Música: Amber Run - I Found e The Fray- How to Save a Life.
Não! Quando a liminar judicial de autorização investigativa saiu no dia seguinte, e Hopper e seus homens foram até o açougue para investigar o que escondiam lá, ele não encontrou absolutamente nada. Hopper indagou sobre homens armados no local, e para não se enrolar em suas palavras diante do estranho gerente daquele lugar, ele disse ter visto comboios se aproximando do lugar. O gerente, um homem velho, fumante, parecia mais uma réplica animatrônica de um boneco da Vila Sésamo, disse a Hopper que era a segurança particular do dono da empresa, que ele era um homem muito rico, e precisava do máximo de proteção possível. Para piorar, encontraram os corpos das meninas em um lugar muito afastado de Hawkins, mais próximo um corpo de um urso marrom adulto cravejado de balas, dois caçadores que andavam pelas redondezas encontraram os corpos desfigurados das meninas, e reportaram para a polícia. Hopper foi até o local, não pode acreditar no que viu, quando em um momento acreditava que estava próximo de solucionar o mistério do desaparecimento, Hopper se depara com a maior prova forjada de sua vida.
Ele viu o garoto morrer, ele viu os agentes, ele Brenner, mas o que ele podia fazer? Ele era somente um Xerife, o que um Xerife é em contraparte a um governo forte e poderoso? Ele sabia que tudo estava errado, que o corpo delas não deveria estar ali, mas sim no açougue de fachada.
Mas já era tarde, o clima de luto estava tomado na cidade. Nancy Wheeler chorara a manhã inteira, uma mistura de decepção amorosa com uma culpa irrevogável de ter abandonado a amiga que agora estava morta. Foi tão duro dar a notícia aos pais de Barb do que receber a notícia de que seu corpo havia sido encontrado, a sensação arrebatadora do remorso, de não ter ido com ela até o banheiro, nessas horas a lógica foge, fica a tristeza, fica a mágoa.
Na hora que campainha tocou, Nancy foi atender, mesmo em lágrimas, e quando abriu se deparou com Jonathan. Jonathan Byers mesmo sendo a última pessoa que ela gostaria de ver naquele momento, se tornou em um instante a figura mais próxima de calmaria que Nancy assimilava, por isso ela repentinamente o abraçou. Jonathan sentiu a força da sensação de culpa que ela carregava."Porque eu não fiz nada?" Ela sempre pensava.
No enterro, o silêncio ensurdecedor, as palavras distantes do reverendo, os olhares cabisbaixos, até mesmo daqueles que sabiam a verdade, mas que não podiam fazer absolutamente nada. Mike estava ao lado de Onze, ela vestida com um mórbido vestido preto ao qual usara somente uma vez em casamento de uma tia do Texas. Ele um terninho que usou uma única vez no enterro de uma tia na Califórnia.
Eles não poderiam estar tão próximos, Mike discretamente tocou o dedo mindinho de Onze, que respondeu segurando seu mindinho, e ali sentiram que mesmo no luto estavam próximos.Depois que os caixões baixaram, depois que a terra foi posta, depois que as pessoas saíram, todos voltaram para seus afazeres, porque de certa maneira a vida segue. E naquela tarde de terça feira, Mike resolveu passar um tempo com Onze, já que una pesada chuva atingiu Hawkins de uma hora para outra, eram tantas coisas para digerir, e Mike não poderia simplesmente ficar sozinho em seu porão ouvindo música ou jogando vídeo game. Ele nem sequer avisou ela que iria até lá, simplesmente respirou fundo e disse:
- Vamos lá Mike.
Ao abrir a porta, Mike se deparou com uma torrente de água que descia a rua, era quase o Rio Hawkins. Mas a determinação do amor juvenil gritou mais alto do que qualquer pessimismo interno, Mike molhou seu precioso all star preto e aos pulinhos atravessou a torrente chegando do outro lado da calçada. Ele caminhou a passos largos até a porta passando pelo jardim e tocou a campainha.
Passaram-se 20 segundos e ninguém veio atender, ele tocou novamente como aqueles garotos insistentes que tocam a campainha ou como alguns vendedor de provedor de internet (Vivo rs). Finalmente alguém veio atender, era Onze que estava vestida com um pijama fofinho, uma blusinha com corações e uma calça moletom com ursinhos, meias rosas, cabelos bagunçados e boca suja de sorvete de morango que ela segurava no pote nas mãos. Resumindo, ela estava naturalmente linda.
"Sorvete?" Pensou Mike.
- Que foi? - Pergunta Onze.
- Bom, é que eu... Eu tô sozinho em casa, e...Mike parecia uma criança falando em frente a um público de 100 mil pessoas. As palavras quase não saíam.
- Entra logo. - Diz Onze.
- Tá. - Mike sorri desajeitado.Mike adentra, ele sente Onze batendo a porta forte atrás dele. Onze passa por ele e começa a subir a escada. Bem no meio, ela para, olha para ele e diz:
- Espero que tenha um bom motivo pra vir até aqui.
