Capítulo 9

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A porta desembocava em um grande hall de entrada, com um lustre lindo, portas e quadros de antigos nobres e lindas paisagens nas paredes. Um serviçal nos guiou por portas, corredores e salas lindas e luxuosas, até chegar a uma sala que aparentava ser a do trono, bem no estilo medieval. Acho que, se Leon não estivesse segurando minha mão, teria desabado na primeira porta.

A sala era espaçosa, com pilares, quadros e tapetes lindos e, em um ponto elevado no centro da sala, estava um belíssimo trono, com acolchoado vermelho, braços de mármore e detalhes dourados. A frente do trono, estavam dois homens conversando em pé. Um deles, de costa para nós, era alto, vestia um terno branco com detalhes dourados e uma coroa, e o da frente vestia apenas um terno preto e simples. O que parecia ser o rei tinha cabelos negros, inconvenientemente iguais aos meus. Um frio aterrorizante explodiu em meu interior ao vê-lo, e todo meu corpo implorava para sair correndo o mais longe possível dali.

Os outros perceberam, e Dante me encarou com uma expressão complicada, logo levando o olhar ao chão. Des, que estava atrás de mim logo se pôs ao meu lado e Leon apertou minha mão.

Antes que pudéssemos anunciar nossa presença, uma das portas laterais foi aberta, e uma criança de aproximadamente dez anos entrou correndo, se jogando no colo do rei.

- Papaaaaai! A Jenny não para de me chamar de bobo! - Choramingou a criança, agarrada ao pescoço do rei.

- Ah, meu amor, você sabe que não pode atrapalhar o papai nas conversas de negócios! - Exclamou ele, rindo junto com o homem de terno à sua frente. - E eu vou falar com sua irmã! Você sabe que não é bobo! - Disse o rei, pegando o menino nos braços e erguendo-o no ar. - Quem é meu filhão?? - Perguntou ele, fazendo o menino rir, divertido.

O mundo começou a rodar em câmera lenta, e senti meu coração se desmanchar dolorosamente em milhões de pedacinhos. Aquela cena... Aquela era a imagem do pai que sempre sonhei e nunca tive, e ao mesmo tempo era o homem que me abandonou. Quando eu tinha a idade daquele menino, eu estava ajudando a minha mãe a servir os pratos e vendo ela chorar por estar sozinha e não conseguir pagar todas as contas no fim do mês, enquanto ele estava no bom e melhor com um pai perfeito. Eu... Não sabia o que pensar, minha visão ficou embaçada e minha garganta trancou novamente. Por que... Aquilo doía tanto...?

- Papai, quem são eles? - Perguntou a criança, apontando para nós.

O rei então se virou, ainda com um sorriso no rosto, que foi se desfazendo assim que me viu.

É, ele era realmente meu pai. Seus olhos negros eram exatamente iguais aos meus, o cabelo, o queixo... Eu senti como se o mundo tivesse parado. Ele não era o pai que eu havia imaginado... Eu tinha imaginado um vagabundo, talvez um bêbado de esquina, em roupas esfarrapadas e barba mal feita, mas ele era... Poderoso. Era elegante, tinha traços leves e belos e exalava carisma. Como se... Sua presença intimidasse e alegrasse ao mesmo tempo.

- L-levi...? - Sussurrou ele, logo soltando a criança delicadamente no chão e avançando com passos hesitantes. - É você mesmo? - Perguntou ele, mas era uma pergunta retórica, já que ele transformou os passos lentos em mais rápidos, e seu semblante surpreso em alegre. - Filho!! Meu Deus, como você cresceu! - Exclamou ele, vindo em minha direção.

Agora seria uma ótima hora para fugir. Fiquei tenso, me preparando para correr. Ou gritar. Ou chorar. Ou os três juntos.

Quando o rei estava a um passo de mim, Dante se colocou em minha frente, se ajoelhando, fazendo o rei parar abruptamente.

- Sua majestade! Um prazer revê-lo. Trago novidades do outro mundo e dos caça fantasmas. - Disse ele, ajoelhado e me encarando discretamente. Eu estava tão nervoso que nem tive tempo de me sentir agradecido. Queria poder analisar a sala em que estava e procurar alguma janela para pular, mas não conseguia tirar meus olhos do rei e perceber dolorosamente nossas semelhanças. O delicado furo no queixo, a cor dos olhos, do cabelo, até mesmo o nariz era similar. Mas ele era tão... diferente, literalmente de outro mundo. Se não fossem as claras semelhanças físicas, ninguém nunca diria que aquele rei era meu parente.

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