Sentimentos

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Tine não estava se sentindo bem. Não era gripe daquela vez. Estava doente de paixão. Estava apaixonado por Sarawat quando Sarawat dizia o quanto o odiava a maior parte do tempo. Era irônico. Sarawat xingava Tine e no minuto seguinte roubava um beijo dele.

Para não enlouquecer e não sair com um coração partido, Tine havia tomado uma decisão. Faria uma proposta a Sarawat. Esperou que ele chegasse da sua aula. Quando apareceu no quarto, com o estresse estampado no rosto, Tine pensou em desistir de conversar com ele sobre o assunto que claramente irritava Sarawat. Mas era o seu coração que estava em jogo ali.

Sarawat jogou a mochila dentro do armário e se jogou na cama. Ficou de olhos fechados. Nem mesmo cumprimentou Tine sentado em sua frente, na outra cama.

— Wat.

— Tenho a leve impressão de que já falei pra você não me chamar assim.

Aparentemente, ele não estava de bom humor.

— Bom, não é como se você fosse o meu dono ou algo assim.

Ainda de olhos fechados, Sarawat sorriu irônico.

— Gosto da forma como você tá se transformando em um monstro. Aprendeu direitinho comigo.

— Acha mesmo que eu vou ser como você? — Tine estava começando a se irritar. Às vezes, Sarawat conseguia ser cruel. — Se eu sou tão babaca assim, por que continua me beijando e...

— Não se atreva a continuar.

— Olha, — Suspirou, nervoso. Estava meio trêmulo. Se achou um idiota completo. — eu gosto de você.

— E o que você quer que eu faça?

— Quero saber se sente o mesmo por mim, afinal, você vive colado comigo.

— Vivo? Eu tô aqui agora, longe de você.

— Você entendeu o que eu quis dizer.

— Tine. — Disse o nome dele, de novo, e sempre que dizia, causava arrepios em Tine. Ele se sentou, e o sorriso irônico que estava formado nos lábios não agradou ao outro. — Acha mesmo que nós dois daríamos certo como um... seja lá o que você estiver pensando?

Viver com Sarawat era estar no paraíso e no inferno ao mesmo tempo. Mas... estava apaixonado. De verdade. Era impossível voltar atrás. Agora, só queria... ter Sarawat para si.

— Não posso dar o que você quer. — Continuou Sarawat. Estava falando sério, sem um sorriso de canto ou um olhar raivoso. — Você me conhece, eu não sou a melhor pessoa do mundo.

— Não me importo se você é ou não uma pessoa perfeita. Ninguém é. Só preciso saber o que sente por mim.

Sarawat ainda achava Tine um imbecil. Ele era carinhoso demais, debochado demais, irritante demais, bonito demais também. E gostoso. E tinha uma língua tão deliciosa. Ele era companheiro também. E engraçado. Ele era... um imbecil suportável, até.

— Eu não tô pronto pra falar sobre sentimentos, Tine. Sinto muito.

Desviando o olhar, Tine respirou fundo e assentiu.

— Quando estiver pronto, eu vou estar aqui.

Sarawat não sabia se um dia estaria pronto.

Dois meses depois, Sarawat e Tine eram como dois desconhecidos. Eles não conversavam, não se tocavam, não se olhavam, e ainda dividiam o mesmo quarto. Tine pensou em trocar de quarto. Se sentia ansioso a maior parte do tempo. Não aguentava estar perto de Sarawat e não poder falar com ele. Sentia falta da raiva dele. De tudo que envolvia ele. E ele estava bem ali, ao seu lado.

IncógnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora