Capítulo 10

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Na manhã seguinte, quando o alarme tocou, eu me sentia horrível. Queria mais que tudo ficar na cama o dia inteiro, mas não queria preocupar a minha mãe, então levantei, escovei os dentes e coloquei um sorriso na cara, enquanto por dentro eu estava quebrado e minha mente divagava em um ciclo masoquista repetidas vezes sem parar.

Enquanto ia para a escola a pé, pensava em tudo o que aconteceu no dia anterior, por mais que eu já tenha passado a noite em claro pensando nisso. As palavras da minha suposta madrasta martelavam meu cérebro o tempo todo... 'Esperava mais'... Será que meu pai também esperava mais, e por isso foi embora? Tá aí uma pergunta que eu tenho me feito a vida inteira. Eu sei que não devia e era errado, mas eu senti uma inveja ardente daqueles meninos, meus 'irmãos'. O que eles fizeram que eu não fiz? O que eles têm que eu não tenho que fez meu pai dar amor apenas para eles? O que tem de errado comigo?

Bom, essas perguntas são ecos do meu interior obscuro. Eu sempre tive esses questionamentos, mas eu os ignorava com a desculpa de meu pai ser um vagabundo, então a culpa seria só dele. Mas... Ele é um rei. E um pai carinhoso, pelo visto.

Quem me ajudava antigamente a passar por isso era minha vó; nem ela eu tenho mais.

Assim que cheguei na escola tocou o sinal, me fazendo ir direto para a sala de aula, encontrando a gangue.

Meus amigos, assim que me viram, começaram a conversar animados sobre o encontro na minha casa depois da aula, coisa que eu já tinha esquecido, mas fingi animação também, vendo de canto de olho Leon chegar e já ser atacado por Anita. Os dois já foram para a sala, com os braços dados. Leon olhou para mim, como se quisesse me dizer algo, mas eu apenas desviei o olhar para Bruno.

A manhã transcorreu sem muitos alardes, até porque eu não estava com força para nada, nem para dormir. Eu estava literalmente como um zumbi.

No sinal do recreio, Leon veio até mim e a gangue.

- Hey, gente! - Disse ele, tímido, me encarando.

- Sumido! Como vai lá com a Anita? Ela beija tão bem quanto dizem? - Perguntou Ander, rindo com os outros.

Apesar de não ter achado a menor graça, ri junto.

- Não! Quer dizer... Eu não sei, já que nós não... Enfim. Levi, posso falar contigo rapidinho? - Perguntou ele.

- Ok. - Respondi, saindo da mesa que estava sentado em um pulo e seguindo Leon. - Já volto galera. - Falei para os quatro olhares curiosos que nos seguiam.

- Levi, como você tá? - Perguntou Leon, ao chegarmos em um canto do pátio que estava vazio, olhando em volta. - A Destiny tá aqui? -

- Não, ela ficou em casa para caso Dante apareça. E eu estou... Como dá, né. Não sei. - Respondi, dando um suspiro e desfazendo a máscara que coloquei de manhã. - Não sei o que fazer, o que pensar, o que sentir. Não sei mais nada sobre mim mesmo. - Confessei, com a voz fraca e encarando o chão.

- Levi! Com ou sem família real, você é a mesma pessoa! Tudo vai... - Tentou ele, mas foi interrompido por Anita, que brotou de algum lugar desconhecido pela ciência.

- Chaminha! Te achei! Eu e as meninas estávamos te... Ah, oi Levi. - Cumprimentou ela, vendo que eu estava ali e me oferecendo um sorriso falso.

- Olá, Anita. - Respondi, devolvendo o sorriso falso..

- Tá, vem Chaminha, as meninas estão esperando. - Disse ela, puxando Leon pela mão até o outro lado do pátio. Ele me olhou com uma cara de 'Desculpa, depois a gente conversa.'

Mas, depois que bateu o sinal da saída, ele não parecia querer conversar.

Eu e a gangue saímos pelos fundos da escola assim que a aula terminou, eu até já estava melhor, tinha esquecido um pouco o negócio do meu pai e minha vó com as piadas sem graça de Bruno e Breno, enquanto Luca e Ander resmungavam algo sobre querer comer logo e agradecerem aos céus por ser sexta feira. Mas, quando fomos para o portão de trás da escola, por onde eu saio todo dia, vi a pior cena possível: Anita estava com os braços em volta do pescoço de Leon, e... Os lábios nos dele. Eles estavam se beijando.

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