Sem Saída

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LAYLE

 
 
O final de semana passou depressa, não pude evitar de ficar pensando na Ruth, aquela garota escondia bem mais que demonstrava, era algo que minha avó sempre dizia: "As vezes os lábios mentem, mas os olhos nunca." Eu sempre guardei as coisas que minha avó me ensinou, havia sido ela que tinha me criado, meus pais estavam sempre viajando a negócios e mesmo depois de se divorciarem nada mudou.

Minha avó morreu um tempo depois que eu entrei no ensino médio, e meus pais decidiram que eu já podia me virar, então alugaram um apartamento pra mim perto da escola e me mandavam dinheiro todo mês, raramente ligavam pra saber como eu estava, mas isso não me incomodava, não mais, tentava o máximo possível manter minha mente ocupada, e a escola era suficiente pra isso, como consequência acabei me tornando uma das melhores alunas.

Eu odiei aquela segunda feira. Eu fiquei até tarde da noite anterior lendo o livro para saber se Ruth estava certa ao seu respeito, e pior de tudo, ela estava. Assim que entrei na escola fui direto pra sala, me surpreendi ao ver o Jake, tinha esquecido que tínhamos aula juntos hoje, me aproximei e sentei na carteira ao seu lado, ele me olhou deu um sorriso e disse:

-Você está horrível.
- Por favor, não me chame pra matar aula pra tomar um café porque corre o risco de eu aceitar.

Respondi com um sorriso e ele riu ainda mais com meu comentário, depois perguntou parecendo preocupado:

-Não dormiu ontem?
-Fiquei lendo até tarde, foi um erro.
- Isso é raro vindo de você.
- Acho que sim.
 
Não continuamos a conversa, o sinal tocou e pouco tempo depois o professor entrou e começou a fazer o seu trabalho, eu estava desatenta, o sono e a mente no que Ruth havia me dito não me deixavam me concentrar, não sei quanto tempo de aula havia passado, o barulho de alguém batendo na porta me chamou a atenção. O professor abriu e o rosto simpático da coordenadora apareceu:

-Desculpe atrapalhar sua aula. O diretor precisa falar com a senhorita Layle.

Todos os olhares da sala se direcionaram a mim surpresos, e eu estava mais surpresa ainda. Mas não questionei, sussurrei um "com licença" para o professor e sai pra sala do diretor, quando eu entrei lá vi uma garota sentada em uma cadeira do lado de fora da sala, ela me olhou e rapidamente desviou o olhar pra baixo, a reconheci imediatamente, era a mesma que estava se agarrando com o garoto no campo de futebol na sexta feira. Aquilo não me parecia bom.
Bati na porta da sala e ouvi um "entre", entrei meio receosa, e fechei a porta atrás de mim.

- Disse que queria me ver Senhor Dalton?
- Ah sim, Layle sente-se por favor.

Me sentei em uma das cadeiras em frente à sua mesa, ele começou falando parecendo empolgado me deixando desconfiada:
 
- Eu tenho uma missão pra você.
- Missão??
- Sim,  você sabe que os torneios municipais estão chegando e a nossa escola estará muito bem representada pelo nosso time de futebol e...
- Você pode ir direito ao ponto por favor?
 
Cortei ele, odiava quando as pessoas enrolavam pra falar, o diretor pareceu meio surpreso, e depois de um longo suspiro falou:
 
- Davie, o capitão do time está bem nos treinos mas está mal na escola, suas notas estão a baixo da média, como você é uma das nossas alunas mais exemplares e como colega dele você tem a obrigação de ajudá-lo. Vou reservar um horário a tarde na biblioteca pra vocês, vai estudar com ele até que o mesmo melhore as notas. Sei que você é capaz.
 
Fiquei calada tentando absorver o que eu tinha acabado de ouvir, o diretor Dalton me olhava sério esperando uma resposta:

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