Cap.25

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Pov Alice
Depois do clube, fui ao quarto das meninas e ficamos por um bom tempo conversando.
Quando finalmente decidi ir para o meu, encontrei Joel, Zab e Erick caminhando com cara de cachorro abandonado.
Alice: O que houve?
Erick: Rich tá na enfermaria. Acho que ele precisa de você.
Sem pensar muito, sai correndo até a enfermaria e entrei sem pedir autorização a ninguém.
Alice: Amor o que aconteceu? — perguntei enquanto o abraçava. — Está chorando?
Richard não me respondeu e continuou chorando
Alice: Vai ficar tudo bem. — disse segurando seu rosto e em tom baixo.
Richard: Não vai Alice.
O encaro por alguns minutos.
Alice: Como assim o que houve?
Rich: Por que você levou o Chris pro jantar?
Fui surpreendida pela pergunta e o olhei confusa
Alice: Eu o encontrei no hall e...
Rich: E o que? Sabe que ele gosta de você, Alice. Ele faria de tudo pra ter você, e ainda me disse que só está esperando uma falha minha. E sabemos que esse relacionamento é cheio de falhas
Alice: Richard, sabe que eu gosto de você.
Rich: Então por que chamou ele? Ainda consegui uma torção por causa disso
Alice: Como?
Percebi a expressão de Richard de arrependimento ao ter falado algo.
Rich: Olha eu só, fiquei com raiva e...
Alice: O que você fez com o Chris?
Rich: Está preocupada com ele?
Alice: RICHARD VOCÊ DEVE TER ARREBENTADO O MENINO!
Rich: ELE VAI FAZER DE TUDO PRA CONSEGUIR O MEU LUGAR, ALICE!
Alice: Conheço alguém que também quer fazer o mesmo comigo, coincidência não acha?
Rich: Vai começar isso de novo?
Alice: Tudo bem, chega disso. Não precisa ficar preocupado, o Chris pode estar esperando uma falha sua, mas sempre resolvemos essas falhas não é?
Ele concordou com a cabeça
Alice: Depois vai ir pedir desculpas a ele.
Rich: Ah não amor. — disse fazendo manha.
Alice: Vai sim. Agora mudando de assunto, como vai gravar o vídeo amanhã?
Vi as lágrimas surgirem em seu rosto, e logo a voz de Elizabeth entrando na enfermaria.
Lisa: Camacho você está bem? Fiquei sabendo da sua briga com o Vélez.
Rich: Sim, quer dizer ainda dói, mas fique tranquila, vamos resolver isso.
Lisa: Pelo que o médico me disse lá fora você não pode dançar com o pé assim.
Rich: Ah posso. Posso sim.
Alice: Se me dão permissão para falar...
Espero um silêncio em forma de concordância
Alice: Conheço um jeito de ficar sem dor por no máximo uma hora. Depois que o efeito passar você não vai conseguir pôr o pé no chão, mas talvez ajude.
Lisa: Faça o que for necessário. — ela olhou para Richard. — Você tem que dançar.
Richard assentiu e ela saiu.
O médico colocou a tala no pé do Richard e disse que ele estava liberado para ir pro quarto e ficar de repouso.
Ajudei ele a subir e se sentar na cama. Me sento ao lado dele e seguro sua mão.
Rich: O que vai fazer pra dor passar?
Alice: Morfina.
Rich: Se o médico descobrir eu estou...
Dou um selinho nele o fazendo ficar quieto e o olho nos olhos
Alice: Ele não vai descobrir.
Digo baixo e logo me afasto um pouco
Alice: Amanhã vai gravar o vídeo que horas?
Rich: 15 horas.
Alice: Muito bem, esteja aqui às 14h. Vai ter uma enfermeira te esperando, ela era a enfermeira do meu avô. Ela vai te dar cerca de meia hora do medicamento na veia e você vai poder dançar como quiser.
Rich: Não vai ficar aqui comigo?
Alice: Posso ficar se quiser
Ele me puxou e ficamos abraçados.
Richard as vezes abafava gritos nas almofadas pela dor.
Passamos a noite em claro, ele nem tanto, tentei fazê-lo cochilar ao menos.
Colocava gelo como o médico havia dito a ele, falei com a enfermeira e quando eram 6:00 am, me deitei ao seu lado para tentar dormir por algum tempo.
POV RICHARD
A noite e madrugada não foram fáceis para mim e acredito que nem pra Alice. Por mais que o médico tenha me dito que foi uma torção de primeiro grau, eu sentia como se tivesse quebrado o osso. Observei Alice cuidar de mim várias vezes.
Ao acordar, tentei me levantar sozinho para ir até o banheiro, mas não consegui. Olhei para o relógio em cima do criado mudo, eram 10:43 da manhã. Peguei meu celular para enviar uma mensagem para Alice, mas não foi preciso. Alice adentrou no quarto segurando uma bandeja.
Alice: Trouxe café da manhã. Quer ajuda para ir até o banheiro escovar os dentes?
Richard: Sim. Por favor.
Depois de fazer minha higiene pessoal, Alice me ajudou a se sentar na cama e colocou a bandeja em cima das minhas pernas. Na bandeja continha um lanche natural, suco de laranja em caixinha e um pote com uvas.
Alice: Sei que sua dieta é muito equilibrada. — ela disse sorrindo.
Richard: É.
Alice: Amanheceu de mau humor?
Richard: Estou com dor doninha. E nem sei se seu plano de me drogar vai dar certo.
Alice: Reclamão. É a única saída que temos.
Não a respondo e começo a comer.
Richard: Sabe onde a Isa anda?
Alice: Acho que eu a vi no refeitório.
Richard: Poderia chamar ela pra mim?