- Bom, eu achei que a gente podia passar a tarde juntos...
- E o que sugere que façamos? - Onze é muito direta nas perguntas."Vamos nos beijar, eu quero te beijar"
Era isso que ele pensava. É verdade esse bilhete.- Que tal ouvir música ou assistir um filme.
- Legal, vai ligando a TV, eu já volto.Onze volta a subir a escada e some na virada do corredor. Mike se sente um pouquinho mais a vontade, mas o seu nervosismo ainda é gritante. Tanto que ele se enrola para achar um controle de televisão, ligar e achar algum filme. Sem querer, ele coloca em um canal pornográfico, onde havia uma cena com forte penetração em que a mulher soltava gemidos muito altos, e que com certeza devem ter ecoado até o quarto de Onze.
Mike ficou vermelho como um pimentão, mas ele de certa maneira conseguiu encontrar o canal e o filme que passava era Harry Potter e a ordem da fênix, um filme perfeito para dias de chuva intensa em que tudo parece ser cinza com azul claro. Minutos depois, Onze chegou com um cobertor.
- É melhor tirar o casaco molhado, senão minha mãe te mata.
- Okay.Mike retira o casaco molhado e o põe pendurado na porta de entrada. Onze joga o cobertor sobre o sofá maior e se senta. Mike discretamente se senta ao lado dela. Ele está de pernas juntas e ela com as pernas sobre o sofá terminando de degustar seu sorvete de morango super gelado, algo tão inapropriado para dias chuvosos, mas são dias estranhos, cujas estranhezas são incessantemente ignoradas. Faz uma semana que enterraram Barb, desde lá, ninguém mais desapareceu, Brenner não surgiu mais, nem mesmo nenhum agente, nem nada. Estava tudo Okay, e okay permaneceria, até porque "quem procura acha".
Mas para Mike, os pensamentos eram constantes sobre Onze, será que ela estava ignorando os próprios sentimentos? Será que ela estava ignorando o que estava acontecendo entre os dois. Mike se ateve em olhar devagar para ela que mantinha os olhos fixos na TV. Enquanto via Harry Potter ensinando feitiços aos outros alunos, nem parecia que eles haviam voado com seus espíritos, nem que haviam visto a demonstração assombrosa de poderes sobrenaturais. Ela fitou seu rosto, como ele tinha nuances perfeitas, como era perfeitamente beijável, mas ela não retribuiu o olhar, parecia estar se esquivando. Mike voltou seu olhar para a TV, Harry estava conversar com Cho na cena, Mike mal percebeu que Onze o olhou de soslaio, e em seguida disse:
- Do que você tem medo? - Pergunta Onze.
Mike respira fundo e pensa, logo depois diz:
- Meus medos são clássicos, acho que perder as pessoas que eu amo... Depois de ver a Nancy desabar em lágrimas por causa amiga me trouxe uma sensação próxima do que é perder alguém querido.
- Interessante.
- E você?
- Bem. - Ela coloca o pote no chão. - Acho que tenho medo de não ser forte o suficiente.
- Mas você é forte, você tem... você tem poderes.
- Bom, acho que ser forte não está relacionado ao fato de eu ter poderes, mas sim o quanto eu poderia resistir a morte de alguém que eu amo.
- Entendo. Também não sei se sou forte o suficiente para aguentar o impacto da perda de alguém, o meu pai, minha mãe, minhas irmãs... Você.Ele diz isso repentinamente, quase involuntariamente. Ele percebe uma quebra de postura por parte de Onze que se aproxima um pouco mais dele.
- Eu? O que eu sou pra você? Você me conhece a menos de uma semana.
- Mas é como se eu conhecesse a minha vida inteira, é como se você sempre estivesse aqui...Onze e Mike ficam em silêncio, seus olhares se encontram, num choque inevitável de emoções tão profundas quanto o oceano ou tão vastas quanto o universo visível, Onze olha nos olhos de Wheeler e sente que não pode ignorar aquela velha sensação, daquele velho rosto, aquela troca de olhares na festa em Chicago. Ele sempre esteve aqui, sempre esteve nos sonhos, nos pensamentos, de alguma maneira Bianca está certa.
Seus corpos se inclinam automaticamente enquanto o espaço entre os dois se fecha cada vez mais. Onze está nervosa, porém quieta. É então que seus lábios se tocam, suas almas se abraçam, e suas mentes se unem.Um nome, uma sensação, uma história, MILEVEN.
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MILEVEN - AMOR ATRAVÉS DOS TEMPOS
Ficção CientíficaJane Yves é uma garota comum, mas que possui um dom especial. Quando ela se muda de Chicago para Hawkins ela encontra com outra pessoa com Dons especiais que podem levar ela a conhecer seu passado, porém nesse tempo ela conhece Mike Wheeler ao qual...