Capítulo 1

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Tudo estava branco. Uma imensidão branca. Um infinito branco. Eu caminhava hesitante para frente, tentando desesperadamente sair dali e entender o que estava acontecendo. Eu estava assustado, parecia que estava andando embaixo d'água, com um caminhar lento e pesado. Dou mais um passo e... Começo a cair. Vem aquele frio na barriga, aquela sensação agoniante, eu estou caindo, eu...

Dou um forte suspiro, pulando na cadeira e chutando a minha classe, fazendo aproximadamente trinta adolescentes prestarem atenção em mim e rir.

Meus amigos em volta riram e deram um soco fraco em meu braço, divertidos. Olhei em volta, ainda meio desorientado, rindo também. Quando entendi o que estava acontecendo, meu sorriso congelou brevemente. As aulas de história sempre foram minha fraqueza, ouvir a voz lenta e baixa do professor por mais de cinco minutos era impossível! Cair no sono na aula de Clóvis era realmente um desafio que nunca estava à minha altura, ainda mais no primeiro período.

O professor me olha, emburrado por ter interrompido sua aula, sabendo que vai ser difícil controlar a turma novamente. Suas sobrancelhas quase completamente unidas e peludas estavam contraídas, seus lábios escondidos em um bigode grosso eram apenas uma linha dura e severa. Sua expressão normal já era assustadora, vermelha e profundamente rígida era pior ainda!

- Ok, Levi, já cansei de você dormindo em classe e atrapalhando os colegas, toda a aula a mesma coisa! Vá para a diretoria, por favor. - Diz ele, segurando as têmporas com a ponta dos dedos e suspirando forte, fechando os olhos.

Conforme ia para frente da sala em direção à porta, distribuí vários 'toca aqui' e 'hi-fives', rindo com meus companheiros de classe. Todos adoravam qualquer acontecimento que interrompesse a aula, principalmente a de história.

Fui caminhando pelos corredores calmamente, fazendo careta ao passar pelas salas com portas com vidro. As grandes janelas do lado esquerdo do corredor estavam abertas e bem iluminadas pelo sol da manhã, colorindo o corredor e as cortinas brancas abertas em um tom amarelado.

É, esse sou eu. O aluno desatento, amigo de todos, tranquilo e que dorme em aula, mas passa na média. E eu gostava dessa forma de levar a vida, digamos. Me considero amigável e sociável, e gosto de conversar com pessoas e... Bem, e dormir. Até a diretora me conhece. Todos os professores lembram meu nome, na verdade; além de ser um nome diferente, eles já tem a frase no automático: 'Levi, acorda e presta atenção!'.

- Dormindo na aula de novo?? É, não é de se admirar que o Hitler te tirou da sala. - Disse Destiny, andando ao meu lado tranquilamente. Um sorriso branco e divertido iluminava seu rosto delicado enquanto me encarava, rindo internamente.

- É, ele tava demorando mesmo. Não chama ele de Hitler! Ele não deve ter culpa de ter nascido com aquela carranca e aquele bigode horrível! - Disse à Des, rindo junto.

- Ah, para de ser chato! Ele nunca vai se importar... Se não ouvir! Além do mais, ele não vai me escutar, nós dois sabemos disso. - Disse ela, mexendo no cabelo encaracolado distraidamente.

Parei em frente à sala da diretora, senhora Silvana, que ficava no corredor ao lado da escada. Ela é bastante amigável, tem uma cara brava, mas é um doce de pessoa. Sempre tentava entender o lado dos alunos e ajudar no que pode. Admiro muito ela, que mesmo depois de perder o marido, continua sendo essa pessoa doce, alegre e incrível.

Abri a porta e estendi a mão à frente, como uma mesura, brincando para que Des passasse à frente e entrando logo depois, fechando a porta delicadamente atrás de mim.

- Oh, Levi! Já aqui tão cedo?! Sente-se. Aceita um chazinho? - Perguntou ela, sentada atrás de sua mesa e me convidando para sentar na confortável cadeira que estava em sua frente, do outro lado da mesa lotada de papéis, canetas e pesos de papel ao redor de um computador velho.

A sala era pequena, com quadros emoldurando diplomas e artes abstratas, daquelas que te deixa tonto só de olhar. Estantes com papéis, inúmeros livros e enfeites cobriam as paredes e duas amplas janelas abertas permitiam a entrada do sol brilhante daquela manhã sem nuvens e com uma brisa fresca, que balançava delicadamente as cortinas. Dois vasos de plantas com folhas grandes tomavam sol embaixo da janela, e uma poltrona com estampa florida estava entre elas, o azul das flores combinando com o azul do tapete que cobria metade do piso total da sala. era um cômodo bastante aconchegante para uma diretoria, acho que por isso ninguém temia a diretora.

Dei-lhe um sorriso caloroso, aceitei o chá (que eram duas gotas de chá e dois quilos de açúcar, basicamente, de tão doce!), e sentei, cumprimentando discretamente seu marido, que estava ao seu lado, e vendo Des posicionar-se do outro lado da diretora, sentando na ponta da mesa.

Sim, seu marido, de quem estava viúva. Sim, ela não via Des, nem o marido, apenas eu os via. Ah, esqueci de mencionar esse pequeno fato sobre mim: eu vejo os mortos.

A saga de LeviOnde histórias criam vida. Descubra agora