Alice assente e sai do quarto. Minutos depois Isa entra no quarto e se senta na minha cama.
Isa: Como você está irmão?
Richard: Péssimo.
Isa: Deveria aprender a controlar esse seu gênio estourado, Rich.
Richard: Sem sermões Isa. Não estou aqui pra isso.
Isa: Certo. E pra que me chamou?
Richard: Alice vai trazer uma enfermeira para me dar morfina, assim possibilitando que eu consiga gravar o vídeo para a ADDF.
Isa: Ela contou pra gente isso.
Richard: Mas tenho certeza que eu não vou passar, é até inútil tentar.
Isa: Oh, oh, oh! Nem vem com esse papo. É claro que precisa tentar.
Fico em silêncio.
Isa: Que cara é essa Camacho? Eu detesto quando fica com essa expressão.
Richard: Não é nada não irmã.
Isa me encara por alguns segundos e balança a cabeça.
Isa: Fique bem Rich. Coloque a cabeça no lugar, vai precisar durante esse tempo que resta...
Ouço meu celular tocar e Isa pega ele pra mim.
Isa: Sua mãe. Quer atender?
Richard: Sim! Por favor.
Pego o celular da mão dela.
Isa: Vou deixar você a sós.
Assinto com a cabeça e atendo o telefonema.
📞 Richard: Mamãe.
Susanna: Rich! Me ligaram ontem para me avisar que tinha se machucado e é claro que você não poderia aproveitar seu último ano escolar sem arrumar briga e manchar seu histórico.
Richard: Se quer saber eu já estou melhor mamãe. Pode voltar para seu trabalho.
Susanna: Não sabe fingir Rich. Só me chama de mamãe quando está confuso e com dor. E como sou sua mãe, imagino que seja os dois.
Richard: Adivinhou.
Susanna: O sir. Delacroix me falou que você agrediu o Christopher Vélez, posso saber o motivo?
Richard: Alice o convidou para ir ao jantar da família dela, já que o tolo aqui não conseguiu comparecer. Não aceitei muito bem a substituição e fui atrás do Chris para tirar satisfação, acabamos discutindo e em seguida eu parti pra cima dele.
Susanna: Foi tirar satisfação com a pessoa errada Yashel. Conversou sobre isso com sua namorada?
Richard: Eu sei que ela não o convidou por mal, mamãe. Alice é gentil, a senhora ainda não a conheceu, mas quando isso acontecer vai compreende-la melhor.
Susanna: A única coisa que eu sei é que nesse momento você está com o pé doente e eu não estou ai pra cuidar. Além disso, já que sei que não se importa e que seu sonho pode ser interrompido por causa de uma atitude errada da sua ruivinha.
Richard: A culpa não foi dela, mamãe. Eu que fui pra cima do Christopher.
Susanna: Em prol a quem Richard?! Dela, dessa garota.
Richard: Eu gosto dela Susanna.
Susanna: Gosta mesmo? Será? Não quero discutir com você filho, mas será que vale a pena tudo o que tem passado por causa dessa garota? Você é tão jovem. Vocês são de mundos diferentes, ela nasceu e foi criada em meio ao luxo, tem papai para defender e tudo mais. Já você filho, nunca teve um pai para servir de exemplo de herói e além do mais, eu não podia me dar ao luxo de ficar em casa com você, ou se não passaríamos fome, sabe disso.
Richard: Eu sei.
Susanna: Desde dos seus 7 anos escutei você dizendo que queria ser dançarino e depois lecionar para crianças sem oportunidades, não se perca querido. O amor pode esperar o tempo que for, se o que dizem que sente é verdadeiro.
Richard: Não sei se eu disposta a perde-la mamãe.
Susanna: Não vai querido. Se ela amar você do tanto que você a ama, ela irá apoiar sua decisão.
Richard: Preciso desligar mamãe.
Susanna: Tudo bem meu amor. Estarei ai na sua formatura e espero que possa vim comigo para NY.
Richard: Te amo.
Susanna: Eu te amo mais.
Desliguei o celular e fiquei ali parado pensando.
Mais tarde Alice retornou e me ajudou a tomar um banho. Me vesti e fiquei aguardando a chegada da tal enfermeira. Quando a mesma chegou, preparou toda a dosagem de morfina e eu fiquei esperando acabar. O efeito foi quase instantâneo e eu tentei colocar meu pé no chão, mesmo com receio. Não senti dor nenhuma. Caminhei sem problemas até o estúdio, Lisa e o professor Vincent, já estava me esperando com tudo pronto.
Lisa: E ai Camacho? Pronto?
Richard: Já nasci pronto.
Comecei a me posicionar, mas Alice me interrompeu.
Alice: Tem uma galera que queria te dar apoio, eu permiti que eles viessem. Não me mata.
A porta se abriu e entrou, Agnes, Megan, Zabdiel, Joel, Erick, Isa e até o Christopher. Comecei a rir ao ver a cara dela, ao menos não foi só eu que me dei mal.
Todos: Boa sorte!
Agradeci e voltei a prestar atenção no posicionamento. O professor soltou a música e o o play do vídeo, eu e Lisa começamos a dançar. Eu estava muito envolvido com tudo. Com a dança. Com o internato. Com meus amigos. Com minha família e principalmente com Alice. Pude ver ela prestando atenção na dança, como se aquilo fosse importante pra ela também, talvez realmente fosse. Se eu conseguisse a bolsa iria para NY, ela iria comigo? Eu não sabia a resposta e enquanto não obtivesse uma resposta da ADDF, não decidiria nada do meu futuro, apenas aproveitaria o pouco tempo que me restava com aquelas pessoas, com o internato e com Londres.

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