N°2

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Vou vos contar uma cena, difícil mesmo é viajar com alguém atrás de ti a resonar que nem um girador ligado, Jesus do céu, ninguém merece.
Já estamos a voar a seis horas, está tudo estável e a correr bem, acordei por causa do motor a minha trás e olho para a bebê

- Oi menininha, você tá bem?- falo com voz de bebê- você tá bem coisa fofa.
Xxx- tão bem que não me deixa dormir.
- Oi senhora...
Xxx- Lia, e nem sou senhora, só 32 anos ih
- Desculpa Lia, eu estou sem sono, você pode me dar ela e então tirar um cochilo.
Lia- muito obrigada moça.
- Dinely
Lia- muito obrigada Dinely, olha aí tem o biberão, chupeta, toalhitas e fraldas, aí muito obrigada, vou dormir.
- Ah não se preocupe, sou uma encantadora de bebés
- Bah bah bah, bunnn
- Mas queres falar o quê? Com essa boquinha queres falar o quê, ehh coisinha minúscula- fico a brincar com ela durante um bom tempo, dei a chupeta e ela adormeceu, ela era tão linda e só alimentava a minha paixão por crianças.

6 horas depois

"Queridos passageiros, vamos aterrar daqui a alguns minutos, por favor apertem os cintos"

-Atê que enfim, o meu rabo já estava a doer.
Xxx- não precisava né moça- olho para frente e vejo um moço, devia ter 18 à 20 anos, alto e com cara de convencido, não gostei.
- A boca é minha e o livre arbítrio também, te meta na tua vida.- ponho os auriculares ignorando tudo ao meu redor inclusive a existência daquele ser, ufff.

Depois de um tempo eu já estava a desembarcar, tentei tirar as minhas três malas gigantes, sim, eu queria levar tudo comigo, até o gato que não tenho, falando em gato:

- Aii, vê por onde andas poste.
Xxx- e tu olha para o chão anã.
- Falaste o quê?- levanto o rosto com a sobrancelha arqueada, sério isso produção, esse indesejado de novo.
Xxx- falaste o quê falaste o quê, isso que ouviste oh pirralha.- parei a frente dele que me imitou com aquele sotaque português irritante, lhe olhei de cima para baixo umas duas vezes, ele era branco, alto, cabelo preto de dar inveja, com o corpo de alguém que pratica algum desporto, forte, bonito, cara de mulherengo desgraçado, ou seja, o caminho do pecado perfeito, olho bem no fundo dos seus olhos verdes e digo:

- O seu pai gostou- dou meia volta e saiu a rebolar o que não tenho, já fora do aeroporto, logo dei de cara com o meu tio, com uma placa escrita:

"Dinely, rápido, não tenho o teu tempo"

Dou uma gargalhada e vou a correr até ele e polo no seu colo, ele me gira e me dá um beijo da testa.

Tio Deny: estava com saudades cassula.
- Claro, nunca me ligavas, muito obrigada pela consideração já agora.
Tio Deny: sempre dramática né
- Dramática não, princesa.
Tio Deny: eu sabia que querias começar uma nova fase mas nem roupas touxeste, má yha- fico estagnada, colei no chão, Deus me diz que eu não fui lerda e esquecida ao ponto de sair pensando estar a fazer o papel de fera e afinal fiz o de burra, dou um tapa na minha testa e saiu a correr.
Tio Deny: estás a ir aonde miúda- grita o indelicado.
- Estou a vir, fica só aí- grito também porque não sou nenhuma flor.
Eu quase a chegar vejo as minhas enormes malas ao lado de alguém que está de costas, quando vira eu quero simplesmente ser engolida pelo chão, quero derreter aí mesmo e ser levada pela esfregona de alguma tia.

Xxx- Oi- diz ele com um sorriso de canto, todo convencido.
- Oi gente boa, menino do bem- digo eu no maior cinismo do mundo- é tipo assim, essas malas são minhas, muito obrigada, estou apressada, tchau- pego no carrinho com as malas e tento correr mas o ousado pega na minha cintura e me faz parar
- Me larga, uhhh.
Xxx- olha, acho que tu tens que dizer algo antes de ir né, porque, vamos presumir que alguém muito maldoso levasse as suas malas com coisas estranhas.
- Eu ia ped... Ei, você abriu as minhas malas, mexeste nas minhas coisas, seu atrevido- dou uma chapada no braço dele- agora não tem agradecimento porcaria nenhuma, tchau.
Xxx- ei me diz o teu nome pelo menos, eu sou o João- grita.
- E eu sou a sua Avó, tchau- saiu mas ainda consigo ouvir ele a dar uma gargalhada, parvo, menino metido e convencido.

Tio Deny: foste aonde oh criança, e essas malas?
- São minhas, tinha esquecido.
Tio Deny: nem me surpreendo.
- Vamos comer? Ainda é cedo eu tenho fome e preciso de um emprego- digo enquanto espero ele meter todas as malas no carro .
Tio Deny: um emprego para quê se o teu pai vai bancar tudo?
- Nada a ver yha, quero mesmo só trabalhar, vou ver se estudo de tarde e arranjo um trabalho no período da manhã, ou o contrário também, só quero mesmo trabalhar.
Tio Deny: você mesmo rhum, vamos então, também tenho fome.- começo a fazer uma dança nada a ver enquanto ele me ri.
- Lets goo papiiiii.



Povo lindo do meu coração
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