Capítulo 6

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- Como... Como assim levaram ela? Não tem como levarem ela, ela é um fantasma! - Eu disse, começando a ficar nervoso, correndo para o lado de Destiny.

- Mas levaram, Levi! Os caça fantasmas! Eles apareceram na rua e... Foram com aquele aparelho janela por janela, do lado de fora... - Disse ela, com os olhos arregalados. - Eu... Só ouvi ela gritando, e quando voltei... Ela não estava mais aqui. Nenhum espírito da rua está, todos... Se foram. - Terminou ela, ainda de joelhos no chão.

- Mas que direito eles têm de usar isso na janela dos outros? E como... Vovó... Isso não vai ficar assim! Vamos de porta em porta, se for preciso, mas vamos descobrir quem são esses filhos da puta! - Gritei, já com as lágrimas correndo pelo meu rosto, me levantando bruscamente.

Nessa hora, ouvi uma batida na janela. Eu e Des calamos imediatamente e ficamos paralisados, com medo do que poderia ser; a fala de Destiny ecoava em minha cabeça: "Eles foram de janela em janela"... E se fossem eles? Apressadamente, peguei a primeira coisa que vi por perto, um pequeno espanador que minha mãe deixou na estante, e o ergui em posição de ataque (o segurei com as duas mãos e estendi à frente, tremendo). Até que quem estava batendo desistiu de esperar, abriu a janela e entrou rapidamente. Era Dante, meu salvador.

- Dante? - Perguntei, sem entender.

- Levi, temos que ir, depois te explico tudo... Por que você tá com um espanador na mão? - Perguntou ele, confuso, avançando para o meio do quarto em minha direção.

- Ooo peraí Levi, tu não vai a lugar nenhum não. Quem é esse aí? Tua mãe sempre disse pra não andar com estranhos, e temos que encontrar a sua vó! - Disse Des, alterada, se levantando e ficando ao lado de Dante, virada para mim de braços cruzados.

- Calma menina, eu tô aqui justamente pela Dona Lúcia. Também quero encontrá-la, mas vocês vão ter que vir comigo. - Disse ele, olhando para Des e depois para mim, também cruzando os braços com um ar de impaciência.

Eu o olhei boquiaberto, deixando o espanador cair no chão, e Des não estava menos chocada. Ele... Fala com fantasmas também? Eu não era o único? E ele conhecia minha vó? Como... Quando... As perguntas explodiam tanto na minha cabeça que ela começou a doer.

- Um minuto. Você fala com fantasmas também? - Perguntei, incrédulo.

- Levi, não temos tempo! Quanto mais demoramos aqui, menos chances de encontrar sua vó! Eu te explico mais tarde, ou no caminho, mas você tem que confiar em mim! - Disse ele, ficando nervoso, indo para a janela e olhando em volta.

- Olha Dante, desculpe, mas eu não vou me mexer daqui antes que você me explique exatamente o que está acontecendo. - Eu disse, tentando ao máximo manter a calma e a racionalidade, me sentindo meio tonto com tudo o que estava acontecendo.

Des, ao contrário, estava mais quieta que o habitual, assistindo a cena de olhos arregalados. Ela lentamente se arrastou para o meu lado, encarando Dante fixamente com grandes olhos desconfiados.

Ele então suspirou e sentou na minha cama. Eu, sinceramente, não lembro de dar intimidade a ele para tal ato, mas a curiosidade falava mais alto.

- Ok, vou ser direto e rápido, já que não temos muito tempo. - Disse ele, suspirando e revirando os olhos. - Levi... Como posso dizer isso sem ser indelicado... Bom, o fato de você ver e conversar com fantasmas te possibilita ter vivências diferentes das de humanos normais, e por isso não somos "humanos", propriamente dito; somos Médiuns, na linguagem humana. Nós conseguimos acessar a realidade entre este plano físico e o plano dos espíritos, na verdade nós que criamos essa realidade entre planos. E nós a chamamos de Beco. O Beco só pode ser acessado por um Médium, e lá, Médiuns e Perdidos convivem como "iguais". Eles nos protegem e nós, em troca, os protegemos. Porém, surgiu uma ameaça contra eles, os Caçadores. Eles estão capturando perdidos e extraindo sua essência para conseguir poder. Pegaram a sua vó e muitos outros, e apenas você tem o poder de ajudar. - Disse ele, tudo de uma vez, rápido e sem pausas. - Pronto, agora vamos! - Ele se levantou e segurou meu pulso para me conduzir.

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