Memórias

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Fechei meus olhos por minutos após a conversa conceitual até certo ponto com Moonbyul; estava tentando me prender ao máximo a mim mesma, porém ao que tenho percebido, haviam dois cenários no qual eu poderia considerar: O primeiro era a lábia certeira e persuasiva que ela tinha, tudo me parecia ser enlouquecedoramente organizado em seu corpo, gestos e palavras para conseguir o que queria e de uma forma orgânica fazia parecer que era algo habitual movimentar-se daquela forma, sorrir em momentos extremamente oportunos e distribuir seu implicante charme presencial num tom de voz tão familiar. O segundo era que eu estava. Realmente vendo em seus trabalhos e trejeitos alguém que se qualificava com muita felicidade para o trabalho designado aqui; sua personalidade chapada e sem muitos conflitos era exatamente o procurado e descrito nós requisitos fundamentais para enfrentar a vida corrida de alguém que trabalha num ramo tão competitivo e em muitas vezes, nada qualitativo. Com isso, finalizei essa linha do tempo com a certeza de que eu não estava mais me prendendo a algo ou me fechando para preservar minha imagem perante uma estranha que se caso não ficasse satisfeita com o resultado final (colocando uma situação hipotética de perda), pudesse destruir a Solar figura pública que construí durante longos dez anos, depois de conhecer um pouco da Yongsun que é na verdade, quem vêem por dentro das paredes do prédio.

É uma sensação espinhal e controversa demais estar em um lugar aonde sempre me senti desconfortável que é nada mais, nada menos que lidar com novos contratados e estranhos de uma maneira geral e agora, é como se essa informação tivesse barreiras de acesso não para Solar, mas sim para Yongsun que não passava de uma mulher de quase trinta anos, que ainda vestia pijamas do Pokémon e adora tomar sorvete de madrugada. Pegou-me de sobressalto o fato de me chocar tanto com Moonbyul no aspecto de convivência e ainda assim, poder me divertir o mínimo que fosse com todas as infantilidades que me deparei com essa agora, já não mais estranha. Sempre gostei do meu trabalho de um modo tão abrangente que precisei de vários e vários braços auxiliares para me ajudar a abraçar o mundo do entretenimento, me orgulho de estar tento o resultado esperado e mais ainda de amar o que faço. Em contra ponto, gostaria de não ter perdido ou deixado esquecido em algum lugar da minha mente coisas que fui obrigada a rejeitar ou a não querer em virtude disso.

O espelho a minha frente mostrava a transformação lenta e compassada de tudo o que era apenas eu. Seja uma ou outra, as duas faces estavam voltadas a um corpo só;  segurei os óculos escuros em minhas mãos após amarrar minhas botas de maneira desleixada de propósito, achei que combinaria com o conceito e clima no qual fui levada a sentir em todos os pêlos inexistente do meu corpo. As hastes douradas do objeto em minhas mãos me chamou atenção, brilhava por estar entrando no caminho de uma fresta dos últimos raios solares do dia, minha sala estava ficando escura de acordo com o que se passava lá fora e então, as únicas coisas que pode ver através da parede de vidro, eram as luzes dos faróis dos carros passeando ali.

Brilhavam e piscavam como as luzes do maldito quarto trinta e três, cravados na porta metálica por números dourados assim como estava presente naqueles óculos; em meio a uma inspiração profunda que tomei querendo me encher de mais coragem, flashes momentâneos das mãos leitosas que sequer tocaram-me, escorregam por minha mente. O jeito com que seu pescoço se esticava por não aguentar os espasmos que eletrizavam seu corpo, tendo um holofote em cima de si, me fizeram palpitar pela desconhecida.

Preciso que se lembre de algo...

Seus quadris torneados e ao mesmo tempo magros com relevos que poderiam ser vistos até mesmo por mim por trás daquele vidro, os relevos sutis convidativos a arranhões e a V-line pouco marcada me fez salivar por alguns segundos, sorri caminhando até o corredor, mas nem assim as memórias foram jogadas ao vento.

De qualquer coisa...

A cada passo lento em direção a sala indicada, meu sorriso se alargava. Era deplorável o estado que lembranças de uma desconhecida me fazia estar, quando se tratava de sua pele brilhando pelo suor de seus movimentos rápidos com os dedos em alguma de suas garotas, era visível o quanto queria faze-la gozar, seus braços eram finos mas não eram feios, eu via a força com que estava entrando e saindo daquela morena em nosso último "encontro"; num fio interminável de pensamento revivi o pulsar entre minhas pernas assim que a ouvi sussurrar besteiras incontroláveis.

FeticheOnde histórias criam vida. Descubra agora