A marca de Bianca

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  *a música para esse capítulo é Wonder of Life - Alexander Desplat.

Onze, mergulhada em seus sonhos, estava passeando por um campo verdejante, onde a grama bailava ao toque suave da brisa errante que empurrava as nuvens brancas como algodão do pasto para o oeste, o caminho era de areia amarela brilhante e fria que fazia carinho nos seus pés. Ao longe cadeias de montanhas que pareciam tocar o céu ou até mesmo atravessá-lo, mais a frente uma densa floresta de bambus no caminho ao qual Onze não lembrava de estar ali. Ela caminhava a passos pacientes, enquanto sentia seu corpo se mover sozinho, não havia nada em seus pensamentos.

"Será que estou sonhando?" Ela pensa enquanto olha a grama que dança ao seu redor e se estende por um longo caminho.

- Está? - Diz uma voz conhecida atrás dela.

  Onze para e se vira. Atrás dela está Bianca que veste uma roupa muito branca, límpida e que a luz do sol daquele sonho, parece brilhar como uma pedra reluzente ou um latão polido cem vezes. Seu cabelo se confunde com fios finos de ouro e está solto.

- Bianca. Onde... Onde eu estou?
- Acho que essa pergunta não é importante. - Diz Bianca se pondo ao lado de Onze. - Vem. - Ela pega em sua mão. - Eu quero te mostrar algo.

   Bianca guia Onze para próximo fã floresta de Bambu, é uma densa floresta ao qual o caminho de areia se torna uma ponte de madeira.

- Conhece este lugar? - Pergunta Bianca.
- Eu não faço ideia de que lugar seja, mas sinto que já estive aqui, sinto que já vivi algo aqui. - Onze se adianta a frente olhando os bambus altos que se erguem pelo lado das pontes.
- Você esteve aqui. Em outro tempo.
- Como assim? - Onze olha para Bianca que sorri.
- Eu estive aqui? Como? Como posso saber que isso é real?
- O que é real? Real é aquilo que você vê? Que toca? Que sente?
- Eu não sei.
- Vem. - Ela toma Onze pela Mão direita e segue pela ponte caminhando.

  Pouco a pouco a densa floresta de bambus vai desaparecendo e de repente ao sair por uma clareira, Bianca e Onze se deparam com um campo devastado, um campo cheio de lama e canhões antiaéreos, tanques destruídos, e tendas queimadas.

- Você também esteve aqui.
- Mas que lugar é esse? - Onze olha ao redor a desolação daquele campo destruído. Ela não consegue compreender o porque de tanta destruição, mas se lembra de algumas guerras que ocorreram no passado.

De repente o cenário muda, agora é um bairro dos anos 20, há garfos de feno no chão e centenas de tochas queimadas e tacos de beisebol.

- O que houve aqui? - Onze pergunta meio assustada.
- Você vai entender. Mas por enquanto eu quero que grave esse nome.
- Qual nome?
- Martin Brenner. - Bianca diz.

   Todo o cenário de chão Lameado ao redor, tanques, floresta de Bambu, e toda destruição desaparecem de repente, e o chão se torna areia dourada, a grama dançante ao redor volta.

- Quem é Martin Brenner?
- Você vai conhecer ele. É por isso que está aqui, é por isso que eu estou aqui.

   Onze acorda de repente em sua cama, o celular está sobre ela, os fones caídos ao lado. Ela olha para a janela, a luz do sol entra pela cortina branca e ilumina o quarto suavemente. O sonho foi tão vivido que parecia extremamente real. Onze se senta ao lado da cama, seus pés tocam o chão frio. Quando foi que ela tirou as meias? Onze sente a energia emergir aos poucos, como o Windows carregando devagar até poder aparecer a interface. Onze se levanta devagar, caminha até o banheiro, apanha a escova de dente e preguiçosamente põe a pasta nas cerdas da escova, e sem molhar a pasta (que pecado) começa a escova os dentes. Onze olha para seu reflexo no espelho, os olhos estão pesarosos e sonolentos, de costume Onze coloca uma musiquinha para a rotina da manhã, e que música melhor do Clint Eastwood da banda Gorillaz. Uma música preguiçosa, lenta, música típica de um dia meio sem graça. Onze tinha certeza que as músicas mudavam o estado de espírito de alguém, por isso ela resolveu mudar, e Voilá, a música caiu bem numa típica melodia de "uau é domingo de manhã e somos tão jovens para curtir a vida". Up & Up de Coldplay, a música ótima para se apreciar a vista. Sua energia até mudou, de tensa, amarga e sonolenta, para livre, leve e feliz.
  Onze colocou uma calça legging, vestiu um suéter com a palavra "Always" estampado em letras douradas, típico suéter do fã de Harry Potter. Os tênis all star que sua mãe lhe deu ano passado era uma boa pedida para o que ela fazer.

MILEVEN - AMOR ATRAVÉS DOS TEMPOSOnde histórias criam vida. Descubra agora