MILEVEN - AMOR ATRAVÉS DOS TEMPOS

O mundo invertido. O final.

   Rapidamente, Onze e Mike entraram no colégio, lá dentro o ar era mais frio, e era ligeiramente mais escuro. O corredor estava impregnado de lodo nas paredes, tudo era velho e destruído.   Lado a lado, Onze e Mike caminharam devagar pelo corredor, com o medo de alguém os surpreender, o barulho estridente dos seres lá fora do outro lado da barreira fazia com que o ambiente ficasse mais assustador, aquela sensação de urgência, que a qualquer momento um exército de criaturas do outro mundo destruiria a barreira, engoliria Bianca, e devoraria Mike e Onze em pedaços, utilizando todo o sadismo possível.

- Sabe pra onde ir? - A voz de Mike surge como o raiar do sol em meio a nuvens tempestuosas na mente de Onze.
- Eu sinto o Will, parece que ele está no ginásio.
- Bom, então não está tão longe.

   Eles chegam até metade do corredor, Onze para, ela olha para Mike, parece preocupada, algo está dentro da sua mente, uma farpa que a incômoda incessantemente, algo que ela precisa por para fora.

- O que foi? - Mike percebe a preocupação.
- Mike, Eu...

  Boooooom...

- ONZEEEEEEEEEE. - grita Mike.

  Mike é puxado violentamente para o fim do corredor e começa a atravessar as paredes. Onze, mesmo assustada corre atrás, mas ao saltar o primeiro buraco na parede, ela cai numa solitária. O buraco não está mais ali, as paredes e o chão são brancos. Há uma voz ecoando ao redor dizendo:

- Filha, filha, venha para mim...

   Onze não está entendendo, mas ela sabe que aquilo é uma alucinação. Por isso, Onze concentra sua mente fechando seus olhos e quando os abre novamente, ela está de volta ao colégio, um buraco na parede atrás e outro a frente. Ela corre, salta pelo buraco e cai numa água densa que a puxa para baixo em direção há uma luz verde. Um vidro surge ao seu redor, a sua frente há uma imagem turva, há um homem se aproximando na sua direção, ela o reconhece como Brenner. Mesmo dentro da água, a voz de Brenner soa na mente de Onze como telepatia.

- Filha, através das eras eu estive atrás da você, e agora temos a oportunidade de ficar juntos.

   Onze então força o nado para cima, ela se afasta com sucesso. Chegando a superfície, Onze cai junto com toda água no chão sólido da sala do colégio no mundo invertido. Ela então se levanta e corre saindo na outra sala, que por incrível que pareça não é uma alucinação. A última parede da acesso ao ginásio e lá ela se depara com a figura de Martin Brenner de costas.

Mike está preso em raízes no chão e Will está desacordado preso a uma parede ao fundo.

Brenner se volta devagar para Onze, ele possui um sarcástico sorriso, diante daquele cabelo bem arrumado e do terno bem polido apesar do mundo invertido.

- Finalmente. Era o que eu esperava de você, nada além de um ato heróico. 
- Eu não entendo. Quem é você?
- Ainda não entendeu, querida? Eu sou seu pai.
- Isso é mentira!!! - Onze exclama forte e sua voz ecoa. - O meu pai... O meu pai...
- Não se lembra de quem ele é? Nenhuma memória? Nada?

  Onze tenta forçar a memória, mas ela não consegue se lembrar de absolutamente nada.

- Em qualquer das últimas vidas, eu sempre fui seu pai. Qualquer momento, mas que pena que não fui um pai presente. Mas agora veja, filha, eu quero concertar tudo isso. - Brenner tem um jeito de falar, quase como o sibilo de uma serpente, seu caminhar, mesmo longe é ameaçador.
- Minha mãe me contaria.
- Como ela vai contar algo que ela nem mesmo se lembra?
- O que?
- Se chama programação neurolinguística. Eu transei com a sua mãe durante o tempo de faculdade dela, ela possuía a intrínseca habilidade de mover objetos com a mente, claro que ela foi chamada para um estudo de caso da Universidade, uma fachada para experimentos científicos, foi lá que eu me aproveitei de sua inocência e a engravidei, mas eu não poderia deixar que ela simplesmente saísse por aí dizendo que teve um filho comigo, fiz ela acreditar que o pai era desconhecido, e assim reprogramei sua mente.