosse, no mínimo, algo romântico, ou selvagem, não importava. Ele só queria transar pelo menos uma vez na vida. E, quando finalmente sentiu vontade de fazer sexo com alguém, estava naquela situação, sem nem ao menos poder se tocar.

Tine andou até a sua cama, de toalha, e se sentou. Os cabelos castanhos claros estavam pingando e para trás. O corpo estava todo molhado, praticamente, como se não tivesse tido tempo para se enxugar.

Ambos se encararam e nenhuma palavra foi dita. Sarawat percebeu que Tine parecia magoado, e, tentando não ser o babaca de sempre, andou lentamente até ele. Sentou-se ao seu lado, na cama dele. Não o olhou, mas estava perto o suficiente para que Tine esticasse a mão e tocasse em si. Se tocasse, Sarawat estaria ferrado com todas as letras, porque estava morrendo de tesão.

— Tudo bem? — Perguntou Tine, cauteloso.

— Tudo. — Respondeu, rápido. — Quer dizer, mais ou menos.

— O que aconteceu?

— Posso... pedir um conselho? — Tine o olhou. Estava tão surpreso. Sarawat o olhou de canto e ficou tentado a rir. — Na verdade, o conselho é pra um amigo meu.

— Fala.

— Esse meu amigo, ele é virgem, mas não por falta de opção. Ele... ele não consegue... você sabe, transar. Ele tem um tipo de bloqueio. Ele não consegue ficar excitado com ninguém.

— Entendi. E o que mais?

— Aí... aconteceu um lance com ele, que ele nunca podia ter imaginado.

— O quê?

— Ele... conseguiu ficar duro, com uma pessoa. Pela primeira vez na vida. Mas... ele e essa pessoa, eles não são próximos. E agora ele tem a chance de... dar um chute nesse bloqueio, mandá-lo pra longe, mas não sabe o que fazer.

— E por que ele não se aproxima dessa pessoa?

— Porque essa pessoa é um imbecil! — Falou, irritado, antes que pudesse controlar a língua. Se arrependeu no mesmo momento. — Quer dizer, o meu amigo disse que ele é um imbecil.

Tine estava sorrindo. Com maldade. Estava sacando tudo. O amigo de Sarawat era ele mesmo, e o imbecil... sabia muito bem quem era. Mas não queria constranger Sarawat. Ele parecia realmente frustrado.

— O que você... quer dizer, o seu amigo, deve fazer, é, talvez, se tornar amigo da pessoa. Eu faria isso.

— Mesmo?

— Você vê outra solução? Porque eu não.

— É, acho que você tem razão. Valeu. Vou tomar banho. E, só pra deixar ciente aqui, que você demorou no banheiro hoje. Isso é algum tipo de vingança?

Nada foi dito por Tine. Ele cruzou os braços e sorriu debochado. Não diria nada.

Sarawat grunhiu e se trancou no banheiro, batendo a porta com força. Do lado de dentro, arrancou a roupa com pressa e mergulhou na água gelada. Não adiantou muito. Ainda estava excitado e quente. Estava quase pingando. Nem mesmo a conversa séria havia feito com que se acalmasse. Tine havia mesmo mexido com o seu corpo. Felizmente, só com o seu corpo. Não daria brecha para que ele mexesse consigo de outra forma. Se apaixonar por ele estava fora de cogitação.

Tacou um foda-se a si mesmo e a mão desceu pelo corpo. Se masturbou sem pensar duas vezes. Fez tudo muito rápido, mordendo o lábio machucado para impedir que um gemido saísse alto. A forma como gozou depois foi diferente de todas as vezes que havia feito aquilo. Só precisou imaginar Tine abaixado ali, fazendo um boquete sagrado em si, e já estava jorrando. Foi tão gostoso, tão demorado, que ficou fraco. As pernas tremeram. Mal podia ouvir alguma coisa.

Ele tratou de terminar o seu banho e dormir. Dormir era o único jeito de esquecer toda aquela bagunça.

IncógnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora