N°13

8 2 0
                                    

- Miaaau, miauuu- acordo com um dos gatos da Márcia a andar por mim, eu estava na cama com a Viola, olhei para o relógio na parede e são...

- Viola! Viola acorda se não nós vamos atrasar- disse ao levantar da cama para ir acordar os outros, eu podia simplesmente ir lá e lhes acordar do jeito mais doce e fofo do mundo, mas eu não sou fofa então puxei a Viola e lhe e entreguei um recipiente com água fresca enquanto eu pegava numa tampa de panela e numa colher de pau
Viola- o que vamos fazer?- perguntou ainda sonolenta a esfregar os olhos.
- Vamos acordar as princesas ue- polei e comecei a subir as escadas.
Viola- como é que alguém acorda com esse ânimo todo?
- Ue, acordei e vi que sou preta, tem motivo melhor?
Viola-indo por esse lado- deu de ombros.
- Chega de falanças*, vamos rápidoooo.
Chegamos na porta do quarto deles e abrimos com cautela e fomos na ponta dos pés até a cama, estava cada um virado de um lado, contei até três silenciosamente e então começou, a Viola despejou a água e eu comecei o verdadeiro barulho

-HORA DE ACORDAR PEINCESINHAS!!!!
João- MAS QUE PORRA
Maia-CARAMBA, MERDA MERDA MERDA
- Ei belezuras, a xingar logo de manhã? Vão ter que lavar a boca com sabão.
Viola- verdade, do jeito que dormiam feito anjinhos ninguém desconfia que lançam ofensas assim- revirei os olhos por causa do sotaque dela, aff nunca vou me acostumar.
João- EU VOU...
Maia- MATAR VOCÊS, DINELY!!!!
- Viola!!- digo já a andar mais rápido- correeee mulher, pela tua vida correeeeee!!!!

Depois disso eu e a Viola ficamos à correr pela casa como duas malucas com pijamas de curtas e com estampa de bananas

Maia- DINELY!! Eu vou te apanhar e tu vais ver.
-hahaha, esquece...Ufff, nunca vais...me apanhar- parei porque estava cansada, essa minha sedentariedade é que vai me matar, assim na guerra  de cuatacuata já fiquei, e enquanto eu divagava nos meus pensamentos de como na guerra eu morreria fácil um ser desprezível (ok, nem tão desprezível assim), me carregou nos ombros.

Maia- eu disse que ia te agarrar não disse?
- Maia! Isso não tem graça, me mete no chão, já!- digo a bater nas costas dela, até que a visão daqui não é tão ruim, tem essa bunda redondinha nesse calção que só dá vontade de
Maia- Dinely!
- Desculpa- digo depois de apertar mais uma vez aquela bunda, quero morder- então, lá vai uma proposta, se você deixar eu morder a tua bunda eu deixo você me beijar- ela começou a rir- é sério.
Maia-você não tem noção mesmo né- me joga numa cama- atrevida demais- diz ao passar a ponta do nariz fresca na minha pele- gostosa demais- diz para depois colar os lábios nos meus e começar um beijo calmo até que a sua língua pediu passagem para a minha boca e eu já entregue dei, o beijo ficou mais rápido e necessitado, e as mãos que antes estavam apoiadas no colchão perambulavam pelo meu corpo sem nenhuma vergonha, ela mordeu o meu lábio e eu gemi

"Alguém fingiu uma tosse na porta"

Levantei a sobressalto e por consequência deixei a Maia cair, ajeitei o meu pijama e fui para a porta.

João- está quente aqui né- finge e abana o corpo com as mãos.
- Quente o crlh, essa ai que me agarrou, para a próxima eu vou te denunciar, eu não gosto disso.
Maia- ah não?- levantou as sobrancelhas, ela fica tão fuckin sexy com as sobrancelhas assim é aquele sorrisinho de covinha, seria mais fácil se ela não tivesse covinhas- o teu gemido disse o contrário.
- Ah vai a merda- saí de lá e fui em direção ao meu quarto mas tive que voltar- vocês têm 1h para se prepararem, escolaaaa.

