LAYLE
O dia passou rápido, eu estava realmente ansiosa pra conhecer a namorada do papai. A manhã na escola foi estranha, vi Jake algumas vezes mas não conseguia falar com ele, sentia como se ele fosse um completo estranho, bom, não tinha tempo pra me preocupar com isso agora, eram quase cinco da tarde e estava em casa tentando escolher uma boa roupa pro jantar.
Não sabia que tipo de pessoa era a namorada do papai, mas queria passar uma boa impressão, eu sentia que ele estava feliz, e sabia ela tinha muito a ver com isso. Estava torcendo pra ele desenvolver um bom relacionamento com ela, como não aconteceu com a mamãe, não queria ser uma pedra no caminho, então iria fazer o possível pra tentar se gentil.
Fui até o banheiro pra preparar um banho quente, mas quando abri a torneira da banheira não funcionou. Fui até o registro de água mas parecia estar ligado. Notei que havia um pequeno vazamento embaixo da pia, provavelmente tinha algum problema na encanação e eu não fazia ideia de como resolver.
- Maldição.
Sussurrei pra mim mesmo, eu nunca tinha tido problemas com água antes. Eu precisava de um encanador, só não sabia aonde eu ia arranjar um aquela hora. Decidi ir até o andar de cima atrás do papai, se ele não ajudasse pelo menos eu ia poder tomar banho lá, se eu estivesse com sorte ele estaria em casa, subi o andar pelas escadas pulando os degraus de dois em dois.Quando cheguei na porta, dei algumas batidas, eu não estava escutando barulho algum vindo de dentro. Bati novamente e ouvi passos vindo em direção da porta, mas quando ela se abriu não vi meu pai e sim uma mulher meio baixa, magra e com um cabelo loiro curto preso em um rabo de cavalo desajeitado, que me cumprimentou com um belo sorriso:
- Olá.
- Hãm... Oi.
- Você deve ser a Layle.
- E você deve ser a namorada do meu pai.
- Bom, eu também sou namorada do seu pai, mas me chamo Loren. É um prazer.
Ela estendeu a mão e eu apertei meio hesitante, aquela me pareceu uma situação constrangedora.- Prazer, não era bem assim que eu esperava conhecer você.
- Ah não se preocupe, não quer entrar?
- Não, eu preciso falar com meu pai, tô com um problema no andar de baixo.
- O August saiu pra fazer a reserva do restaurante. Alguma coisa que eu possa ajudar?
- Não tenho certeza se pode. É a encanação, não tá funcionando direito, e tá com um vazamento.
- Oh, então eu posso ajudar, espere um segundo eu já volto.
Ela saiu e eu fiquei ali na porta esperando, não sabia como ela podia ajudar, mas eu estava sem opções. Ela voltou pouco tempo depois com uma pequena maleta rosa nas mãos.
- Vamos lá, me mostra o seu problema.
Descemos a escada sem trocar uma palavra, quando chegamos no meu andar, ela observou cada canto.
- Você é bem organizada pra uma adolescente que mora sozinha.
- Não gosto de bagunça.
Levei ela até o banheiro, e mostrei o vazamento no cano, ela olhou com cuidado e tirou algumas ferramentas da pequena maleta.
- Sabe mesmo mexer com isso?
- Eu morei sozinha por muito tempo durante a faculdade. Digamos que eu sei um pouco de tudo. É uma questão de sobrevivência quando você não quer depender de ninguém.
Admirei ela pelo que disse, a independência era algo que eu almejava, mas parecia muito distante pra alcançar, então resolvi mudar de assunto.
- Então... Como você e o papai se conheceram?
- Na faculdade. Mas não éramos muitos próximos, só algumas matérias juntos, nos aproximamos mais a alguns anos depois, quando começamos a trabalhar juntos na empresa dele.
Ela respondeu sem olhar pra mim, a empresa de marketing estava na nossa família a algum tempo, e já era bastante reconhecida, quando papai assumiu, ele mudou alguns conceitos e as inicias do nome da empresa, essa mudança fez com que a ela crescesse mais ainda, não resistir e acabei perguntando:
- Então vocês trabalham juntos a muito tempo?
- A alguns anos, três ou quatro, não sei direito. Eu sou a diretora de finanças da empresa, esses cargos não mudam com facilidade.
- Então o seu namorado paga o seu salário?
- Não, o meu chefe paga o meu salário, não misturamos o pessoal com o profissional.
Me arrependi no mesmo momento de perguntar aquilo. Deveria ter imaginado sua resposta.
- Tenta lá.
Fui até a banheira e a torneira funcionou perfeitamente.
- Você é muito boa.
Ela não respondeu, ela me olhava curiosa, então apontou pro meu pulso e perguntou:
- O que aconteceu?
Fiquei confusa por um segundo, então notei que meus pulsos estavam roxos com hematomas, deveria ter sido no dia da festa com o incidente com o Wendel, eu quase sempre estava de relógio, por isso não tinha percebido. Olhei pra Loren e ela me encarava esperando uma resposta.
- Eu não tenho certeza, eu fui em uma festa, devo ter me machucado lá.
Ela se levantou veio até mim e pegou meu pulso com delicadeza analisando o machucado, me odiei por não ter percebido aquilo antes, eu era uma péssima mentirosa, e Loren parecia bem esperta.
- Me parece que foi alguém que machucou você.
Eu não respondi, não queria que aquilo virasse um problemão e que envolve-se mais pessoas, puxei meu braço das suas mãos devagar, olhei pra ela e apenas disse:
- Obrigada por concertar a encanação.
Ela me fitou com curiosidade, juntou as suas ferramentas e foi em direção a porta e antes de sair disse:
- Vejo você mais tarde.
Sem dúvidas ela era uma mulher incrível, e bastante esperta. Papai tinha sorte, e eu azar, como não percebi que estava machucada antes? Agradeci mentalmente por mais ninguém ter notado, coloquei um pouco de gelo na esperança que melhorasse até a hora do jantar, e torcia pra que Loren não comentasse nada com o papai, aquilo era um problema meu, não queria envolver mais ninguém.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nas linhas do destino
RomanceDois amigos de infância, que agora estão no ensino médio, correndo atrás dos seus sonhos e metas, enfrentam uma série de problemas que ameaça a amizade deles. Mas o destino é cruel e a vida imprevisível. Acompanhe o desenrolar e desfecho dessa histó...