N°18

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Acordei no maior silêncio mas com um pezinho na minha cara, abro os olhos e volto a fechar de novo, a luz é forte demais então começo a abrir os olhos aos poucos, pelo que eu posso notar eu estou no hospital, olho pra baixo e vendo a Ângela todos os acontecimentos de hoje voltam com força para a minha mente, olho para o relógio de parede e já são sete da noite, e lá fora o sol quase já não aparece, olho bem ao redor e noto pessoas a mais, eu só vim com Maia mas consigo ver três cabeças a mais aqui, tento colocar a Ângela bem, com o peitinho colado ao meu, cheiro o cabelo dela e certa paz se instala em mim, até que:

Tio Denny- txe miúdo estás a me babar.
João- o quê? Babar eu? Aiii Viola.
Viola- João tira esse rabo da minha cara, tiraaa!- ao tentar empurrar o João a Viola se desequilibra e cai na Maia que dormia no chão.
Maia- meu Deus, sai Viola você pesa.
Viola- tu me chamaste de gorda? Sério?
Tio Denny- miúdo saí txe, saí saí.

Estava a maior algazarra naquele quarto que eu não aguentei e caí na gargalhada, todos me olharam e eu calei.
- Oii?
Tio Denny- miúda você quer me matar?
Viola- nós estamos preocupados mi angel- a Viola era com certeza a minha mãe aqui, o tanto que essa menina me mimava e me puxava a orelha (literalmente), era super protetora mas uma amiga única.
- A Maia contou?
Eles acenaram a dizer que sim.
João- tinhas que ver o teu tio, ele quase teve um AVC quando a Maia disse que ela era tua filha e que tu estavas num quarto de hospital.
Maia- o teu tio tem que ser mais pacífico.
Tio Denny-tu é que não sabes dar notícias.
- Shiuuuuuu, chega de confusão aqui para não acordar a Ângela.
Tio Denny- eu fiquei tão orgulhoso do que tu fizeste.
Viola- verdade, eu até chorei, tu tens um coração enorme.
Maia- ninguém faria o que tu fizeste- suspirei.
- A Lia está na UTI e não tem nenhum parente vivo, e eu me recuso a levar a minha Ângela para um orfanato, o que eu faço?- coloco à cara entre as mãos, não sei o que fazer, cuidar delas lá era uma coisa agora se for em casa será mais difícil, eu tenho o trabalho, a faculdade, eu não sei se sou capaz.
João-Eii calma, nós vamos arranjar uma solução.
Tio Denny- sim, ela pode ficar lá em casa e nós vemos como vamos dar um jeito.
Viola- sim meu amor. Podemos ajudar nas despesas também, cuidar de um bebê é caro.
Maia- e podemos revesar quando tu estiveres muito atarefada, nós vamos ajudar.
Tio Denny- é calma.- eu comecei a chorar, eu estava a ganhar a maior responsabilidade da minha vida e ao mesmo tempo a concretizar um dos meus maiores sonhos, e saber que eu tinha pessoas ao meu lado que não iam me abandonar só me deixou mais confiante, eles foram me abraçar e eu fiquei lá a chorar até que a Ângela acordou aos berros e tive que lhe dar de comer.
Viola- mas ela é tão bochechuda meu Deus- diz com voz de bebê enquanto a pequena brinca com os cabelos cor de fogo dela.
- E traquina, desde que começou a engatinhar desaparece de 10 em 10min.
Maia- porquê que tu lhe chamas de pimentinha?- perguntou do nada.
- Por isso- depois de eu apontar para ela eles notaram que a Ângela está toda avermelhada.
João- meu Deus o que é isso? Será que é uma alergia?
Viola- ohhh Dinely? Ela estava branquinha a pouco tempo.
- Não é nada- tiro ela dos braços de Viola- ela sempre fica vermelhinha quando está distraída com algo, por isso eu lhe chamo de pimentinha.
Ângela- daaaa, mama daaaaa- esticou os braços com a intenção de tirar os meus óculos.
- Os óculos da mamã não.
Ângela- ao?
- Não pimentinha.
Nesse momento o Doutor entra a dizer que já posso ir para casa, mas antes eu queria ver a Lia antes de ir embora.
- Olha vocês podem ir e chamar um táxi, levem a Ângela, eu vou ver como está a Lia.
Eles foram para fora do hospital depois de eu ter organizado tudo da Ângela, já eu acompanhei o Doutor até a UTI, e ela estava lá, imóvel e pálida, ele sempre foi bem branquinha, acho que pelo facto de ser morena, mas o meu anjo é loiro, cheguei mais perto e pequei na mão dela.
- O que se passou? Porquê isso agora? Tu estavas tão bem, tão feliz, porquê que queres nos deixar agora? Ahnm minha guerreira, já superaste tanto, porquê que não superas esse maldito câncer porquê?- quando eu notei já estava a chorar, não tinha como conter, ela era tão jovem e passava por tudo isso, ninguém merece, ninguém.
Saí de lá ainda abalada com tudo isso, lá fora estava o maior frio, fechei os olhos e respirei fundo, agora iria ser tudo diferente, e quando é que eu imaginei que ao vir para aqui a minha vida ia virar isso? Ufff, mas eu sou forte né, vou ter que aguentar porque agora uma vida depende de mim.
Ao chegar a casa dou o endereço ao meu tio que vai com o João buscar as coisas da Ângela, eu vou dar um banho nela e lhe colocar para assistir, essa miúda é surpreendente, só fica atenta se eu meter algum documentário.
Tomo o meu banho e visto um pijama igual ao da Ângela, de unicórnio, a Viola tirou uma foto nossa e eu meti no meu Instagram com a legenda:

" Mamãe de um unicórnio"

As pessoas têm que pensar que ela é minha filha, assim é mais fácil, e como ela ainda não foi registrada é melhor, a registro com o meu nome e o da Lia, alegando que ela tem duas mães, e caso aconteça alguma coisa eu fico com a guarda legal dela.

Já eram quase uma da noite quando acabamos de transformar o meu quarto, combinei com a Viola e com a Márcia de irmos registrar ela é depois comprar algumas coisas que estavam a faltar aqui em casa.
Todos já tinham se recolhido mas eu fui para a cozinha deixar o biberão dela pronto para qualquer emergência, enquanto preparava pensei que podia a começar a fazer um funge já com molho ou feijão, tudo amassado para ela começar comer já, graças a Deus a Ângela não é alérgica a pelo de gato porque se não eu não sei o que seria da minha vida sem o segundo amor dela, se bem que o Butter foge mais da Ângela do que outra coisa, me meti a rir quando lembrei dele a correr enquanto a Ângela engatinhava o mais rápido que conseguir para pegar o pobre gatinho enquanto gritava frases não captáveis por ouvidos humanos, foi a cena mais fofa e engraçada do dia, sem esquecer que em menos de 24hrs ela já ganhou um tio babão né, que não lhe deixa nem respirar em paz, disse que vai comprar grades para cercar a casa toda, a minha filha ainda bem cresceu e já é prisioneira, dei um sorriso com esse pensamento, é, eu sou mãe aos 18, só quero saber como raios eu vou contar isso a minha família.



Oiiiiii leimores

A vida da Dinely deu uma volta inteira ao sol em menos de 7 meses, e agora ela está com toda essa carga, será que aguenta? Será que nada irá lhe impedir disso?
Bom, veremos né
Bjssssssss

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