Deixa vos explicar como a Márcia é o meu anjo na terra, ela saiu cedo para resolver um "lance" dela e deixou peças de roupa para mim e para Viola que consistia em calça jeans, tênis, t-shirts com estampa se não unicórnios( sim, estou a ter um  pequeno, ou talvez grande, surto interno agora), e uns casacos jeas cheios de metal ou sei lá.
Depois de preparadas pegamos dois cadernos com esferográficas que estavam lá e fomos para o carro, estudávamos na universidade de Coimbra, sim, somos génios, ou temos dinheiro suficiente para pagar a mensalidade, não importa, chegamos depois de uns 20 min, eu não conheço muito bem aqui e já estou a uns 4 meses aqui, também não é para menos, eu vive em Angola-Huíla toda a minha vida mas ainda assim me perdia só no Lubango, enfim povo, necessito de um GPS na minha mente ou estou eternamente fudida.

Ao entrar eu notei que as pessoas a nossa volta cochichavam, também, a mais pegadora da universidade estava com as mãos no meu ombros.

- Maia- disse baixo.
Maia- Rhum
- Tira a tua mão de mim
Maia- porquê?
- Porque todo mundo vai pensar que eu sou tua "propriedade" e aí eu não pego mais ninguém porque todos aqui te temem.
Maia- ótimo- disse meio grossa e eu revirei os olhos- não revira os olhos para mim.
Quando estávamos quase a chegar na minha sala um menino lá perto grita

" Olha a preta, quanto é o programa"

Senti o aperto da Maia no meu ombro e vi que ela travou o maxilar e fechou os punhos, me desvinculei dela e fui até o jovem, me aproximei calmamente e disse:

- Preta sim, aliás, muito preta meu amor, e até quero arranjar uma forma de ter mais melanina, agora o programa não é comigo, pergunta talvez a tua mãe ou namorada, elas com certeza vão saber te dizer, sabes né, anos de experiência no ramo.
Depois de eu ter dito isso todas as pessoas ao nosso lado estavam a vaiar e a rir do jovem, fui para o lado da Maia que enxugava uma lágrima que caiu de tanto rir, cheguei perto e dei o meu melhor sorriso

Maia- eu até queria ir lá dar um soco na cara de boiola daquele Wy mas tu, sinceramente ahm
- Esse queria confartar memo uma pessoa que viveu em Angola? Logo eu que jantava a ouvir tiro (só que não, gritou a minha sub), eu sou muito Dinely py dos mini pandemia parte cabeça.
Maia- és o quê?- ri pela cara dela de confusão.
- Tenho que te explicar o calão do   mbanjito.
Maia- mas agora sério, tu estás mesmo bem? Tipo mesmo?
- Olha por mais incrível que pareça sim, até pensei que no primeiro ataque de racismo eu ia simplesmente travar como aconteceu em muitos casos de assédio mas não, a minha língua coçou para dar uma boa resposta e eu só não lhe dei da boa chapada com essa minha mão cheia de calo* de tanto bater funge e limpar o chão naquela cara de betinho dele porque eu sou contra a violência, agora para de enrolar Maria-Homem e vai para a tua sala.
Maia- está bem preta- deu um beijo na minha bochecha.

Eu já tinha lhe explicado o que significava Maria-Homem e ela disse que não se sentiria ofendida por ser chamada por esse nome, disse até que os homens é que deveriam usar o nome dela para exalar masculinidade, já viu né?

Então, eu fui para a sala e prestei bastante atenção na aula de Direito que teve a participação de um advogado super bem sucedido e bem parecido também né, digamos de passagem, mas por um momento me pôs a pensar, será que é tarde demais para dar aquela chapada, e porquê que Maia demonstrava tanta preocupação por alguém que conheceu nem faz uma semana, enfim, fiquei lá a criar as minhas paranóias que eu amo e me bateu saudade da minha melhor amiga, quando chegar em casa ligo para ela.

Pego no telefone e vejo uma mensagem:

Tio Denny: esqueceste que tem casa modeus? Arranjaste outra família? Até o teu gato deixaste, eu sempre soube que não me amas mas até o gato, te tornaste numa pessoa muito cruel.

Ri pelo drama recebendo um olhar de advertência da Prof.
Depois eu sou a dramática da família né, desliguei o telefone e voltei a prestar atenção a aula.
Mas a minha mente só pensava numa coisa.

Sub: temos fome, e txe, nunca mais bebemos kissangua, ih, quero kissangua yha




Ei leimores
Tudo?
Olhem aí uma ótima maneira de reagir ao racismo
Povo preto, vocês são o povo mais lindo tá
A vossa melanina brilha tanto que seria facilmente confundido com ouro
Então amem ser pretos
Amem a vossa melanina
E nunca tenha vergonha da vossa cor de ouro

Bjssssssss

A Vida Da Dy Onde histórias criam vida. Descubra agora