POV ALICE
9 de março, ás 08:37.
Acordei mais tarde já que não iria tão cedo a editora por conta da reunião com o representante daqueles projetos no bairro carente. Me levantei e tomei banho, me arrumei e tomei o café. Pouco antes de sair escovei os dentes e passei um perfume.
Assim que cheguei ao escritório não houve demora, fiquei menos de 10 minutos na poltrona da recepção e já fui chamada.
Alice: Prazer eu sou... Richard? —disse quando percebi que quem estava sentado naquela poltrona.
Richard: Alice? O que faz aqui? — disse se levantando em estupor. -É você quem quer investir no bairro?
Alice: É o que parece.
Minha respiração estava agitada demais e eu precisava me concentrar. Que inferno, pensei.
Richard: Então por favor sente-se — ele voltou a se sentar e fiz o que ele pediu. — Pode me dizer sua proposta.
Alice: Minha proposta é ...
Contei tudo o que tinha em mente para o bairro, sem tentar transparecer o quão nervosa eu estava.
Rich: Entendi, e sendo sincero eu achei incrível — ele disse tentando sorrir. — Mas ainda assim preciso avaliar. Quando eu tiver a resposta minha secretária lhe enviará por e-mail.
Alice: Entendo perfeitamente. Obrigada.
Eu me levantei e apertei sua mão com receio claramente. Queria o mínimo de contato possível.
Assim que fechei a porta da sala dele, o ar ficou até mais leve e fácil de respirar. Saindo dali fui para a editora e estava claramente perdida.
Entrei na minha sala e Chris estava lá.
Chris: Viu um fantasma?
Alice: Não! Por que?
Chris: Está mais pálida que o normal.
Alice: Deve ser fome
Ele me olhou com cara de quem não acreditava, mas insisti na ideia e então ele disse que sairia para me comprar algo para comer.Eu aceitei e enquanto ele não voltava me encostei em minha mesa olhando para a janela imensa que havia ali, minha cabeça estava fervendo de pensamentos, pouco tempo depois ele estava de volta.
Chris: Como foi a reunião?
Alice: Ótima. — disse com um sorriso
Chris: Ele avaliou o projeto na hora? Aliás quem era o representante? Ele gostou da ideia?
Alice: Chris! Calma. Ele disse que avaliaria e me mandaria uma resposta por e-mail
Chris: Acha que ele vai aceitar?
Alice: Não sei, pode ser que sim ou pode ser que não.
Chris: Bem, vou te deixar trabalhar. Benji disse que vai vir aqui mais tarde.
Alice: Obrigada por me avisar.
Eu logo voltei minha atenção ao notebook e ele saiu. Foi em vão tentar fazer qualquer coisa aquele dia, não conseguia me concentrar em nada, mas tentei fazer o possível.
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Quando Benji chegou resolvemos algumas questões sobre os novos projetos da editora e depois ele veio pra casa comigo.
Benji: Então vai me contar o porquê está esquisita agora ou daqui a pouco? Está me enrolando desde que entrei na sua sala.
Alice: Não devia ter falado que te traria aqui pra conversar.
Benji: Qual é Lice, sabe que pode confiar em mim.
Alice: Eu vi o Richard. — disse largando a faca que eu usava para cortar os donuts que havíamos comprado no caminho.
Benji: E qual o problema? Você não tinha superado isso?
Alice: Eu acho que sim ou não. Eu não sei. Quer dizer eu acho que só acabei esquecendo.
Benji: Ainda sente algo por ele?
Alice: Quer dizer no sentido de ...
Benji: Você beijaria ele?
Alice: Não! — digo aflita. — Mas minha respiração muda, meu corpo sua e eu fico perdida.
Benji: Alice!
Alice: O que foi?
Benji: Você ainda se sente atraída por ele.
Alice: Eu não posso Benji, de novo não. — digo balançando a cabeça com veemência.
Benji: Você nunca parou de gostar do Richard. E pelo que eu sei só tomou coragem para ficar com Chris esse ano.
Alice: Esse é o problema Benji. Eu tenho tudo tão certo, a editora sempre melhorando, minha família ao meu lado, o Chris só me ajuda, porque tenho que ficar arrumando problema o tempo todo?
Benji: Porque você é viciada no problema. E Richard Camacho, minha amiga, é problema.
Ficamos em silêncio por um tempo e Benji logo voltou a falar.
Benji: Não adianta ficar fugindo. Resolva o problema, supere ele de uma vez. Se não sempre vai ser a mesma história.
Alice: E como se faz isso? — indaguei, já nervosa com os olhos marejados.
Benji: Ah não! Sem choro, sabe que eu choro junto
Alice: Eu não posso machucar o Chris de novo.
Benji: E não vai.
Ele me deu um abraço e ficamos conversando ainda por mais um tempo.
Quando anoiteceu pedimos comida pelo aplicativo e perto das 22h Benji foi embora. Eu tomei um banho e fui deitar, ainda encarando a estante de livros do meu quarto por um tempo.
No meio dos livros de capa preta havia um chamado "Meu vício", o escrevi quando ainda estava tentando superar o Rich. Acabei não publicando, mesmo que eu tivesse transformado todos em personagens fictícios e tivesse milhões de poesias ali dentro, eu sempre saberia seu verdadeiro significado. Até porque tinha vivido aquele livro. Não o publiquei por que pensei que assim meu passado me rodearia ainda mais.
Eu me levantei e o peguei para ler, já fazia muito tempo que não o lia. Fiquei ali deitada na cama virando e virando as páginas. Com o tempo e sem perceber acabei adormecendo.
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Meu Vício-CNCO
FanfictionO Colégio Interno Delacroix, famoso por toda a Europa, chega a Londres. Muito reconhecido pelos alunos exemplares, a cidade inteira logo se agitou com a notícia. É pouco o número de vagas para bolsas, comparado a quantidade de alunos interessados, m...