- E então, meu jovem, o que te traz aqui tão cedo? - Perguntou Silvana, após trocarmos aquelas perguntas clássicas, de como vai a família e a vida.
- Ah, tia Si, eu peguei no sono na aula do Clóvis, e ele se irritou e me mandou para cá. - Eu disse, fazendo bico.
- Dormindo em aula de novo? Eu ando recebendo muitas reclamações de professores sobre você e esse seu ato ilegal. - Disse ela, com uma sobrancelha erguida, preocupada. - Por que dormes tanto assim em classe? - Ela assoprou a xícara e tomou mais um gole de chá.
- É que... Eu não durmo bem à noite. Tenho insônia e pesadelos... - Falei. Em parte, era verdade. Mas eu não iria contar a ela que não durmo pelos espíritos que gritam ao meu redor a noite inteira. É complicado demais para explicar.
- Ahã, pesadelo. Sonha com um espelho esse aí. - Provocou Des, rindo maldosamente, fingindo que estava lendo alguns papéis na mesa da diretora.
Optei por ignorar.
- Ah, pequeno Levi, se precisar de ajuda, sabe que pode contar conosco! Eu e Silvana estamos dispostos a ajudá-lo sempre! - Disse o marido dela, Seu Enir.
Dei um sorrisinho em sua direção, como sinal de agradecimento.
- Mas você não está se medicando, Levi? Falou com a sua mãe sobre isso? - Perguntou Silvana.
- A minha mãe?? Er... Sim, claro! Ela sabe e já está procurando um médico, nem se estressa! - Respondi, sorrindo amarelo. Na verdade, a minha mãe não sabe. Não quero que ela se incomode com isso, já tem tanta coisa para se preocupar. Imagina ter mais uma preocupação e gasto com remédios?? Nunquinha.
- Ah! Alegro-me em saber. Bom, cuide as próximas aulas! Tente manter estes olhinhos bem abertos! - Brincou ela, pegando um bilhete e assinando. - Pode voltar para a aula, e entregue ao professor... Bom, você sabe como funciona. - Disse ela, me entregando o papelzinho que provava que estava na diretoria e me dava permissão para voltar à aula.
- Obrigada, tia Si! - Respondi, me inclinando sobre a mesa e beijando sua bochecha, acenando para Enir e saindo, com Des atrás de mim.
Caminhei de volta para a sala, passando pelos corredores compridos e iluminados com Des do meu lado tagarelando alguma coisa que eu não estava prestando atenção. É, minha vida era assim mesmo, uma loucura. Bem vindo ao meu mundo!
E a loucura virou o pandemônio inteiro assim que abri a porta.
- Então alunos, recebam bem o nosso novo colega. Leon, pode escolher onde... Ah, Levi. Trouxe o bilhete? - Perguntou o professor, me encarando mudando a expressão para o mau humor novamente.
Bom, devo dizer que eu deveria ter respondido algo como 'Sim sor, aqui. Desculpe por dormir', ou apenas ter entregado o bilhete e voltado a sentar no meu lugar no fundo da sala, mas a verdade é que eu fiquei... Paralisado.
E não, não é pelo motivo que você pensa. Não foi medo, vergonha, ou algum espírito na sala (já estava acostumado com eles).
Mas era porque... Ele é... Lindo! Ah, não, não o Hitler, por favor, não se confunda. Na verdade... Leon. Ele estava olhando para a sala, procurando um lugar para sentar. Os raios de sol que entravam pela janela pegavam em seu perfil, fazendo seus cabelos ruivos brilharem em cor de fogo, destacando suas sardas como constelação e passando pelo azul claro de seus olhos, os tornando ainda mais azul, destacando seus traços delicados moldados em uma expressão leve. Até que ele se vira em minha direção.
Quando nossos olhos se encontraram, senti um frio na barriga e minhas pernas fraquejaram. E ele, em troca... Ergueu uma sobrancelha.
- Levi, algum problema? - Perguntou o professor, me olhando, curioso.
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A saga de Levi
FantasiLevi é um jovem de 15 anos, no primeiro ano do Ensino médio, que tem uma vida... Nada normal. Ele vive com a mãe, tem muitos amigos, é um adolescente se descobrindo e descobrindo o mundo. Aparentemente normal, não? Mas ele tem uma coisa bastante ano...